São Paulo, sábado, 29 de julho de 2000


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OLIMPÍADA
Nome de dirigente brasileiro é aprovado pela comissão executiva do comitê e precisa apenas ser referendado
Nuzman já é virtual membro do COI

ROBERTO DIAS
EDITOR-ASSISTENTE DE ESPORTE

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, praticamente se garantiu ontem como novo membro do Comitê Olímpico Internacional.
Sua candidatura ao COI recebeu o aval da comissão executiva da entidade, que é formada por 11 pessoas, entre elas o presidente, Juan Antonio Samaranch.
A rigor, com a indicação da comissão executiva, o nome de Nuzman será agora levado ao plenário da entidade, para ser avaliado pelos atuais 113 membros do COI.
Na prática, a eleição do brasileiro, assim como a dos outros 13 dirigentes nomeados ontem, será apenas referendada na sessão que acontecerá na Austrália, entre os dias 11 e 13 de setembro, já às vésperas dos Jogos de Sydney.
Segundo informou à Folha a assessoria de imprensa do COI, só haverá vetos caso, até lá, seja descoberta alguma irregularidade envolvendo um dos postulantes.
A preocupação procede: essa será a primeira nomeação de membros do COI depois do maior escândalo da história olímpica, que veio à tona no ano passado.
Com denúncias de suborno e mau comportamento, 11 membros do comitê foram investigados -desses, 4 acabaram expulsos, 6 renunciaram e 1 morreu.
Depois dos problemas, o COI pôs em andamento um plano de reformas, com o objetivo de tornar seu funcionamento mais transparente.
Abriu suas contas à imprensa e anunciou mudanças no processo de seleção dos membros.
Os nomes indicados agora não terão mais mandato vitalício, como os anteriores. Poderão ficar no cargo por no máximo oito anos, até a idade máxima de 70 anos e apenas enquanto mantiverem a função original (Nuzman, presidente do COB desde 1995, está com 58 anos).
Em Sydney, além da votação dos 14 dirigentes, oito atletas também se tornarão membros do COI.
A novidade: seu nomes serão escolhidos pelos 10,2 mil esportistas que estarão competindo nos Jogos Olímpicos.

Apoio
Lançada pelo próprio COB, a candidatura de Nuzman conta com um importante aliado: o mexicano Mario Vazquez Raña, presidente da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), entidade responsável pelos Jogos Pan-Americanos.
Nuzman deverá se tornar, assim, o segundo brasileiro membro do comitê. O outro é João Havelange, que presidiu a Fifa, entidade máxima do futebol, durante 24 anos -o atual presidente é Joseph Blatter.
O país tem ainda um membro honorário, o major Sylvio de Magalhães Padilha, que foi presidente do COB.
Embora os dirigentes do comitê não sejam considerados "membros do país no COI" -mas sim "membros do COI no país"-, a indicação de Nuzman confere vantagem ao Brasil, que passa a ser a única nação da América do Sul com dois votantes no comitê.
Argentina, Peru, Venezuela, Colômbia e Uruguai também têm membros olímpicos.
No processo de eleição de novos votantes em andamento, a etapa de ontem, em Lausanne (Suíça), era considerada a mais difícil.
Ao todo, 48 candidaturas foram analisadas pela comissão executiva antes de serem nomeados os 14 indicados.
O nome mais conhecido entre os escolhidos é o do presidente da Federação Internacional de Vôlei, o mexicano Rubén Acosta.
O grande barrado é o australiano John Coates, presidente do comitê olímpico de seu país e um dos responsáveis pela organização dos Jogos Olímpicos de Sydney.
Coates, no entanto, é visto com ceticismo em setores do Movimento Olímpico por ter confessado que ofereceu dinheiro a dois países africanos na noite anterior à eleição que escolheu Sydney como sede da competição deste ano.


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