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Otimismo... ...pero no muchoParaguaios confiam em boa fase de sua seleção, mas retrospecto faz a torcida manter os pés no chão
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO
Juan Gabriel Gomez vende
produtos com o emblema e
as cores da seleção do Paraguai na avenida Mariscal López, uma das principais de
Assunção. Hoje, espera tanta
procura quanto no último jogo, quando as vendas explodiram. Vendeu seis gorros.
Seu maior concorrente está na esquina seguinte, com
um pouco mais de movimento. No varal estendido entre
dois postes, Rogerio Maciel
acha que o pico de vendas já
passou. "No começo da Copa, as escolas pediram para
as crianças irem às aulas com
a camisa da seleção. Ali, vendemos bastante. Depois, ficou bem fraco", comenta.
Isso apesar de o Paraguai
classificar-se em primeiro
num grupo que tinha a atual
campeã mundial, a Itália. Isso mesmo com o time prestes
a enfrentar o Japão e tentando alcançar as quartas de final, seu melhor resultado em
Copas. Isso até em Assunção,
casa do Nacional, do Cerro
Porteño, do Olímpia, do Guaraní, do Libertad...
A capital do Paraguai é a
17ª parada da série "Um
Mundo Que Torce", a última
nas Américas. Até agora, foram 97.189 km de viagem. Oito voltas na Terra em 27 voos
por 18 companhias aéreas,
para acompanhar como os
países do Mundial estão seguindo a competição.
E, coincidência ou calo adquirido após fracassar nas oitavas em 1986, 1998 e 2002
sem marcar gol, nenhum dos
países que avançaram da primeira fase mostravam tanta
cautela quanto o Paraguai.
"Pode não parecer para
você, mas estamos otimistas.
É que este passo a mais ainda
nos parece um sonho", admite Martin Maldonado, que
trabalha em outro clube da
cidade, o Centenario.
Pela manhã, ele estava no
shopping Villa Morra, na
área nobre de Assunção,
acompanhando uma exposição de fotos com a história do
Paraguai em imagens. Só ele.
Retratado em várias imagens da mostra, o ex-goleiro
José Luis Chilavert, 44, um
dos maiores ídolos da história do futebol paraguaio, é
um dos raros que gritam otimismo na imprensa.
"Ponho todas as minhas fichas na albirroja
contra os japoneses. O
Paraguai joga num nível acima do Japão. Se
mantivermos o estilo
agressivo, aproveitando os chutes de
fora da área e as
bolas paradas,
avançaremos", diz "Chila", que defendeu a
sua seleção em duas Copas e
hoje é comentarista do canal
americano Univision.
O diário "Última Hora"
exultou as qualidades de
Honda, rival de hoje: "O atacante dos Samurais Azuis é
um autêntico prodígio". O
"ABC Color" escreveu que "a
ilusão viajou para a capital",
referindo-se ao fato de o time
jogar hoje em Pretória após
atuar em Polokwane, Bloemfontein e Cidade do Cabo.
Na avenida Mariscal López, Rogerio, o vendedor do
varal, acompanhará com
atenção redobrada. Uma vitória pode significar, enfim,
novo boom nos negócios.
Uma derrota mudará a estratégia comercial. "Aí, volto a
vender óculos escuros", diz,
riso aberto, dentes da frente
faltando, antes de atender a
um cliente que pergunta o
preço e sai andando.
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