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Em casaApós anos turbulentos, Alonso se diz em paz na Ferrari, elogia Massa, desdenha de Hamilton e diz que, se o time pedir, cede passagem 0 na pista
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A ISTAMBUL
Desde o começo do ano,
Fernando Alonso dorme
tranquilo. Após a polêmica
passagem pela McLaren e a
volta à Renault, o bicampeão
diz ter encontrado paz em
seu novo lar, a Ferrari.
Aos 28 anos, com dois títulos mundiais e considerado
um dos melhores pilotos da F-1, o espanhol não traça planos. Quer viver o presente.
"Correr pela Ferrari era a peça que faltava na minha carreira", afirmou Alonso à Folha em Istambul.
"Sempre tive sorte e estive
no lugar certo na hora certa.
Vivi uma fase bonita na Renault, com dois títulos, e depois passei um ano na McLaren e outros dois na Renault
sem títulos, mas foram anos
positivos para mim como
pessoa e como piloto."
Confiante na pista, Alonso
deixa transparecer uma mistura de timidez e insegurança nos 30 minutos de conversa no motorhome do time
que o contratou em setembro
de 2009. Com os cabelos desgrenhados, uniforme vermelho e relógio maior que seu
pulso, responde às perguntas evitando contato visual.
Mas ainda assim fala de
Felipe Massa, a quem elogia,
Lewis Hamilton, de quem diz
querer distância, da chance
de ter fechado com a Red
Bull e do medo de aranhas.
Folha - Chegar à Ferrari encerra um ciclo para você?
Fernando Alonso - Sim, é o
máximo objetivo que existe
para um piloto. Para mim, essa chance chegou agora. E,
após conhecer o time por
dentro, ir a qualquer outro
lugar é dar um passo atrás.
Você poderia ter assinado
com a Red Bull, não?
Eu poderia ter assinado
com muitas equipes [risos].
Como é trabalhar ao lado de
Felipe Massa?
Tem sido muito bom, foi
uma grata surpresa. Felipe é
muito rápido, trabalhador e,
nos finais de semana de GP,
ele é sempre o primeiro a chegar às reuniões e o último a
sair. E passa muito tempo na
fábrica. Como seu estilo de
guiar é diferente do meu, é
um aprendizado para nós.
Quando ele faz uma curva
bem, posso ver o que faz e vice-versa, são duas maneiras
de fazer a mesma coisa.
Você parece feliz...
Sim, estou muito contente
na equipe e como as coisas
vão indo. Nos fins de semana
de corrida, é mais difícil expressar suas emoções, mas,
quando chego em casa, estou
muito feliz. Durmo tranquilo.
Quando foi para a McLaren
disse que era a realização de
um sonho. Na Ferrari, idem.
Sim, quando cheguei à
McLaren, tinha toda a ilusão
do mundo, após dois títulos... Desde pequeno, meu
kart tinha as cores da McLaren. Mas a equipe não tinha
nada a ver com meus sonhos.
Na Ferrari, é o contrário, é
mais do que esperava.
Dividiria uma equipe novamente com Lewis Hamilton?
Se eu pudesse, não. Se ele
vier um dia para a Ferrari e eu
estiver aqui, que venha. Mas
não acho que isso vá ocorrer.
O que você tem de diferente
dos outros pilotos?
Não sei. Somos competitivos, não gostamos de perder,
mas cada um é diferente.
Tento trabalhar no limite, dar
100% de mim seja em treino,
corrida ou na fábrica. Isso faz
diferença. E sou constante.
Você é o melhor piloto hoje?
Difícil dizer. O importante
é ser o melhor após 19 corridas, em 19 circuitos diferentes, em 19 circunstâncias diferentes. Mas acho que cada
um se acha o melhor.
Algo o irrita mais que perder?
[Silêncio] Não.
Se pedirem que ceda passagem a alguém, você fará isso?
Se minha equipe pedisse,
sim. Certamente sim se for
para o bem do time. Mas, se
fosse para um rival, não.
Até quando você se vê na F-1?
Não sei. Três anos. Cinco.
Sete. Depende de quão bem
eu esteja. Não penso no dia
que acabará. Nem sei o que
gostaria de fazer. Se fizer um
bom presente, o futuro virá.
Você se arrepende de algo?
Se eu pensar, sim. Mas, na
minha carreira, de nada.
Mesmo do meu ano na McLaren, não me arrependo. Isso
me tornou um piloto melhor.
É verdade que tem medo de
aranha?
Não sei se é medo. Não
gosto de aranhas. Se vejo
uma, evito ficar perto.
Qual seria seu carro ideal?
Está por vir. Virá nos próximos GPs. E será vermelho.
Leia a íntegra da entrevista
folha.com/es742517
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