São Paulo, terça-feira, 29 de setembro de 2009 |
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JOSÉ ROBERTO TORERO Nordestinos sem norte
OS TIMES nordestinos estão caindo pela tabela. E isso não é metáfora. Falo da tabela de classificação. Nas quatro séries do Brasileiro, os times do Nordeste estão sofrendo uma seca de pontos. O caso mais flagrante é na Série B: todas as quatro equipes na zona de rebaixamento são da região. A saber: América-RN, ABC de Natal, Campinense e Fortaleza. Para 2010, ASA e Icasa subirão da Série C. Ou seja, provavelmente cairão quatro e subirão dois, uma contabilidade bem desagradável. Na Série C, as coisas não estão muito melhores. Dois times caíram para a Série D: Sampaio Correa, do Maranhão, e Confiança, de Sergipe. E apenas um subirá da D: o Alecrim, do Rio Grande do Norte. 2 x 1 para a decadência. Por fim, na principal divisão do Nacional, temos o Sport como vice-lanterna e o Náutico em 16º lugar. Mas o caso do Náutico é até mais grave. Desde que vendeu Gilmar, o principal jogador do time, para uma equipe da segunda divisão francesa, o Náutico vem despencando. Isso foi há quatro jogos, e desde então não ganhou mais nenhum. É bem verdade que o Ceará, que está em quarto lugar na Série B, pode subir. Mas, mesmo assim, a contagem ficaria 2 x 1 para o rebaixamento. Quando muito, 1 x 1. Caso os números se confirmem, teremos sete ou oito times do Nordeste caindo e só três subindo. Seria uma pena. O torcedor nordestino ainda possui uma alegria que está cada vez mais rara no Sul Maravilha. E o futebol da região era bonito, franco, aberto, sempre visando o ataque. Não é à toa que antigamente se dizia que, para fazer um bom time, devia-se ter zagueiros do Sul, meio-campistas do Sudeste e atacantes do Nordeste. Como se trata de uma região pobre, logo se pensa que o problema é que os times de lá estão sem dinheiro. Mas não é o caso. Pelo menos, não em relação à bilheteria. Nenhum dos nordestinos da Série A está entre os últimos quatro colocados em renda. O Vitória é o décimo, o Sport é o 12º, e o Náutico, 16º. Na Série B, a coisa está ainda melhor em termos monetários: o Ceará é o segundo em arrecadação (só perde para o Vasco), o Bahia é o terceiro, o América está em quarto, o Fortaleza, em sétimo, o ABC, em décimo, e o Campinense, em 11º. Mas não basta ter dinheiro. É preciso saber gerir este dinheiro. Bahia e Santa Cruz tiveram algumas administrações desastrosas e hoje estão em meio a uma crise crônica. Talvez seja o que vem acontecendo com muitos clubes de lá, que não conseguiram se livrar de uma administração coronelista. Não que a administração dos times do sul seja grande coisa, mas vários clubes abaixo do Trópico de Capricórnio conseguiram se livrar de seus coronéis, como Corinthians e Palmeiras, e alguns estabeleceram uma direção com ares de modernidade, como Internacional, Grêmio e Atlético-MG. Uma exceção local interessante parece ser o Vitória, que mudou sua diretoria em 2006, quando estava na Série C, e hoje, com executivos remunerados, está bem posicionado na Série A. O time pode servir de exemplo para que os rivais da região se modernizem. E que a mudança seja rápida. Caso contrário, o destino dos nordestinos será sombrio. torero@uol.com.br Texto Anterior: Santos: Léo pede apoio de torcedores na Vila Próximo Texto: Mudança de Alonso aquece F-1 Índice |
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