São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007

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Terceiro

Brasil ganha 10 ouros, sua melhor marca em um único dia na história dos Jogos; feito, porém, é insuficiente para país realizar o sonho de superar Cuba

Jorge Araújo/Folha Imagem
Brasileiros celebram o primeiro lugar no revezamento 4 x 100 m


ADALBERTO LEISTER FILHO
PAULO COBOS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

O dia foi épico, mas acabou com o sabor amargo da realidade no esporte das Américas.
Puxado pelo atletismo, com quatro ouros, o Brasil teve o seu melhor desempenho em um único dia na história dos Pans. Em um sábado de chuva incessante no Rio de Janeiro, o país somou 11 medalhas douradas na penúltima jornada dos Jogos -não havia passado de seis em apenas um dia até agora.
Só que elas não foram suficientes para o Brasil atingir o que acabou virando o grande assunto esportivo do evento carioca. Cuba garantiu o segundo lugar no quadro de medalhas, deixando os brasileiros para trás -os EUA lideram fácil.
Mesmo com o desempenho mais fraco em décadas, os caribenhos foram bem no boxe, luta e atletismo e abriram uma vantagem intransponível.
A diferença deve cair hoje, já que os competidores locais são favoritos nos eventos derradeiros, como nas decisões de basquete e hipismo e na maratona. Flávio Saretta ainda disputa a final do tênis, adiada devido à chuva. A cerimônia de encerramento será no início da noite.
O Brasil fica, assim, atrás de um país que não tem 10% de sua população e, mesmo com a ajuda da Venezuela (foram repasses de cerca de R$ 75 milhões em 2006), está longe de receber o investimento que a Lei Piva e o patrocínio das estatais -quase R$ 200 milhões anuais- dão ao esporte brasileiro, que faz em casa o melhor Pan-Americano da sua história.
Tanto que conseguiu cumprir a meta do Comitê Olímpico Brasileiro: ficar em terceiro lugar -em Santo Domingo-03 foi quarto, atrás do Canadá.
Antes do início das provas de ontem, Cuba tinha uma vantagem de seis ouros. O Brasil teve desempenho abaixo do esperado na vela, na qual foi ao topo do pódio três vezes -esperava-se seis. Até o bicampeão olímpico Robert Scheidt falhou, levando prata na classe laser.
A ginástica rítmica contribuiu com dois ouros, o futsal com mais um, o vôlei com outro, e o atletismo com quatro.
Neste último esporte, por sinal, o país contou no sábado com uma diversidade rara.
Conseguiu a medalha de ouro no salto com vara, com Fábio Gomes da Silva, nos 3.000 m com obstáculos, com Sabine Heitling, no salto triplo, com Jadel Gregório, e no revezamento 4 x 100 m masculino.
Também acabou premiado com prata (Kleberson Davide) e bronze (Fabiano Peçanha) nos 800 m, prova de meio-fundo. No mesmo evento que consagrou Sabine, Zenaide Vieira foi bronze. Até no lançamento do dardo, que nunca foi especialidade nacional, o Brasil subiu ao pódio -bronze com Alexon dos Santos Maximiano.
"Esta é mais uma medalha para mim. Mas é a primeira deles", celebrou Vicente Lenílson, que formou o time do revezamento, agora tri no Pan, com Rafael Ribeiro, Basílio Emídio Morais Júnior e Sandro Viana.
"Esses dois títulos representam a evolução do salto com vara do Brasil", disse Fábio Gomes, referindo-se ao fato de o Brasil também ter ganho a prova feminina (Fabiana Murer).
Já são 22 medalhas no atletismo -há mais duas chances na maratona, hoje. A modalidade segue como a recordista de ouros para o Brasil em Pans, com folga (45), mas vai perder para a natação no número total de pódios (está 136 a 139).


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