São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2008

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VÔLEI

Fera ferida


A seleção masculina encara agora seu maior desafio, que é se curar das derrotas na Liga até a estréia na Olimpíada

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

UMA QUESTÃO ronda o mundo do vôlei: às vésperas dos Jogos de Pequim, como o Brasil vai lidar com as doloridas derrotas para EUA e Rússia na Liga Mundial, que deixaram a seleção pela primeira vez fora do pódio na era Bernardinho? Dessa resposta depende a sua trajetória na Olimpíada.
O time, que em Pequim pode se tornar o mais vitorioso do vôlei masculino, com dois títulos mundiais e dois olímpicos seguidos, deu uma informação perigosa aos adversários: eles podem bater o Brasil. Sérvia e Rússia, que havia muito não venciam a seleção, conseguiram.
Na Liga, o Brasil não mostrou sua grande qualidade, que maravilhou o mundo nos últimos sete anos: a imprevisibilidade nas jogadas. Na semifinal, foi presa fácil, com poucas bolas pelo meio. Os americanos ficaram com o bloqueio parado esperando as bolas rápidas nas pontas. A cena se repetiu na decisão do bronze. Resultado: contra EUA e Rússia, pontuou menos que os rivais no fundamento em que sempre deu show: o ataque. Fez 47 pontos, contra 60 dos russos. Diante dos americanos, a desvantagem foi de 43 a 38.
O que preocupa é que Marcelinho, que já tinha a árdua tarefa de substituir Ricardinho, terá pressão redobrada sobre ele. Ricardinho é um levantador que, mesmo sem passe, acelera o jogo e ousa. Marcelinho tem um estilo mais linear e sofre quando a recepção não funciona.
Nos dois últimos jogos do Brasil, ele não atuou bem. Foi substituído por Bruno, mais rápido. Resta saber como Marcelinho vai reagir. É importante que ele não fique inseguro, senão a situação pode se complicar.
A seleção cometeu muitos erros, grande parte pela opção de forçar mais o saque. Contra os EUA, foram 23 (15 só de saque). Quase um set. É muita coisa. Para complicar, os centrais Gustavo e André Heller jogaram bem abaixo do que poderiam. A seleção terá agora seu maior desafio: curar as feridas até 10 de agosto, dia da estréia em Pequim. Para encerrar, um aviso: esta coluna não será publicada nas próximas três semanas. Só volta depois da Olimpíada. Até lá.

OS LEVANTADORES
A decisão da Liga Mundial mostrou a força dos levantadores. Os Estados Unidos chegaram ao inédito título contando com atuações perfeitas de Lloy Ball, 36 anos. Ele foi eleito, com merecimento, o melhor jogador da Liga. A vice-campeã, a Sérvia, contou com Nikola Grbic, 34 anos, que também deu show na fase final.

SURPRESA ITALIANA
O técnico da Itália, Massimo Barbolini, resolveu inovar. Decidiu levar a Pequim duas líberos: Paola Cardullo e Paola Croce. Uma delas, Cardullo, será a líbero oficial. A outra ficará no banco como opção para o fundo de quadra.

cidasan@uol.com.br


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