Após 405 dias, time não se recupera de saída de ex-técnico, a quem pega como líder no Flu

RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO

Não era difícil identificar o São Paulo da "era Muricy Ramalho". Tinha três zagueiros, tomava poucos gols, dominava os rivais e vencia a maioria dos jogos -sem empolgar, diga-se. Resultado: três títulos brasileiros.
É difícil definir a cara do time desde a saída de seu treinador mais emblemático desde Telê. O esquema muda muito, não existe time base e as vitórias escassearam. Resultado: 15ª posição no Nacional até o início da rodada.
Após 405 dias da demissão de Muricy, o clube segue à procura de um rumo. É assim que enfrenta o antigo treinador no comando do líder Fluminense, hoje, no Maracanã -é a segunda vez que o reencontra em um rival.
Por um ano, Ricardo Gomes tentou renovar o São Paulo. Destruiu o estilo de bolas altas e a formação com três zagueiros típicos de Muricy. Mas o seu jogo de toques no chão nunca foi efetivo.
A recuperação no Brasileiro-2009 e a campanha até a semifinal na Libertadores não convenceram nem diretoria, nem torcedores de que Gomes era bem-sucedido. A falta de títulos o derrubou.
Agora, o interino Sérgio Baresi faz nova tentativa de achar o formato ideal. Mas se mostra indeciso.
"Posicionamos a equipe com duas variações [nos treinos]. Sei que os números não nos favorecem no Rio", analisou Baresi, sobre o favoritismo rival. Seu time deve ter três atacantes, formação inédita na época Muricy.
A interinidade de Baresi mostra a falta de rumo sem Muricy. "Não me deixa inseguro. Só tento pensar na vitória", minimizou o treinador.
Em compensação, após mais de um ano, a separação fez bem a Muricy. Foi até convidado à seleção. Recusou, mas lidera o Nacional.
Ele, sim, se reinventou.
Seu time não apela tanto às bolas aéreas, mas segue eficiente. É o melhor ataque, 28 gols, e a segunda defesa menos vazada, 11 gols.
Há 405 dias, uma reunião separou Muricy do São Paulo. Agora, a tabela os separa, e são 18 pontos de distância.