São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TOSTÃO

Como era previsto


Nos contra-ataques e na jogada aérea, a seleção brasileira definiu a partida contra o Chile


ANTES DE a bola rolar, vejo no telão do estádio os jogadores no túnel se preparando para entrar em campo.
O que sente um atleta nesse momento decisivo e importante de sua carreira? Medo, principalmente. Medo de dar errado. Por causa da ansiedade, aumenta a transpiração, o batimento cardíaco, o rosto se contrai, e o jogador vai várias vezes ao banheiro para urinar de medo.
Antes de entrar em campo, como os jogadores dos dois times estão lado a lado, alguns não resistem e olham para os adversários, em uma mistura de curiosidade e apreensão.
É famosa a cena do filme da Copa de 1994, com Roberto Baggio olhando para Romário. Baggio deve ter pensado: "Como joga esse baixinho".
Gosto de assistir à partida em silêncio. De vez em quando, anoto alguma coisa. No final do jogo, tento explicar o inexplicável. Nenhum texto é suficiente para compreender a partida.
Como na vida, o jogo de futebol tem muitos acasos, mistérios e estranhezas. Além disso, como dizia o filósofo Garrincha, o problema é que nada foi combinado com o adversário.
Tudo o que ocorreu no jogo era o mais esperado. Foi uma repetição das duas vitórias anteriores do Brasil sobre o Chile.
O time chileno foi para o ataque, como era previsto, e o Brasil, como também era previsto, em dois belos lances de contra- -ataque e em uma jogada pelo alto, de escanteio, definiu a partida. O goleiro do Chile tem apenas 1,83 m, e o outro mais alto mede 1,81 m. É uma equipe muito baixa para enfrentar os grandalhões da seleção brasileira.
Nessa partida, o Brasil mostrou suas três grandes virtudes: o contra-ataque, a grande qualidade de seus defensores e a jogada aérea.
Todos atuaram bem, principalmente Lúcio e Juan, dois monstros, como disse Paulo Cobos. Daniel Alves, que tinha jogado mal contra Portugal, mostrou, ao lado de Kaká e Robinho, que tem mais talento do que Elano. Ramires também jogou bem, mas está suspenso no próximo jogo.
Brasil e Holanda farão um jogo igual. Qualquer resultado será normal.
A vantagem do Brasil é ter mais tradição. Isso aumenta a pressão para vencer. É positivo. Se o Brasil perder, será uma tragédia para o torcedor brasileiro. Se a Holanda perder, no máximo, vai diminuir o consumo da cerveja.


Texto Anterior: Luis Fabiano faz 5º gol em Johannesburgo
Próximo Texto: Desfalques preocupam a seleção
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.