São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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Cruzeiro do sul

Só quarto ouro hoje inclui Brasil na festa sul-americana, que comemora sua melhor Olimpíada com recorde de títulos e pódios

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O penúltimo dia de Atenas-2004 começou com um gol de Tevez e terminou com uma enterrada de Scola, em uma jornada histórica para a Argentina. Hoje o Brasil busca a sua, o bicampeonato olímpico contra a Itália no vôlei.
Esse olhar reducionista sobre os Jogos, sempre dominados por potências do esporte, faz sentido. A América do Sul colecionou motivos para celebrar, nesta noite, a cerimônia de encerramento da 28ª Olimpíada da Era Moderna.
O continente, tradicional saco de pancadas, viveu em Atenas duas semanas inesquecíveis, as melhores de sua história olímpica. Alcançou uma série de marcas inéditas, a começar pelo número de pódios (22) e de medalhas de ouro (sete), até ontem.
Uma nítida evolução. Em Sydney-2000, a América do Sul teve 19 premiações, mas só uma de ouro, no levantamento de peso.
Nada parecido com o histórico ouro em dobro argentino no futebol, contra o Paraguai, e no basquete, contra a Itália, os primeiros títulos olímpicos do país em 52 anos. Ou com as vitórias do chileno Nicolás Massú nos torneios de simples e duplas do tênis -fundador dos Jogos, presente em Atenas-1896, o Chile nunca havia subido ao degrau mais alto.
Em Atenas, seis países sul-americanos medalharam, um a mais que em Sydney, outro recorde. No varejo, outro festival de tabus superados. Vice no futebol, o Paraguai ganhou a primeira medalha. A Venezuela, com um bronze no levantamento de peso, foi ao pódio pela primeira vez em 20 anos. Desde 1972, a Colômbia não ganhava mais de uma medalha olímpica -obteve dois bronzes.
A América do Sul também passou batida pelo antidoping mais rigoroso da história, que flagrou africanos, europeus e asiáticos.
"Estamos conscientes de que fizemos história", disse o atacante Carlos Tevez, ontem, falando de sua Argentina. Mas o discurso vale para todo um continente.
Hoje é a vez do Brasil. O time de Bernardinho tenta o segundo ouro no vôlei com dois remanescentes da conquista de Barcelona-1992 (Maurício e Giovane).
Mais que isso, carrega a responsabilidade de conseguir o quarto título do país na Grécia, o único modo de fazer de Atenas a melhor Olimpíada de sua história. De certa maneira, também de preservar seu peso no continente. Em Sydney-2000, o Brasil respondeu por 63% do lote sul-americano de medalhas. Em Atenas, terá 41%, após o basquete e o vôlei femininos desperdiçarem ontem o bronze. Um sucesso do vôlei daria ao país ao menos 50% dos ouros.
Ou seja, o Brasil está na festa. Mas precisa vencer hoje os italianos para de fato celebrar.

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