São Paulo, sexta-feira, 29 de maio de 2009

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Promessas de governo e COB adiam fim de Diego

Ginasta atua na Rússia após refutar salário oferecido por confederação

Atleta, que teve proposta para ser deputado, agarra-se a contato de dirigentes para desistir de sair do esporte no momento em que o domina


CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após ameaçar largar o esporte devido à falta de patrocínio e de salário, o ginasta Diego Hypólito se agarra às promessas de COB e Ministério do Esporte para voltar a competir.
Garantias apenas verbais, e que vieram só após o atleta reclamar em rede nacional, foram o suficiente para convencer o ginasta a atuar na Copa do Mundo em Moscou (Rússia), que ocorre hoje e amanhã -a etapa terá ainda a presença de Arthur Zanetti, Sérgio Eras, Ethiene Franco e Bruna Leal.
"Viajei porque o [presidente Carlos Arthur] Nuzman garantiu que o COB me ajudará. Confio na palavra dele, mas não assinei ainda", afirma o ginasta.
Segundo comitê, foi proposto ao atleta o desenvolvimento de um projeto com base nas "ciências do esporte", nos moldes de um já implantado na vela, que conta com verba da Lei Piva e parcerias com universidades.
A insatisfação do atleta chegou ao ápice após ter recebido a proposta de salário da Confederação Brasileira de Ginástica por fazer parte da seleção.
"Foi ridículo. Para um atleta do meu gabarito, foi uma vergonha. Iriam baixar meu salário em relação ao do ano passado. Se era para ser assim, que me mandassem embora. Por isso não assinei nada", desabafa.
Ouvida pela Folha, a CBG diz não ter alterado os critérios de definição do salário. Para a entidade, a queda se explica no fato de Diego não ter o patrocínio pessoal da Caixa Econômica Federal. "O salário é 50% Lei Piva, 50% Caixa. Em 2008, ele tinha ainda mais o montante do patrocínio pessoal, que ainda não foi renovado", informa.
Apesar de ter voltado atrás quanto a desistir de atuar na Rússia, Diego acredita que seu resultado pouco ajudará para atrair patrocinadores. "Nunca cheguei a um torneio com esse sentimento. Nem nas piores contusões ou nas piores derrotas, pensei em largar tudo."
A briga do ginasta com as finanças, iniciada após o tombo na final olímpica e a perda de pelo menos R$ 40 mil mensais com saída de patrocinadores, ocorre no momento em que ele domina o circuito mundial.
Ele soma três ouros e duas pratas que o tornaram o primeiro ginasta do país na história a liderar, de uma só vez, dois ranking mundiais: solo e salto.
Apesar da chance de ampliar seu domínio na modalidade, ele cita que o torneio adiou encontro com o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., que será no dia 4. "Eles me ligaram. Pena que ministério e COB só tenham feito isso após eu reclamar na mídia. Vamos ver se algo muda ou terei que dar novo rumo à minha vida", diz.
Rumo que alguns já almejam em outro ramo. "Não revelo o partido, mas recebi convite para ser candidato a deputado estadual", declara o ginasta.
Ele declinou do convite, mas não descarta treinar no exterior. "Lá fora, bicampeão mundial, como eu, é motivo de orgulho para um clube. Mas, no Brasil, é só ver o que ocorreu no Flamengo [que lhe deve seis meses de salários de 2008]."


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