São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2010

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Primeiros passos

Fundação Real Madrid faz acordo para melhorar atendimento social no Rio e atiça sonho de boleiros

ITALO NOGUEIRA
DO RIO

Bastou uma caneta branca e dourada para que o sonho de se tornar jogador de futebol animasse os 250 meninos e meninas atendidos pelo Centro Juvenil Salesiano do Riachuelo, zona norte do Rio.
Coube ao padre Marcelo Vicente de Paula e ao coordenador administrativo Antomylson Pimentel tentar conter a euforia. Eles anunciaram às crianças o convênio com a Fundação Real Madrid, vinculada ao clube espanhol, a ser iniciado em setembro, o primeiro no Brasil.
O aviso veio com um alerta: não se trata de peneira do clube espanhol, mas sim de melhorar o atendimento social já feito pelo centro.
Mas bastou o representante da fundação aparecer com a tal caneta, com o símbolo do time de Kaká em dourado, para que todos apontassem os craques do projeto.
O estudante Alexandre da Silva, 15, foi um dos alvos, sob os gritos: "Esse é craque!". "Fica uma esperança. Se alguém se destacar, acho que eles [a fundação] podem levar [para treinar na Espanha]", disse ele, uma das promessas do local.
A esperança existe, tendo em vista as perspectivas oferecidas pela fundação. Há a possibilidade de levar dez crianças para a Espanha para conhecer as instalações do clube e de um jogador do Real Madrid visitar o centro para celebrar o início da parceria -além da óbvia proximidade criada com o projeto social e o time espanhol.
Mas premissas do convênio mostram, para Pimentel, que não se trata de uma peneira. O acordo prevê a contratação de um psicólogo para dar tratamento personalizado aos meninos atendidos.
As atividades previstas envolvem não apenas futebol, mas outros esportes como basquete, vôlei e handebol. Segue o modelo da fundação nos 34 países em que atua.
O acordo com a fundação espanhola se encaixa na metodologia do Salesiano de "usar o esporte como ferramenta sociopedagógica e de transformação social".
"Todo menino gosta de futebol. Então eu tenho o poder nas mãos. Se tiver briga, desrespeito, não tem jogo. Eles têm que conquistar o futebol", disse o instrutor de educação física Leonardo Ferreira, 22. Antes de cada atividade esportiva, os professores conversam sobre temas como disciplina e respeito.
Para alguns, jogar futebol é só uma diversão. "Jogador de futebol só ganha dinheiro por causa dos advogados e não estudam. Eu quero estudar", disse Wesley Matheus, 15, que quer ser engenheiro.


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