São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2008

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Pequim 2008/Atletismo

Vitória num detalhe

Sarrafo, bastão e outros elementos desafiam técnica e talento nas pistas

FABIO GRIJÓ
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em milésimos de segundo, algo que o olho humano é incapaz de enxergar com clareza, o bastão passa pelas mãos dos corredores. Não pode cair no chão -o que pode eliminar o quarteto do revezamento no mesmo instante. Põe por terra todo seu esforço na disputa.
O sarrafo também não pode cair. Frágil, a ponto de não agüentar o impacto de um simples toque do corpo do saltador, a peça pode decidir a competição. O movimento do atleta tem de ser perfeito para, além de ganhar altura, não derrubar o sarrafo e desperdiçar sua chance de sair vencedor.
Mais que ser veloz, alto ou forte, o competidor do atletismo precisa estar atento também a outros componentes que fazem parte de seu dia-a-dia de competição. Bastão, sarrafo, vara, peso e dardo são alguns desses elementos que dividem as atenções com o próprio vigor do atleta durante a competição.
Um triunfo pode ser conquistado à custa do detalhe. Esse detalhe pode ainda ajudar na performance final do atleta. Ou arruinar sua empreitada.
Em 2001, a equipe brasileira do revezamento 4 x 100 m chegou ao Mundial de Edmonton, no Canadá, como uma das favoritas. Um ano antes, o time tinha faturado a prata olímpica em Sydney. A queda do bastão na segunda passagem pôs fim ao sonho nacional de ouro.
De cotado ao pódio, o quarteto teve de amargar a desclassificação. No Mundial seguinte, o time levou o bronze.
"No nosso interior, sabemos que fomos campeões do mundo em Edmonton. Ali não perderíamos o campeonato", disse, na ocasião, André Domingos, que integrou o revezamento.
O bastão tem de ser entregue ao companheiro de equipe, a partir do segundo corredor, de acordo com marcas que são postas na pista, que têm distância de 20 m. Se a peça cair, o atleta que a derrubou pode pegá-la nessa faixa de 20 m e seguir adiante, conta Katsuhiko Nakaya, técnico dos revezamentos femininos do Brasil.
"O que acontece é que, quando há queda, muitos atletas optam por parar de correr, já que pegar o bastão de novo acaba com as chances, gasta um tempo", explica o treinador.
O sucesso nas provas de revezamento depende da precisão da saída -ou seja, o quanto irá correr o primeiro competidor do quarteto- e da passagem do bastão. "Nos treinos, você desenvolve aspectos como a posição das mãos, a passagem, a reação visual", diz Nakaya.
Os atletas têm de dosar a velocidade para um não se distanciar do outro e, com isso, não conseguir alcançar ou passar o bastão. "Só com o treino se consegue a sintonia", fala Nakaya.
Nas provas em que há sarrafo, a técnica também determina o sucesso. Aquele que a utiliza melhor obtém resultados mais satisfatórios. Consegue aumentar suas chances de ultrapassar o sarrafo sem derrubá-lo. Senão restará voltar ao começo e iniciar uma nova tentativa para transpor o obstáculo. Sem errar de novo.


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