São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2004

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Na última Paraolimpíada antes de 'grande revisão', Brasil brilha

País consegue dobro de ouros de sua melhor campanha e termina em 14º em Atenas

FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

O Brasil registrou em Atenas, na última Paraolimpíada antes de uma "grande revisão" nos critérios de classificação, a melhor campanha de sua história.
O país ganhou o dobro de ouros de sua jornada mais vitoriosa -Nova York e Stoke Mandeville-1984- e também superou o número de medalhas conquistadas há 20 anos -33 contra 28.
Em Atenas, o Brasil terminou com 14 ouros, 12 pratas e 7 bronzes, na 14ª colocação. Em Sydney, havia sido o 24º, com 6 ouros, 10 pratas e 6 bronzes. O objetivo do Comitê Paraolímpico Brasileiro era ficar entre os 20 melhores.
"Essa melhoria não foi surpresa para nós", disse o presidente do CPB, Vital Severino Neto. "Tivemos cuidado ao fazer previsões, mas também tínhamos consciência do trabalho realizado."
Além disso, o país conheceu na Grécia o maior atleta paraolímpico de sua história: Clodoaldo Silva, que obteve seis ouros e uma prata em oito provas na natação.
Apesar do salto de qualidade e de o comitê já alçar o país a "potência paraolímpica", o sucesso brasileiro está concentrado em poucas modalidades. Todos os pódios na Grécia foram conquistados em 5 dos 19 esportes: atletismo (16), futebol de 5 (1), futebol de 7 (1), judô (4) e natação (11).
Segundo o presidente do CPB, a concentração de bons resultados é normal. "O esporte paraolímpico é muito recente no mundo todo", afirmou. "E no Brasil, até pouco tempo, foi trabalhado pelas pessoas de forma voluntária. A estrutura precisa melhorar."
Desde 2001, o CPB recebe verba da Lei Piva. No ano passado, foram cerca de R$ 10 milhões.
Mas, mesmo após a performance em Atenas, os principais atletas do Brasil verão seus rendimentos minguarem. Pelo contrato com o CPB, até os Jogos os medalhistas em Sydney receberiam, além de bolsa de R$ 700, bônus (R$ 3.000 para ouro, R$ 1.800 para prata e R$ 1.200 para bronze). Agora, até dezembro receberão só a bolsa.
Não é apenas isso, porém, que deve mudar. Ontem, Phil Craven, presidente do Comitê Paraolímpico Internacional, anunciou que a competição passará por uma grande mudança em seu complicado sistema de classificação.
O principal alvo da entidade é o atletismo, esporte em que os atletas são divididos de acordo com seu nível de deficiência e que conta com mais categorias: 32 a 38 para competidores com paralisia cerebral; 51 a 58 para os que têm lesões na medula ou outros problemas físicos; 42 a 46 para amputados de um ou mais membros; 11 a 13 para deficientes visuais; e 40 para atletas com nanismo.
"Não podemos deixar as coisas tão complicadas", disse Craven.
Em Atenas, a falta de competidores com algumas deficiências fez atletas de diferentes classes competirem juntos. Outra coisa que gerou confusão foi o fato de esportistas baterem recordes em provas mas ficarem sem medalhas pelo sistema do comitê.


O jornalista Fernando Itokazu viaja a convite do Comitê Paraolímpico Brasileiro


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