Acostumado a conquistar títulos por antecipação, italiano tenta vencer primeira temporada decidida no último GP

Sorte e erro de companheiro de Hayden em Portugal transformam o final de um campeonato que já parecia ter o americano como dono

TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem F-1, nem IRL, muito menos Champ Car. Apesar de todos estes campeonatos terem sido definidos apenas na última etapa, nenhum deles foi tão emocionante e disputado como o Mundial de MotoGP, que chega à sua derradeira corrida hoje, em Valência, às 10h.
Dois pilotos têm chances de título. O italiano Valentino Rossi, 27, dono dos últimos cinco Mundiais e de outros dois (nas 125 cc e 250 cc), e o americano Nicky Hayden, 25, em sua quarta temporada na categoria.
O primeiro tem oito pontos de vantagem sobre o segundoe larga na pole hoje -Hayden fez apenas o quinto tempo.
Nunca na história da MotoGP um campeonato se arrastou até sua última etapa. É verdade que a categoria só foi criada em 2002. Mas é fato também que, desde então, teve somente um campeão: Rossi.
E o motivo que explica o equilíbrio do campeonato neste ano é o mesmo: Rossi.
Desde que sua Yamaha foi acertada logo na primeira curva da primeira corrida do ano, em Jerez, também na Espanha, teve um ano de altos e baixos.
Rossi visitou a caixa de brita, o hospital, o fundo do grid e todos os degraus do pódio.
Não por acaso, registrou seu pior início na principal categoria do motociclismo. Ao término do GP dos EUA, 11ª etapa, o italiano acumulava uma série de maus resultados, não havia chegado ao fim de três provas e era o quarto na tabela, 51 pontos atrás de Hayden, que estava no topo, após vencer em casa.
A partir daí, Rossi começou sua perseguição pela liderança do campeonato. Foram cinco pódios nas últimas cinco corridas e o que em julho parecia impossível, agora é fato.
Depois do GP de Portugal, há duas semanas, assumiu pela primeira vez a ponta da tabela. E basta chegar à frente do americano para Rossi ser campeão pelo sexto ano consecutivo.
Como se não bastasse o desempenho impecável, o italiano ainda foi ajudado pela sorte -e por Dani Pedrosa, companheiro de Hayden na Honda- no último GP, em Portugal. Na quinta volta, Hayden foi derrubado pelo parceiro. Abandonou e viu o título ficar mais longe.
Ainda inconformado, o americano tenta se focar em sua última chance. "Ficar reclamando não vai tirar aquele zero da minha tabela. Agora não tenho mais nada a perder. Tenho que vencer e torcer para o Rossi ter um GP ruim", disse Hayden.
Em situação incomum em relação aos últimos anos, quando venceu os Mundiais por antecipação, Rossi se diz pressionado. "Claro que não vai ser como das outras vezes, desta vez só vou ter esta chance. Mas vai ser bom para o espetáculo."
Disso ninguém duvida.