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Na parede, COB "apóia" judô no Rio
Carta da CBJ faz órgão internacional ameaçar cancelar o Mundial no Brasil
Principal dirigente do judô no mundo impõe até prazo para Nuzman garantir, por
escrito, hospedagem e alimentação de 776 judocas
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
A duas semanas de seu início,
o Mundial de judô, marcado para o Rio, só não foi cancelado
em razão de uma garantia por
escrito do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), exigência feita
anteontem pela FIJ (Federação Internacional de Judô)
após ter recebido carta dos organizadores do evento.
O estafe da CBJ (Confederação Brasileira de Judô) informara à federação internacional
que "como conseqüência dos
altos custos do Pan, o COB e a
Prefeitura do Rio não conseguiram manter todos os compromissos com a CBJ a respeito da
oferta de passagens aéreas e
acomodação para as delegações
participantes do Mundial".
Por conta disso, a organização disse que não bancaria hospedagem e alimentação dos 776
atletas inscritos, conforme a
Folha noticiou ontem.
Yong Sung Park, sul-coreano
presidente da FIJ, reagiu e
mandou carta a Carlos Arthur
Nuzman, presidente do COB.
Disse que a negativa de arcar
com tais gastos descumpria o
acordo entre as partes e que,
como peça-chave da candidatura do Rio, Nuzman deveria se
posicionar, até as 18h de anteontem, se o comitê referendava a posição da CBJ, sob pena
de cancelar o evento no Rio.
Nuzman respondeu por escrito que "com assistência do
COB, o comitê organizador do
Mundial tomará as ações apropriadas para cobrir os custos de
alimentação e hospedagem".
Ele revelou ainda que não tinha idéia das dificuldades financeiras dos organizadores do
evento, alegando ter ficado
"realmente surpreso com o
conteúdo da carta" de Paulo
Wanderley Teixeira. O presidente da CBJ, porém, nega. Ele
afirmou que havia falado com
Nuzman sobre o assunto antes
de escrever à entidade que comanda o judô mundial.
Atendida, a FIJ então distribuiu nova carta, a todos os presidentes de federações nacionais, com a cópia da carta de
Nuzman como garantia de que
tais custos ficarão com os brasileiros, não com as delegações.
Teixeira, que estima o gasto
em questão entre R$ 1,6 milhão
e R$ 1,8 milhão, entende que o
COB assumiu o compromisso
de arcar com ele.
Mas, ao ser indagado pela reportagem, que teve acesso a todas as cartas citadas, o comitê
não falou claramente que arcaria com essas despesas.
Disse que "a organização do
Mundial é de responsabilidade
da CBJ" e que, em reunião com
a entidade, "ficou decidido que
o COB vai apoiar a CBJ na viabilização do pagamento de hospedagem e alimentação das delegações", cujo "projeto está
sendo reavaliado".
A dificuldade financeira dos
organizadores surgiu porque
eles esperavam que a prefeitura
oferecesse R$ 8 milhões para
realizar o Mundial, mas só conseguiram R$ 5 milhões.
Tanto CBJ quanto COB foram questionados se houve algum erro de planejamento,
uma vez que o país obteve há
quatro anos o direito de receber o Mundial e, às vésperas do
evento, se vê dependente da
verba do Rio e não conta com
nenhum investidor privado.
Nenhuma das entidades respondeu a essa questão.
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