São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2008

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FUTEBOL

Inalcançável

O hepta do Independiente na Libertadores, uma dessas marcas "inatingíveis", está ainda perto de ser superado

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

ERA GAROTO ainda e ouvia falar de um tal Juan Fangio, um argentino pentacampeão da F1, de um certo Boston Celtics, 16 vezes campeão da NBA, do Fluminense, rei de Copas São Paulo júnior, outro penta ""inatingível", e de alguns outros mitos que construíram marcas que demorariam décadas para serem suplantadas (se é que seriam).
Já amante do futebol internacional, olhava os maiores campeões de cada disputa e achava muito estranho um tal de Independiente ter sete títulos da Libertadores. Era um absurdo aquilo, pois quase todos os grandes clubes brasileiros mal tinham uma conquista. O lendário Santos de Pelé, que me vendiam como o maior de todos os tempos, havia ganho ""só" duas Libertadores.
Escrevo após o ótimo 2 a 2 entre Boca e Fluminense, mas, coerente, sigo com o que cravei há meses: o time da Bombonera é o favorito único para a atual Libertadores. ""Libertadores começa com clubes brasileiros muito bem falados, mas nenhum deles é favorito, e o cenário é duro", aparecia no subtítulo desta coluna no dia 14 de fevereiro. Não será, potencialmente, só mais um título do Boca (se é que minha boca não me trairá). Seria o sétimo, o que igualaria o inalcançável Independiente.
A Conmebol já mostrou em sua página na internet a surpresa com o cenário semifinal, que traz apenas um detentor do mais cobiçado troféu da América. Perto do Boca, os outros times parecem fichinha, com todo respeito ao América, um dos dois gigantes mexicanos, e ao Flu, ainda ""Rei do Rio" e hoje heróico.
A ascendente LDU é perigosa, sem dúvida, porém não parece ser um obstáculo poderoso o suficiente para impedir essa obsessão que é o hepta do Boca, que viraria de vez o "Rey de Copas" deste continente.
O Independiente construiu seu hepta muito rapidamente, ajudado pelo antigo regulamento que deixava o campeão na boca da final seguinte. No tetra 1972/1975, o time de Avellaneda fez um total de 33 jogos, tendo a chance de uma partida de desempate na decisão. O Boca pode selar seu quinto título desde 2000 fazendo nesse penta contemporâneo 40 partidas só de mata-mata (sem desempate, que, em tese, dá uma chance a mais para o melhor).
O hepta virtual do Boca seria ainda mais louvável por ser construído numa época em que uma esquadra brasileira (e outra argentina) entra na luta com mais sede pelo troféu do que as turmas dos anos 60, 70 e 80. E ainda apareceram os mexicanos.
O Flu pode transformar esta coluna em pó? Não, pois o hepta do Boca é questão de tempo. Se não for neste ano (o Boca fora é fogo), vai ser em breve. Quando estava em Moscou acompanhando a final da Copa dos Campeões ao lado de vários argentinos, a heróica classificação do Fluminense só aumentou a confiança xeneize no hepta. Quem tem Boca...


rbueno@folhasp.com.br

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