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FUTEBOL
Luiz Carlos Silveira Martins, o "Cacalo", atribui à "fase de transição" sequência de maus resultados do clube
'Nada é eterno', diz presidente do Grêmio
FÁBIO VICTOR
da Reportagem Local
Quando o árbitro Fabiano Gonçalves apitou o final da partida em
Caxias do Sul, anteontem, o presidente do Grêmio, Luiz Carlos Silveira Martins, o "Cacalo", respirou aliviado.
A vitória magra do seu clube, 1 a
0 sobre o Juventude, não diminuiu
a alegria do dirigente, que, de tão
ansioso, havia passado os minutos
finais do jogo dentro do vestiário,
"tomado pela ansiedade", como
ele mesmo define.
Sucessor de Fábio Koff (hoje presidente do Clube dos 13) no comando do clube gaúcho, Cacalo
vinha conseguindo manter a trajetória vitoriosa do seu antecessor
até um mês atrás, quando o Grêmio iniciou um sequência de 14 jogos sem vitória -interrompida
com a vitória do domingo.
Em entrevista à Folha, Cacalo
tenta explicar a má fase do clube e
faz uma promessa: "Vamos ser
campeões da Libertadores em 98".
Folha - Há muito não se via o
Grêmio passar tanto tempo sem
vencer. A que o sr. atribui a má fase do time?
Luiz Carlos Silveira Martins - É
uma fase de transição. O São Paulo
esteve mal no Paulista, trocou de
técnico, melhorou. O Palmeiras
não vem vivendo um bom momento. É algo que acontece com
qualquer grande clube. Não conheço nenhum time que ganhe tudo. Ninguém é campeão eterno.
Folha - O time campeão brasileiro de 96 foi todo desfeito. Paulo
Nunes, Émerson, Carlos Miguel e
Mauro Galvão, só para citar os
mais importantes, foram vendidos.
Como foi investido o dinheiro desses negócios, já que nenhum grande reforço foi contratado?
Cacalo - Recebemos cerca de
R$ 10 milhões com essas vendas.
Contratamos o (meia) Sérgio Manoel, por R$ 2,8 milhões, o atacante) Guilherme, por R$ 3 milhões, o (meia) Robert, por R$ 1,5
milhão, e o (volante) Otacílio, por
R$ 600 mil. Além disso, temos
muitas dívidas para saldar. O Grêmio não tem dinheiro sobrando,
mas não devemos a ninguém.
Folha - De qualquer forma, os reforços não parecem à altura dos
atletas que saíram. A torcida, pelo
menos, tem reclamado...
Cacalo - No início, quem acreditava no Paulo Nunes, que era reserva do Flamengo, no Émerson e
no Carlos Miguel, jogadores formados aqui? Não se faz um ídolo
em um dia, não é simples assim.
Folha - Os seus críticos alegam
que o sr. não vem tendo competência para dar sequência ao bom
trabalho do ex-presidente Fábio
Koff. O que o sr. responde?
Cacalo - Assumi o mandato em
26 de dezembro de 96. Três meses
depois, fomos tricampeões invictos da Copa do Brasil, garantindo
o time na Libertadores de 98. O
que eu poderia fazer mais?
Folha - O Grêmio demitiu o técnico Evaristo de Macedo e contratou
Hélio dos Anjos, este com estilo
disciplinador, semelhante ao de
Luiz Felipe Scolari, o treinador
mais vitorioso da história recente
do clube. Foi uma tentativa de reeditar o "estilo Scolari"?
Cacalo - Queríamos aumentar
o moral do grupo. Achamos que o
sistema do Hélio, que é parecido
com o do Felipe, era o que o melhor se adaptava à circunstância.
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