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Hospício de Bielsa
De cócoras, técnico e assistentes orientam time com chiliques durante o jogo; depois, em entrevista, um educado treinador faz mea-culpa e elogia o Brasil
DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO
Não seria exagero dizer
que a comunicação entre o
banco de reservas e os jogadores do Chile na derrota para a seleção brasileira ontem
foi uma coisa de louco.
Explica-se: apelidado de
El Loco, o técnico Marcelo
Bielsa se posicionava de cócoras e não era o único a ter
chiliques na beira do campo
a cada lance do jogo, disputado em Johannesburgo.
Seus dois auxiliares, os
também argentinos Pablo
Quiroga e Eduardo Berisso,
ficavam assim como ele na
beira do gramado gritando
com os jogadores chilenos.
Quase sempre os três tentavam passar instruções ao
mesmo tempo, aparentemente sem hierarquia alguma -Berisso algumas vezes
parecia até mandar mais do
que o treinador Bielsa.
O quarto árbitro, responsável por checar o comportamento nos bancos de reservas, perdeu seguidas vezes a
paciência com a superpovoada área técnica chilena -em
alguns momentos os três juntos saiam dos limites dela e
eram repreendidos.
Enquanto isso, do lado
brasileiro, só Dunga dava ordens -fora ele, o banco brasileiro só se levantou para comemorar os três gols.
Na obrigatória entrevista
coletiva para os técnicos
após os jogos da Copa, o quase sempre agitado Bielsa ficou o tempo todo com a cabeça baixa, mas esbanjou elegância e "fair play" nas respostas aos jornalistas.
"O resultado foi justo, assim como nossa eliminação.
Talvez o placar pudesse ter
sido menor, mas não podemos negar a superioridade
do Brasil", falou Bielsa, que
por pelo menos três vezes
disse que não era a hora de
falar se continuaria no cargo.
Ele também se recusou a
apontar um jogador como
culpado pela derrota -a imprensa chilena se queixou do
rendimento ruim dos atacantes Alexis Sánchez e Humberto Suazo, apagados durante toda a Copa-2010.
"Avaliações individuais
públicas não são aconselhadas para um treinador. Isso
divide o grupo em vez de
unir", disse Bielsa, que ainda
fez um mea-culpa. "Não avaliamos direito a capacidade
do Juan na bola aérea. Colocamos nosso quarto melhor
cabeceador para marcá-lo."
Um dos raros treinadores
deste Mundial que dirige seu
time vestindo o agasalho da
empresa que patrocina a seleção, Bielsa disse que o gol
de Juan praticamente matou
sua equipe. "É muito difícil
quando você começa perdendo do Brasil. Aí eles encontram espaços e fica difícil
correr atrás."
(EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)
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