São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 2002

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VÔLEI

Levantadora ocupa vaga na seleção que era de Fernanda Venturini e Fofão

Marcelle encerra dinastia e será o "cérebro" no Mundial

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de quase 14 anos, o jogo da seleção brasileira muda de mãos. No Mundial da Alemanha, a partir desta sexta-feira, a levantadora Marcelle terá a chance de sair da sombra da dupla "intocável" Fernanda Venturini-Fofão.
Desde 1989, período em que aconteceram as mais expressivas conquistas do vôlei feminino do país, as duas atletas ocuparam a função de "cérebro" do time. Sem nunca terem sido ameaçadas.
A oportunidade de Marcelle, 25, não apareceu de maneira natural. A levantadora foi alçada a primeira opção do técnico Marco Aurélio Motta após a debandada de cinco titulares, entre elas, Fofão.
A jogadora ocupava a vaga desde 1998, quando deixou a reserva de Fernanda Venturini. A melhor levantadora do país encerrara seu "reinado" de dez anos depois do Mundial do Japão.
"Infelizmente, a chance de ser titular não veio da melhor forma possível, sei disso. Mas tenho que aproveitar a oportunidade e mostrar meu jogo", disse Marcelle.
No primeiro teste com o peso de substituir Fofão, a jogadora de 1,81 m mostrou talento e foi a melhor em sua posição no Grand Prix deste ano -o time do Brasil ficou em quarto lugar.
"Acho até gostoso jogar com pressão e ter a responsabilidade de comandar o time. A Fofão e a Fernanda [Venturini] são excelentes jogadoras, referências para todas. Só tenho que ter orgulho de estar nessa posição e sei que posso substituí-las à altura", afirmou.
Antes de entrar em quadra com a camisa verde-amarela, Marcelle teve de enfrentar outro teste, superar uma lesão. Ela rompeu o ligamento do joelho esquerdo no ano passado, foi submetida a uma cirurgia e passou cerca de seis meses parada na última temporada.
Voltou à seleção no meio do ano, mas foi cortada para a disputa da Volley Masters, na Suíça. Até então, a opção do técnico da seleção brasileira era Fabiana Berto, hoje sua reserva para o Mundial.
Marcelle ganhou a posição por seu desempenho nos treinos.
"Ela trabalhou muito para se recuperar, teve força de vontade. É talentosa, alta [Fofão tem 1,73 m, Fernanda, 1,80 m] e está fazendo um bom trabalho", disse Motta.
A jogadora é titular desde os amistosos preparatórios para o Grand Prix, contra a República Dominicana, no fim de junho. Durante uma das partidas, caiu no choro quando Kátia torceu o joelho -a atacante foi cortada.
"Fiquei preocupada com ela. O período que fiquei contundida foi uma fase muito difícil da minha vida. Só eu sei o quanto tive que me esforçar para voltar no prazo e poder retornar à seleção", disse.
Uma das preocupações do técnico do Brasil após a debandada das titulares era o entrosamento entre levantadoras e atacantes.
"Essa é uma relação muito delicada. A Marcelle não havia jogado com muitas das jogadoras. Elas não se conheciam. Agora o entrosamento está melhor, as jogadas rápidas de meio estão saindo mais soltas...", disse o técnico.



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