São Paulo, sexta-feira, 29 de outubro de 2004

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AMIGO DO PEITO

Promessa do vôlei descobre problema em exame de rotina no clube

Danielle, 19, monitora o coração

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A ducha de água fria caiu em um exame de rotina. Atleta, 19 anos, vida saudável, Danielle Lins tinha arritmia no coração.
Uma das principais apostas do técnico José Roberto Guimarães, a levantadora viu seus sonhos desabarem após a melhor temporada de sua vida e pôs em estado de alerta a equipe médica do Osasco, seu clube.
"Quando o exame mostrou arritmia, não me assustei. Mas, quando disseram que poderia parar de jogar, mexeu comigo."
Durante os dois primeiros meses após o diagnóstico, a jogadora não subia nem escada. Enquanto isso, passava por uma série de exames Instituto do Coração, e todos eles davam sempre o mesmo resultado: nada.
Apesar das notícias animadoras, Danielle não conseguiu lidar com a distância da quadra. Entrou em depressão, emagreceu seis quilos e fazia planos de "fugir" para jogar no exterior, onde não saberiam de nada.
"Eu chorava o dia inteiro. As coisas só mudaram um pouco quando o pessoal daqui [Osasco] me falou: "Dani, encare isso como uma torção de joelho". Deus me deu essas férias forçadas, eu tinha de me acostumar", diz a jogadora, que teve acompanhamento psicológico.
Depois de dois meses parada, Danielle começou, aos poucos, a treinar, sempre monitorada por um freqüencímetro. Atado ao peito, o aparelho media seus batimentos. Até hoje, quatro meses depois do exame, nada de anormal foi detectado, apesar das escapulidas da atleta.
"No começo, eu só podia pegar uns pesinhos de um quilo, era horrível. Eu fiz coisas escondida, joguei vôlei de praia, pulei de bungee jump. Levei até bronca", diverte-se a levantadora.
Danielle tem feito testes mensais no Incor. O período de monitoramento é de seis meses e, se os resultados continuarem como agora, ela deve ser liberada para jogar em janeiro.
"Não sabemos o que causou a arritmia, mas o coração dela está normal, e os exames têm sido satisfatórios. Uma explicação possível é que um dos remédios que ela tomou para uma gripe muito forte possa ter provocado a alteração", explica Laércio Ricco, médico do Osasco.
Danielle deve voltar ao time no meio da Superliga e ser a terceira levantadora. Hoje, as opções são Gisele (titular) e Ana Cristina. No último Nacional, ela ficou no banco de Fernanda Venturini nas finais. A atleta ganhou a vaga, principalmente, por causa da atuação surpreendente na conquista do Paulista-2003, disputado pelo clube com uma base juvenil.
A pernambucana começou a jogar vôlei aos 12 anos por pressão dos pais -um colégio no Recife ofereceu bolsa de estudos para tê-la na quadra. Na época, faltava aos treinos para nadar.
Em pouco tempo, Danielle se destacou, chegou à seleção pernambucana e, sem seguida, à juvenil -tinha dois anos a menos que as companheiras. Aos 15, foi para São Paulo e iniciou uma ascensão meteórica.
Agora, aguarda ansiosa o último exame. Para voltar a jogar e a pular Carnaval em casa.


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