São Paulo, quarta-feira, 29 de agosto de 2007

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Na parede, COB "apóia" judô no Rio

Carta da CBJ faz órgão internacional ameaçar cancelar o Mundial no Brasil

Principal dirigente do judô no mundo impõe até prazo para Nuzman garantir, por escrito, hospedagem e alimentação de 776 judocas

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

A duas semanas de seu início, o Mundial de judô, marcado para o Rio, só não foi cancelado em razão de uma garantia por escrito do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), exigência feita anteontem pela FIJ (Federação Internacional de Judô) após ter recebido carta dos organizadores do evento.
O estafe da CBJ (Confederação Brasileira de Judô) informara à federação internacional que "como conseqüência dos altos custos do Pan, o COB e a Prefeitura do Rio não conseguiram manter todos os compromissos com a CBJ a respeito da oferta de passagens aéreas e acomodação para as delegações participantes do Mundial".
Por conta disso, a organização disse que não bancaria hospedagem e alimentação dos 776 atletas inscritos, conforme a Folha noticiou ontem.
Yong Sung Park, sul-coreano presidente da FIJ, reagiu e mandou carta a Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB.
Disse que a negativa de arcar com tais gastos descumpria o acordo entre as partes e que, como peça-chave da candidatura do Rio, Nuzman deveria se posicionar, até as 18h de anteontem, se o comitê referendava a posição da CBJ, sob pena de cancelar o evento no Rio.
Nuzman respondeu por escrito que "com assistência do COB, o comitê organizador do Mundial tomará as ações apropriadas para cobrir os custos de alimentação e hospedagem".
Ele revelou ainda que não tinha idéia das dificuldades financeiras dos organizadores do evento, alegando ter ficado "realmente surpreso com o conteúdo da carta" de Paulo Wanderley Teixeira. O presidente da CBJ, porém, nega. Ele afirmou que havia falado com Nuzman sobre o assunto antes de escrever à entidade que comanda o judô mundial.
Atendida, a FIJ então distribuiu nova carta, a todos os presidentes de federações nacionais, com a cópia da carta de Nuzman como garantia de que tais custos ficarão com os brasileiros, não com as delegações.
Teixeira, que estima o gasto em questão entre R$ 1,6 milhão e R$ 1,8 milhão, entende que o COB assumiu o compromisso de arcar com ele.
Mas, ao ser indagado pela reportagem, que teve acesso a todas as cartas citadas, o comitê não falou claramente que arcaria com essas despesas.
Disse que "a organização do Mundial é de responsabilidade da CBJ" e que, em reunião com a entidade, "ficou decidido que o COB vai apoiar a CBJ na viabilização do pagamento de hospedagem e alimentação das delegações", cujo "projeto está sendo reavaliado".
A dificuldade financeira dos organizadores surgiu porque eles esperavam que a prefeitura oferecesse R$ 8 milhões para realizar o Mundial, mas só conseguiram R$ 5 milhões.
Tanto CBJ quanto COB foram questionados se houve algum erro de planejamento, uma vez que o país obteve há quatro anos o direito de receber o Mundial e, às vésperas do evento, se vê dependente da verba do Rio e não conta com nenhum investidor privado.
Nenhuma das entidades respondeu a essa questão.

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