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Heróico e com frango, Flu segura o Boca e empata
Thiago Neves conta com ajuda do goleiro, e seu time obtém fora o direito de empatar no jogo de volta da Libertadores
Boca Juniors 2
Fluminense 2
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em sua literatura de futebol,
Nelson Rodrigues (1912-1980)
creditava os gols mais impossíveis do time do Fluminense à
alma penada tricolor chamada
Sobrenatural de Almeida. Depois de ontem, o mais crédulo
tricolor dirá que a entidade fez
sua mais longa viagem, decretando um 2 a 2 com um frango
de Migliore, do Boca Juniors,
no Cilindro de Avellaneda.
Fato é que, se não dominou a
partida, o Fluminense jamais
se deixou asfixiar pela fama do
Boca, a não ser no início do segundo tempo. Contou com a
sorte de Thiago Neves no gol e,
depois, resistiu bravamente.
O Boca começou a partida
impetuosamente, enquanto o
Fluminense se defendia com
algum nervosismo e tentava
partir para o contra-ataque.
Mas, afobado, errava muitos
passes e garantia aos argentinos mais chances de ataque.
Aos 12min, o gol azul e ouro
apareceu. Palacio recebeu lançamento dentro da área e cruzou da direita para Riquelme,
que apenas completou.
O volante Arouca tinha a responsabilidade de marcar o habilidoso Román Riquelme, mas
a verdade é que o Boca não se
resume a esse jogador. Há Palacio e Dátolo, velozes e criativos,
cujos espaços precisam ser diminuídos, e essa lição o time de
Renato Gaúcho, que se exasperava à beira do campo, deve levar ao Maracanã, na quarta.
O Boca, por sua vez, aprende
aquilo que o próprio São Paulo
já tinha visto: a incrível capacidade de reação que o Fluminense tem exibido nesta Libertadores. Apenas três minutos
depois de sofrer o gol, o time carioca empatou a partida.
Numa cobrança de falta de
Thiago Neves, pela direita, o zagueiro Thiago Silva cabeceou
sem chances para Migliore, que
até então não tinha feito nenhuma defesa na semifinal.
A partir desse gol, o primeiro
do Fluminense marcado em
terras argentinas por competições oficiais, o time de Renato
Gaúcho ganhou em personalidade e não se deixou acuar.
O Boca foi melhor em todo o
primeiro tempo e teve chances
de desempatar com Chávez (na
trave), Palermo e Dátolo (ambas para fora). Aos 47min, porém, o Flu quase virou.
Numa tabela com Thiago Neves, Júnior César recebeu dentro da área e chutou cruzado,
sem ver que o Washington fechava na segunda trave.
No segundo tempo, foi a vez
de Fernando Henrique: salvou
cabeçadas de Palermo e Paletta
e desviou chute violento de
Chávez. Não esperava, porém,
com o desvio de cabeça de Romeu em falta cobrada por Riquelme, aos 20min. Era 2 a 1.
Mas, em chute de fora da
área, Thiago Neves contou com
a mão de manteiga de Migliore
para comemorar. Providenciada por Sobrenatural de Almeida ou não, ela dá ao Fluminense
a chance de ir à final com 0 a 0
ou 1 a 1 no Maracanã. O Boca
precisará vencer, e novo 2 a 2
provoca decisão nos pênaltis.
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