São Paulo, sexta-feira, 29 de junho de 2007

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Seleção muda discurso após a estréia

Antes do jogo contra o México, vencer era o que importava, "mesmo jogando mal", depois, perder "jogando bem" serve

"Só não conseguimos fazer o gol", animou-se Dunga, cujo time precisará bater o Chile no domingo para não se complicar na Copa América


Antônio Gaudério/Folha Imagem
Amparado por membros do estafe da seleção, Fred, que foi cortado na noite de ontem, chega ao hotel da equipe na Venezuela


RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A PUERTO ORDAZ

Antes da estréia na Copa América: ""O que importa é vencer, mesmo jogando mal". Depois dela: ""Perdemos, mas jogando bem, o que é importante". A seleção brasileira está unida no discurso. Foi assim no período de treinos em Puerto La Cruz e foi assim após cair diante do México anteontem por 2 a 0 em Puerto Ordaz.
Mas o discurso é no mínimo incoerente. O técnico Dunga e todos os jogadores que falaram com a imprensa mostravam tranqüilidade após o tropeço e exaltavam a atuação da equipe, considerada até muito boa por alguns integrantes do elenco.
""O Brasil estava muito bem, conseguiu um gol que foi anulado [feito por Diego] e, depois, deu uma desestabilizada. Mas, no segundo tempo, ficamos 35 minutos no campo adversário. Só não conseguimos fazer o gol", disse Dunga, bem mais sereno do que quando se irritou ao falar de sua relação com agente de atletas.
Segundo o treinador, o time conseguiu fazer aquilo que é mais complicado, o que seria positivo. ""O mais difícil no futebol é criar. Nós fizemos isso. Tivemos várias oportunidades, fomos bem superiores", falou Dunga, lembrando um pouco a célebre frase de seu ex técnico Carlos Alberto Parreira de que ""o gol é um detalhe".
O time, que tem tido problemas ofensivos nos treinos, não balançou as redes nos dois últimos jogos -antes, ficara no 0 a 0 com a Turquia em amistoso.
Diego, meia que esteve em uma noite pouco inspirada anteontem, lamentou em especial o gol que marcou e que foi anulado incorretamente -ele não estava impedido. ""Não posso dizer que a minha atuação foi boa porque o time perdeu. Comecei bem como todos. Teve o gol anulado, mas, depois que sofremos os gols, sentimos um pouco. No segundo tempo, crescemos de novo. O time jogou bem", falou o ex-santista.
Anderson, meia-atacante que entrou bem na segunda etapa e que até pode começar jogando contra o Chile no domingo, elogiou tanto o primeiro quanto o segundo tempo do Brasil. ""O time estava bem até tomar os gols. E, depois, esteve bem no segundo tempo."
Robinho, melhor jogador brasileiro na partida, falou em ""falta se sorte". ""Não faltou garra nem empenho. Mostramos um futebol que nos dá condições de classificar. Ficamos chateados com a derrota. Preferia ter jogado mal e ganhado. Mas entraremos mais atentos no próximo jogo. Estamos no caminho certo. Faltou um pouco de sorte, mas o México teve méritos também."
O goleiro mexicano Ochoa, que nem jogaria a princípio (seria Sánchez), foi muito elogiado pelos brasileiros.
O Brasil ocupa neste momento a lanterna do Grupo B -não pontuou, assim como o Equador, que jogou bem contra o Chile e perdeu também. A situação não preocupa tanto o time porque até como terceiro da chave o Brasil pode se classificar. ""Temos que mentalizar que é preciso ganhar os dois jogos que faltam [Chile e Equador]", falou Dunga, que fez sua estréia em jogo de competição como treinador anteontem.
Gilberto Silva, capitão brasileiro, gostou da entrega da equipe. ""Buscamos o resultado até o fim. No segundo tempo, jogamos como queríamos. Foram apenas dois momentos de desatenção na primeira etapa. Não esperávamos esse resultado, mas temos tudo para reagir", falou o volante do Arsenal.
O lateral-esquerdo Gilberto, outro que teve atuação abaixo da crítica -o Brasil tem sofrido todos os seus gols na era Dunga pelo lado esquerdo da defesa-, resumiu o pensamento do grupo. ""Às vezes você joga mal e ganha. Às vezes você joga bem e perde. Foi o que aconteceu ontem [anteontem] com a gente."


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