São Paulo, sábado, 29 de maio de 2010

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JOSÉ GERALDO COUTO

Futebol e sexo


O problema é o estilo papai-mamãe da equipe do técnico Dunga dentro de campo


É IMPOSSÍVEL deixar de falar de sexo, depois que Maradona e Dunga manifestaram posições bem diferentes sobre o assunto, no tocante ao comportamento de seus comandados durante a Copa.
Pode-se pensar até numa correlação automática, demasiado fácil, entre estilos de jogo e modelos de comportamento. Maradona convocou seis atacantes e liberou o sexo. Já Dunga, com seus seis volantes, mostra-se mais cauteloso tanto dentro quanto fora de campo.
De acordo com o treinador brasileiro, não é todo mundo que gosta de sexo, o que me fez lembrar de uma frase do Millôr: "De todas as perversões sexuais, a mais esquisita é a abstinência".
Maradona, por sua vez, nos promete ("ameaça" talvez seja o termo mais apropriado) comemorar pelado um eventual título argentino. Desta vez o que vem à memória é uma célebre foto do craque argentino, nu no vestiário, quando ainda era jogador. Diante do tamanho reduzido do equipamento do "Pibe" (compreensível, nas circunstâncias pós-jogo), um jornal popular brasileiro estampou a legenda cruel: "Bom de bola, ruim de taco".
Ao futebol papai-mamãe da seleção de Dunga, será que a Argentina estaria prestes a exibir uma variedade de opções digna de um Kama Sutra? Isso é pouco provável. A Holanda e a Espanha parecem hoje mais dotadas de recursos nesse departamento.
Sempre que volta à baila o assunto "sexo na concentração", como ocorreu nesta semana na seleção brasileira e no Santos, vale lembrar o sábio João Saldanha, cultor do jogo de cintura dentro e fora das quatro linhas.
Saldanha chegava a acobertar as fugas de seus comandados da concentração. Só os proibia de trocar de mulher numa semana pré-jogo, argumentando que "homem, quando arranja mulher nova, quer mostrar serviço e acaba tendo um desgaste maior".
Mas, mesmo essa regra, podia ter exceção. Uma vez, Ado, goleiro reserva da seleção brasileira de 1969-70, saiu com uma garota nova na véspera de uma partida. Saldanha o interpelou, e o guarda- -meta se defendeu: "Eu sei que errei, seu João, mas a mulher era um avião". Saldanha, então, perdoou o deslize: "Afinal, era um avião".
Romário dizia que uma noite de sexo antes de uma partida o fazia entrar em campo "levinho". O corintiano Neto confessa que se masturbava no vestiário para baixar a tensão pré-jogo. Em suma, cada um lida com o sexo como quer ou como pode. São todos adultos e deveriam ser tratados como tal.

jgcouto@uol.com.br


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