São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2006

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Edmundo sugere lanche e camisa para cativar juiz

Palmeirense defende tratamento VIP de clubes a árbitros para evitar prejuízos

Associação Nacional dos Árbitros agradece ao atleta, mas lembra que juízes não devem levar regalias em conta na hora de apitar

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Edmundo tem uma receita simples, mas polêmica, para evitar que os times sejam prejudicados por eventuais erros da arbitragem numa partida: carinho e cordialidade.
O atacante vê na arte de ser um bom anfitrião a maneira mais fácil de fazer com que os árbitros entrem em campo desprovidos de quaisquer antipatias com relação ao time. No caso de Edmundo, o Palmeiras.
"Seria importante para o Palmeiras receber bem os árbitros, com um bom vestiário, um lanche, mandar umas camisas. O juiz é humano e tem uma fração de segundos para decidir. Na dúvida, pode decidir contra o clube que tiver alguma mágoa, por exemplo. Acho importante essa relação de empatia", prega Edmundo, que afirma já ter sentido essa diferenciação em campo, só pelo relacionamento de árbitros com ele.
"Às vezes, por ter mais simpatia, um juiz marca uma falta em mim e não marca a mesma falta no outro. Eu tento ter boa relação com eles, e acho que o Palmeiras deveria seguir esse raciocínio. Muitos árbitros me pedem camisa, por exemplo, e não custa dar", comenta.
Para a Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol), a recomendação de Edmundo deveria ser uma obrigação dos clubes. "Nos sentimos agradecidos ao Edmundo por ter falado isso. Todos os clubes têm a obrigação de receber bem o árbitro. Tem que ter lanche, refrigerante. Se o clube quiser dar uma camisa, tudo bem", opina José de Assis Aragão, presidente da Anaf e ex-árbitro.
No entanto, Aragão refuta a tese de que tais agrados a um árbitro devam servir para fazê-lo pender para um dos lados em uma partida. "Nada disso deve fazer o árbitro ser simpático a um clube. Não se pode deixar levar por isso. Ele tem que saber diferenciar", completa.
O Palmeiras é um dos times que mais tiveram problemas no Brasileiro por reclamações de arbitragens, mas não por retaliações deliberadas de juízes.
O assunto foi o estopim para a crise iniciada na semana passada, que causou até o pedido de demissão de Tite.
O então treinador do Palmeiras ouviu o diretor de futebol do clube, Salvador Hugo Palaia, aconselhá-lo a "calar a boca" e não reclamar de erros da arbitragem. Tite se ofendeu com a declaração feita pelo dirigente e pediu demissão.


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