São Paulo, terça, 29 de julho de 1997.



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FUTEBOL
Luiz Carlos Silveira Martins, o "Cacalo", atribui à "fase de transição" sequência de maus resultados do clube
'Nada é eterno', diz presidente do Grêmio

FÁBIO VICTOR
da Reportagem Local

Quando o árbitro Fabiano Gonçalves apitou o final da partida em Caxias do Sul, anteontem, o presidente do Grêmio, Luiz Carlos Silveira Martins, o "Cacalo", respirou aliviado.
A vitória magra do seu clube, 1 a 0 sobre o Juventude, não diminuiu a alegria do dirigente, que, de tão ansioso, havia passado os minutos finais do jogo dentro do vestiário, "tomado pela ansiedade", como ele mesmo define.
Sucessor de Fábio Koff (hoje presidente do Clube dos 13) no comando do clube gaúcho, Cacalo vinha conseguindo manter a trajetória vitoriosa do seu antecessor até um mês atrás, quando o Grêmio iniciou um sequência de 14 jogos sem vitória -interrompida com a vitória do domingo.
Em entrevista à Folha, Cacalo tenta explicar a má fase do clube e faz uma promessa: "Vamos ser campeões da Libertadores em 98".

Folha - Há muito não se via o Grêmio passar tanto tempo sem vencer. A que o sr. atribui a má fase do time?
Luiz Carlos Silveira Martins -
É uma fase de transição. O São Paulo esteve mal no Paulista, trocou de técnico, melhorou. O Palmeiras não vem vivendo um bom momento. É algo que acontece com qualquer grande clube. Não conheço nenhum time que ganhe tudo. Ninguém é campeão eterno.
Folha - O time campeão brasileiro de 96 foi todo desfeito. Paulo Nunes, Émerson, Carlos Miguel e Mauro Galvão, só para citar os mais importantes, foram vendidos. Como foi investido o dinheiro desses negócios, já que nenhum grande reforço foi contratado?
Cacalo -
Recebemos cerca de R$ 10 milhões com essas vendas. Contratamos o (meia) Sérgio Manoel, por R$ 2,8 milhões, o atacante) Guilherme, por R$ 3 milhões, o (meia) Robert, por R$ 1,5 milhão, e o (volante) Otacílio, por R$ 600 mil. Além disso, temos muitas dívidas para saldar. O Grêmio não tem dinheiro sobrando, mas não devemos a ninguém.
Folha - De qualquer forma, os reforços não parecem à altura dos atletas que saíram. A torcida, pelo menos, tem reclamado...
Cacalo -
No início, quem acreditava no Paulo Nunes, que era reserva do Flamengo, no Émerson e no Carlos Miguel, jogadores formados aqui? Não se faz um ídolo em um dia, não é simples assim.
Folha - Os seus críticos alegam que o sr. não vem tendo competência para dar sequência ao bom trabalho do ex-presidente Fábio Koff. O que o sr. responde?
Cacalo -
Assumi o mandato em 26 de dezembro de 96. Três meses depois, fomos tricampeões invictos da Copa do Brasil, garantindo o time na Libertadores de 98. O que eu poderia fazer mais?
Folha - O Grêmio demitiu o técnico Evaristo de Macedo e contratou Hélio dos Anjos, este com estilo disciplinador, semelhante ao de Luiz Felipe Scolari, o treinador mais vitorioso da história recente do clube. Foi uma tentativa de reeditar o "estilo Scolari"?
Cacalo -
Queríamos aumentar o moral do grupo. Achamos que o sistema do Hélio, que é parecido com o do Felipe, era o que o melhor se adaptava à circunstância.



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