São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2008

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Em casa, futsal contabiliza brasileiros "de exportação"

Itália, com 14 jogadores, lidera legião de atletas do país-sede da Copa do Mundo

Atraídos por salários em euro, atletas vão para outros pólos do esporte, em geral a Europa, e são cooptados para defender outras seleções

MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O Mundial de Futsal, que começa amanhã no Rio e em Brasília, contará com a presença de 35 jogadores brasileiros. Seria o suficiente para montar sete equipes titulares formadas só por atletas nascidos no Brasil.
Entretanto mais da metade desses atletas estará a serviço de outras seleções. Além dos 14 convocados para o time nacional, outros 14 brasileiros naturalizados compõem integralmente a equipe da Itália, três defenderão a Espanha, dois jogarão pela Rússia, um, pelo Japão e um, pelos EUA.
Coincidência ou não, o número de brasileiros que desembarcam no exterior aumenta a cada temporada.
Segundo dados da CBFS (Confederação Brasileira de Futebol de Salão), até o dia 25 de setembro deste ano foram realizadas 97 transferências, 14 a mais do que o registrado no mesmo período de 2007.
No ano passado inteiro, a CBFS contabilizou um êxodo de 134 atletas para o exterior, número que supera em 48% o total de transferências de 2001, ano em que a entidade começou a registrar esses dados.
A maior demanda por atletas brasileiros vem da Europa. Dos 97 transferidos em 2008, 92 foram parar no velho continente.
"Isso é uma prova de que infelizmente o Brasil não pode competir com os países europeus. O valor da nossa moeda é inferior ao euro, então o jogador se sente tentado a ir em busca de melhores salários", reconhece Aécio Borba Vasconcelos, presidente da CBFS.
"Além disso, os europeus não produzem atualmente tantos bons jogadores locais e acabam recorrendo aos daqui", completa Vasconcelos.
É o que mais acontece na Itália. Não é à toa que a seleção italiana é formada integralmente por ítalo-brasileiros.
Apesar de a prática do futsal não ser profissionalizada no país do "calcio", cerca de 46% das transferências desta temporada foram para lá.
"A razão maior para isso é que existem muitos descendentes de italianos no Brasil, então, a possibilidade de tirar dupla cidadania é bem maior aqui do que na Rússia ou na Espanha", diz o brasileiro Nando Grana, atleta que defendeu a seleção italiana mais vezes.
Caio Farinha, goleiro que defenderá a seleção da Itália pela segunda vez em um Mundial, afirma que o processo de convocação de um time formado apenas por nascidos no Brasil foi natural, uma vez que cerca de 90% dos jogadores da liga italiana são brasileiros.
"Existem poucos italianos jogando futsal hoje. Eles preferem contar com um trabalho regulado pelo governo já que o mesmo salário que é bom para um brasileiro não é bom para eles, buscando assim a segurança da carteira assinada", esclarece Farinha.


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