São Paulo, sábado, 29 de junho de 2002

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ALEMANHA

Com 5 gols de cabeça, atleta desdenha de artilharia

Klose afirma que vai usar os pés para decidir

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ROBERTO DIAS
ENVIADOS ESPECIAIS A YOKOHAMA

Se não estivesse defendendo a Alemanha, poderia estar vestindo a camisa da Polônia.
No final de 2000, Miroslav Klose, 24, o artilheiro alemão no Mundial, foi sondado pelos poloneses, que queriam contar com seu futebol nas eliminatórias.
O atacante, afinal, tem dupla nacionalidade. Nasceu em Opole, na Polônia, e só foi morar na Alemanha quando estava para completar dez anos de idade. Acabou dizendo não à seleção polonesa. Preferiu aguardar a oportunidade de um dia, talvez, ser chamado para defender a equipe alemã.
Não teve de esperar mais de três meses. E logo de cara, ao pegar a Albânia pelas eliminatórias, marcou um gol. Chegou à Copa-2002 ""bem desacreditado", conforme ele próprio descreveu a uma emissora de TV inglesa, e deixa o torneio ""consagrado".
""A experiência aqui valeu demais. Não cheguei como um Ronaldo, um Rivaldo ou um Zidane. Cheguei como um desconhecido fora da Alemanha e volto para casa com o reconhecimento de todos, dos meus compatriotas e, principalmente, de quem não sabia do meu potencial."
Autor de cinco gols no Mundial, todos eles de cabeça, Klose diz não estar preocupado em superar Ronaldo ou Rivaldo e em se tornar o artilheiro do torneio. O título seria o mais importante.
""Independentemente de quem vencer, alemães e brasileiros já são campeões. Todos apostavam em França e Argentina, mas chegaram lá Alemanha e Brasil. Superar as dificuldades para chegar ao topo não é para qualquer um", afirmou o atacante.
Klose diz estar mais convicto do que nunca de que acertou ao trocar a Polônia pela Alemanha. ""Tenho duas nacionalidades, mas no futebol tenho uma só: a alemã. Foi na Alemanha que eu me desenvolvi e onde realmente me tornei jogador. Não poderia nunca vestir outra camisa."
Ex-carpinteiro, o atacante, filho de um ex-jogador de futebol polonês e de uma ex-jogadora de handebol, que disputou 82 partidas pela seleção feminina da Polônia, iniciou carreira no Blaubach, um clube alemão de bairro.
No final dos anos 90, chegou ao Kaiserslautern, onde iniciou como amador até ter sua grande oportunidade na temporada 2000/2001. Com nove gols, foi o artilheiro do time, despertando o interesse dos poloneses e, em seguida, dos próprios alemães.
Na temporada seguinte, destacou-se ainda mais e voltou a ser o principal goleador da equipe, agora com 16 gols.
Apesar de não ser ""gigante" -tem 1,82 m-, é considerado especialista em lances de bola alta. Mas não é assim que pensa em marcar contra o Brasil.
""Chuto com os dois pés e sou tão bom com eles como sou com a cabeça." No domingo, diante do Brasil, tentará provar sua teoria.


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