São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2010

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Otimismo... ...pero no mucho

Paraguaios confiam em boa fase de sua seleção, mas retrospecto faz a torcida manter os pés no chão

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO

Juan Gabriel Gomez vende produtos com o emblema e as cores da seleção do Paraguai na avenida Mariscal López, uma das principais de Assunção. Hoje, espera tanta procura quanto no último jogo, quando as vendas explodiram. Vendeu seis gorros.
Seu maior concorrente está na esquina seguinte, com um pouco mais de movimento. No varal estendido entre dois postes, Rogerio Maciel acha que o pico de vendas já passou. "No começo da Copa, as escolas pediram para as crianças irem às aulas com a camisa da seleção. Ali, vendemos bastante. Depois, ficou bem fraco", comenta.
Isso apesar de o Paraguai classificar-se em primeiro num grupo que tinha a atual campeã mundial, a Itália. Isso mesmo com o time prestes a enfrentar o Japão e tentando alcançar as quartas de final, seu melhor resultado em Copas. Isso até em Assunção, casa do Nacional, do Cerro Porteño, do Olímpia, do Guaraní, do Libertad...
A capital do Paraguai é a 17ª parada da série "Um Mundo Que Torce", a última nas Américas. Até agora, foram 97.189 km de viagem. Oito voltas na Terra em 27 voos por 18 companhias aéreas, para acompanhar como os países do Mundial estão seguindo a competição.
E, coincidência ou calo adquirido após fracassar nas oitavas em 1986, 1998 e 2002 sem marcar gol, nenhum dos países que avançaram da primeira fase mostravam tanta cautela quanto o Paraguai.
"Pode não parecer para você, mas estamos otimistas. É que este passo a mais ainda nos parece um sonho", admite Martin Maldonado, que trabalha em outro clube da cidade, o Centenario.
Pela manhã, ele estava no shopping Villa Morra, na área nobre de Assunção, acompanhando uma exposição de fotos com a história do Paraguai em imagens. Só ele.
Retratado em várias imagens da mostra, o ex-goleiro José Luis Chilavert, 44, um dos maiores ídolos da história do futebol paraguaio, é um dos raros que gritam otimismo na imprensa.
"Ponho todas as minhas fichas na albirroja contra os japoneses. O Paraguai joga num nível acima do Japão. Se mantivermos o estilo agressivo, aproveitando os chutes de fora da área e as bolas paradas, avançaremos", diz "Chila", que defendeu a sua seleção em duas Copas e hoje é comentarista do canal americano Univision.
O diário "Última Hora" exultou as qualidades de Honda, rival de hoje: "O atacante dos Samurais Azuis é um autêntico prodígio". O "ABC Color" escreveu que "a ilusão viajou para a capital", referindo-se ao fato de o time jogar hoje em Pretória após atuar em Polokwane, Bloemfontein e Cidade do Cabo.
Na avenida Mariscal López, Rogerio, o vendedor do varal, acompanhará com atenção redobrada. Uma vitória pode significar, enfim, novo boom nos negócios. Uma derrota mudará a estratégia comercial. "Aí, volto a vender óculos escuros", diz, riso aberto, dentes da frente faltando, antes de atender a um cliente que pergunta o preço e sai andando.


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