São Paulo, sábado, 29 de maio de 2010

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Em casa

Após anos turbulentos, Alonso se diz em paz na Ferrari, elogia Massa, desdenha de Hamilton e diz que, se o time pedir, cede passagem 0 na pista

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A ISTAMBUL

Desde o começo do ano, Fernando Alonso dorme tranquilo. Após a polêmica passagem pela McLaren e a volta à Renault, o bicampeão diz ter encontrado paz em seu novo lar, a Ferrari.
Aos 28 anos, com dois títulos mundiais e considerado um dos melhores pilotos da F-1, o espanhol não traça planos. Quer viver o presente.
"Correr pela Ferrari era a peça que faltava na minha carreira", afirmou Alonso à Folha em Istambul.
"Sempre tive sorte e estive no lugar certo na hora certa.
Vivi uma fase bonita na Renault, com dois títulos, e depois passei um ano na McLaren e outros dois na Renault sem títulos, mas foram anos positivos para mim como pessoa e como piloto."
Confiante na pista, Alonso deixa transparecer uma mistura de timidez e insegurança nos 30 minutos de conversa no motorhome do time que o contratou em setembro de 2009. Com os cabelos desgrenhados, uniforme vermelho e relógio maior que seu pulso, responde às perguntas evitando contato visual.
Mas ainda assim fala de Felipe Massa, a quem elogia, Lewis Hamilton, de quem diz querer distância, da chance de ter fechado com a Red Bull e do medo de aranhas.

Folha - Chegar à Ferrari encerra um ciclo para você?
Fernando Alonso - Sim, é o máximo objetivo que existe para um piloto. Para mim, essa chance chegou agora. E, após conhecer o time por dentro, ir a qualquer outro lugar é dar um passo atrás.

Você poderia ter assinado com a Red Bull, não?
Eu poderia ter assinado com muitas equipes [risos].

Como é trabalhar ao lado de Felipe Massa? Tem sido muito bom, foi uma grata surpresa. Felipe é muito rápido, trabalhador e, nos finais de semana de GP, ele é sempre o primeiro a chegar às reuniões e o último a sair. E passa muito tempo na fábrica. Como seu estilo de guiar é diferente do meu, é um aprendizado para nós. Quando ele faz uma curva bem, posso ver o que faz e vice-versa, são duas maneiras de fazer a mesma coisa.

Você parece feliz...
Sim, estou muito contente na equipe e como as coisas vão indo. Nos fins de semana de corrida, é mais difícil expressar suas emoções, mas, quando chego em casa, estou muito feliz. Durmo tranquilo.

Quando foi para a McLaren disse que era a realização de um sonho. Na Ferrari, idem.
Sim, quando cheguei à McLaren, tinha toda a ilusão do mundo, após dois títulos... Desde pequeno, meu kart tinha as cores da McLaren. Mas a equipe não tinha nada a ver com meus sonhos. Na Ferrari, é o contrário, é mais do que esperava.

Dividiria uma equipe novamente com Lewis Hamilton?
Se eu pudesse, não. Se ele vier um dia para a Ferrari e eu estiver aqui, que venha. Mas não acho que isso vá ocorrer.

O que você tem de diferente dos outros pilotos?
Não sei. Somos competitivos, não gostamos de perder, mas cada um é diferente. Tento trabalhar no limite, dar 100% de mim seja em treino, corrida ou na fábrica. Isso faz diferença. E sou constante.

Você é o melhor piloto hoje?
Difícil dizer. O importante é ser o melhor após 19 corridas, em 19 circuitos diferentes, em 19 circunstâncias diferentes. Mas acho que cada um se acha o melhor.

Algo o irrita mais que perder?
[Silêncio] Não.

Se pedirem que ceda passagem a alguém, você fará isso?
Se minha equipe pedisse, sim. Certamente sim se for para o bem do time. Mas, se fosse para um rival, não.

Até quando você se vê na F-1?
Não sei. Três anos. Cinco. Sete. Depende de quão bem eu esteja. Não penso no dia que acabará. Nem sei o que gostaria de fazer. Se fizer um bom presente, o futuro virá.

Você se arrepende de algo?
Se eu pensar, sim. Mas, na minha carreira, de nada. Mesmo do meu ano na McLaren, não me arrependo. Isso me tornou um piloto melhor.

É verdade que tem medo de aranha?
Não sei se é medo. Não gosto de aranhas. Se vejo uma, evito ficar perto.

Qual seria seu carro ideal?
Está por vir. Virá nos próximos GPs. E será vermelho.

Leia a íntegra da entrevista
folha.com/es742517


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