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Na última Paraolimpíada antes de 'grande revisão', Brasil brilha
País consegue dobro de ouros de sua melhor campanha e termina em 14º em Atenas
FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
O Brasil registrou em Atenas, na
última Paraolimpíada antes de
uma "grande revisão" nos critérios de classificação, a melhor
campanha de sua história.
O país ganhou o dobro de ouros
de sua jornada mais vitoriosa
-Nova York e Stoke Mandeville-1984- e também superou o número de medalhas conquistadas
há 20 anos -33 contra 28.
Em Atenas, o Brasil terminou
com 14 ouros, 12 pratas e 7 bronzes, na 14ª colocação. Em Sydney,
havia sido o 24º, com 6 ouros, 10
pratas e 6 bronzes. O objetivo do
Comitê Paraolímpico Brasileiro
era ficar entre os 20 melhores.
"Essa melhoria não foi surpresa
para nós", disse o presidente do
CPB, Vital Severino Neto. "Tivemos cuidado ao fazer previsões,
mas também tínhamos consciência do trabalho realizado."
Além disso, o país conheceu na
Grécia o maior atleta paraolímpico de sua história: Clodoaldo Silva, que obteve seis ouros e uma
prata em oito provas na natação.
Apesar do salto de qualidade e
de o comitê já alçar o país a "potência paraolímpica", o sucesso
brasileiro está concentrado em
poucas modalidades. Todos os
pódios na Grécia foram conquistados em 5 dos 19 esportes: atletismo (16), futebol de 5 (1), futebol
de 7 (1), judô (4) e natação (11).
Segundo o presidente do CPB, a
concentração de bons resultados
é normal. "O esporte paraolímpico é muito recente no mundo todo", afirmou. "E no Brasil, até
pouco tempo, foi trabalhado pelas pessoas de forma voluntária. A
estrutura precisa melhorar."
Desde 2001, o CPB recebe verba
da Lei Piva. No ano passado, foram cerca de R$ 10 milhões.
Mas, mesmo após a performance em Atenas, os principais atletas
do Brasil verão seus rendimentos
minguarem. Pelo contrato com o
CPB, até os Jogos os medalhistas
em Sydney receberiam, além de
bolsa de R$ 700, bônus (R$ 3.000
para ouro, R$ 1.800 para prata e
R$ 1.200 para bronze). Agora, até
dezembro receberão só a bolsa.
Não é apenas isso, porém, que
deve mudar. Ontem, Phil Craven,
presidente do Comitê Paraolímpico Internacional, anunciou que
a competição passará por uma
grande mudança em seu complicado sistema de classificação.
O principal alvo da entidade é o
atletismo, esporte em que os atletas são divididos de acordo com
seu nível de deficiência e que conta com mais categorias: 32 a 38 para competidores com paralisia cerebral; 51 a 58 para os que têm lesões na medula ou outros problemas físicos; 42 a 46 para amputados de um ou mais membros; 11 a
13 para deficientes visuais; e 40
para atletas com nanismo.
"Não podemos deixar as coisas
tão complicadas", disse Craven.
Em Atenas, a falta de competidores com algumas deficiências
fez atletas de diferentes classes
competirem juntos. Outra coisa
que gerou confusão foi o fato de
esportistas baterem recordes em
provas mas ficarem sem medalhas pelo sistema do comitê.
O jornalista Fernando Itokazu viaja a
convite do Comitê Paraolímpico Brasileiro
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