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Em casa, futsal contabiliza brasileiros "de exportação"
Itália, com 14
jogadores, lidera
legião de atletas
do país-sede da
Copa do Mundo
Atraídos por salários em
euro, atletas vão para outros
pólos do esporte, em geral a
Europa, e são cooptados para
defender outras seleções
MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
O Mundial de Futsal, que começa amanhã no Rio e em Brasília, contará com a presença de
35 jogadores brasileiros. Seria o
suficiente para montar sete
equipes titulares formadas só
por atletas nascidos no Brasil.
Entretanto mais da metade
desses atletas estará a serviço
de outras seleções. Além dos 14
convocados para o time nacional, outros 14 brasileiros naturalizados compõem integralmente a equipe da Itália, três
defenderão a Espanha, dois jogarão pela Rússia, um, pelo Japão e um, pelos EUA.
Coincidência ou não, o número de brasileiros que desembarcam no exterior aumenta a
cada temporada.
Segundo dados da CBFS
(Confederação Brasileira de
Futebol de Salão), até o dia 25
de setembro deste ano foram
realizadas 97 transferências, 14
a mais do que o registrado no
mesmo período de 2007.
No ano passado inteiro, a
CBFS contabilizou um êxodo
de 134 atletas para o exterior,
número que supera em 48% o
total de transferências de 2001,
ano em que a entidade começou a registrar esses dados.
A maior demanda por atletas
brasileiros vem da Europa. Dos
97 transferidos em 2008, 92 foram parar no velho continente.
"Isso é uma prova de que infelizmente o Brasil não pode
competir com os países europeus. O valor da nossa moeda é
inferior ao euro, então o jogador se sente tentado a ir em
busca de melhores salários", reconhece Aécio Borba Vasconcelos, presidente da CBFS.
"Além disso, os europeus não
produzem atualmente tantos
bons jogadores locais e acabam
recorrendo aos daqui", completa Vasconcelos.
É o que mais acontece na Itália. Não é à toa que a seleção italiana é formada integralmente
por ítalo-brasileiros.
Apesar de a prática do futsal
não ser profissionalizada no
país do "calcio", cerca de 46%
das transferências desta temporada foram para lá.
"A razão maior para isso é
que existem muitos descendentes de italianos no Brasil,
então, a possibilidade de tirar
dupla cidadania é bem maior
aqui do que na Rússia ou na Espanha", diz o brasileiro Nando
Grana, atleta que defendeu a
seleção italiana mais vezes.
Caio Farinha, goleiro que defenderá a seleção da Itália pela
segunda vez em um Mundial,
afirma que o processo de convocação de um time formado
apenas por nascidos no Brasil
foi natural, uma vez que cerca
de 90% dos jogadores da liga
italiana são brasileiros.
"Existem poucos italianos jogando futsal hoje. Eles preferem contar com um trabalho
regulado pelo governo já que o
mesmo salário que é bom para
um brasileiro não é bom para
eles, buscando assim a segurança da carteira assinada", esclarece Farinha.
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