São Paulo, sábado, 29 de junho de 2002

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Separação gera "clima de velório" entre atletas

DOS ENVIADOS A YOKOHAMA

Em meio à euforia pela decisão da Copa contra a Alemanha, surgiu na seleção brasileira um certo "clima de velório".
Do técnico Luiz Felipe Scolari aos dois únicos reservas que não entraram em campo, o time faz loas ao clima de união criado em quase 50 dias de convivência e lamenta o fato de ter de se separar ao final do Mundial.
"Eu queria que vocês [jornalistas" entrassem na concentração e pudessem passar um dia com a gente para ver o que está acontecendo ali. Quando eu chegar na terça-feira ao Brasil, vou sentir saudades desse grupo. Porque, sinceramente, é um grupo que só fez coisas boas e que tem uma amizade enorme", afirmou o lateral-esquerdo Roberto Carlos.
"Todo mundo está sentindo falta da família, mas esse ambiente diminui um pouco a saudade", completou o jogador, um dos remanescentes de 1998, ao afirmar que o atual grupo é ainda melhor que o da Copa da França.
"A gente procura não lembrar 98, que foi uma coisa negativa. Este grupo está sendo mais amigo do que aquele. Talvez pelo fato de ter mais jogadores jovens o clima esteja mais descontraído, mais alegre", declarou o atacante Denílson, que também fez parte da seleção de Zagallo.
O meia Ricardinho, o último a se incorporar ao time brasileiro nesta Copa -ele foi convocado após o corte de Emerson, que se contundiu às vésperas da estréia-, se disse impressionado com a diferença em relação à realidade de um clube.
"Essa integração foi criada muito rápido. Às vezes num clube demora seis meses, um ano, para se chegar ao que conseguimos aqui. Vamos sentir saudades", afirmou o jogador do Corinthians.
Até o goleiro Rogério, que nem pisou em campo, incorporou as lamúrias pela separação.
"Pude observar nestes últimos seis anos, desde que servi à seleção pela primeira vez, em 96, que este é o pessoal mais unido. Para você conviver 50 dias sem ter um problema sério, realmente tem que ser um grupo muito bom", afirmou o são-paulino.
Pelas declarações, Scolari parece ter conseguido formar a "família" que desejava na seleção.
Em 46 dias com os jogadores, o treinador, entusiasta do emprego da psicologia no futebol, conversou separadamente com cada um e, durante os treinos, deixou sempre aberta a possibilidade de mudar o time titular.
Segundo os próprios atletas, a estratégia de formar um grupo "sem titulares" deixou a seleção o tempo todo motivada.
Dos 23 convocados, só os goleiros Dida e Rogério, reservas de Marcos, não foram colocados em campo nesta Copa.
"Não estamos contando os dias que faltam para o jogo. Estamos considerando esses dias como uma perda, porque não teremos mais o ambiente que formamos aqui", disse Scolari anteontem. (FV, FM, JAB, PC E SR)


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