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VÔLEI
Levantadora ocupa vaga na seleção que era de Fernanda Venturini e Fofão
Marcelle encerra dinastia e será o "cérebro" no Mundial
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de quase 14 anos, o jogo
da seleção brasileira muda de
mãos. No Mundial da Alemanha,
a partir desta sexta-feira, a levantadora Marcelle terá a chance de
sair da sombra da dupla "intocável" Fernanda Venturini-Fofão.
Desde 1989, período em que
aconteceram as mais expressivas
conquistas do vôlei feminino do
país, as duas atletas ocuparam a
função de "cérebro" do time. Sem
nunca terem sido ameaçadas.
A oportunidade de Marcelle, 25,
não apareceu de maneira natural.
A levantadora foi alçada a primeira opção do técnico Marco Aurélio Motta após a debandada de
cinco titulares, entre elas, Fofão.
A jogadora ocupava a vaga desde 1998, quando deixou a reserva
de Fernanda Venturini. A melhor
levantadora do país encerrara seu
"reinado" de dez anos depois do
Mundial do Japão.
"Infelizmente, a chance de ser
titular não veio da melhor forma
possível, sei disso. Mas tenho que
aproveitar a oportunidade e mostrar meu jogo", disse Marcelle.
No primeiro teste com o peso de
substituir Fofão, a jogadora de
1,81 m mostrou talento e foi a melhor em sua posição no Grand
Prix deste ano -o time do Brasil
ficou em quarto lugar.
"Acho até gostoso jogar com
pressão e ter a responsabilidade
de comandar o time. A Fofão e a
Fernanda [Venturini] são excelentes jogadoras, referências para
todas. Só tenho que ter orgulho de
estar nessa posição e sei que posso
substituí-las à altura", afirmou.
Antes de entrar em quadra com
a camisa verde-amarela, Marcelle
teve de enfrentar outro teste, superar uma lesão. Ela rompeu o ligamento do joelho esquerdo no
ano passado, foi submetida a uma
cirurgia e passou cerca de seis meses parada na última temporada.
Voltou à seleção no meio do
ano, mas foi cortada para a disputa da Volley Masters, na Suíça. Até
então, a opção do técnico da seleção brasileira era Fabiana Berto,
hoje sua reserva para o Mundial.
Marcelle ganhou a posição por
seu desempenho nos treinos.
"Ela trabalhou muito para se recuperar, teve força de vontade. É
talentosa, alta [Fofão tem 1,73 m,
Fernanda, 1,80 m] e está fazendo
um bom trabalho", disse Motta.
A jogadora é titular desde os
amistosos preparatórios para o
Grand Prix, contra a República
Dominicana, no fim de junho.
Durante uma das partidas, caiu
no choro quando Kátia torceu o
joelho -a atacante foi cortada.
"Fiquei preocupada com ela. O
período que fiquei contundida foi
uma fase muito difícil da minha
vida. Só eu sei o quanto tive que
me esforçar para voltar no prazo e
poder retornar à seleção", disse.
Uma das preocupações do técnico do Brasil após a debandada
das titulares era o entrosamento
entre levantadoras e atacantes.
"Essa é uma relação muito delicada. A Marcelle não havia jogado
com muitas das jogadoras. Elas
não se conheciam. Agora o entrosamento está melhor, as jogadas
rápidas de meio estão saindo mais
soltas...", disse o técnico.
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