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Choque térmico
Atletas repatriados no meio do ano fracassam em readaptação e colecionam lesões no Nacional
LUCAS REIS
DE SÃO PAULO
Repatriar estrelas pode
não ser um negócio tão vantajoso assim para os clubes
nacionais. Pelo menos é o
que se vê neste Brasileiro.
O campeonato nacional,
que chega em sua reta final,
coleciona histórias de insucessos de jogadores que chegaram do exterior na janela
do meio deste ano.
Valdivia sofre com uma fibrose e não consegue se firmar no Palmeiras; Keirrison,
no Santos, Rafael Sobis, no
Inter, e Belletti, no Fluminense, também penam com problemas musculares. Todos
eles, e outros, chegaram no
meio do ano do exterior.
Não é coincidência. Jogar
no Brasil após longos períodos fora do país requer um
tempo de readaptação e preparo, afirmam especialistas
ouvidos pela Folha.
O problema é o calendário.
Quem chega ao Brasil no
meio da temporada estava
em férias no exterior. Ou seja,
fora de forma e de ritmo.
Enquanto isso, o Campeonato Brasileiro pega fogo. E
aí entra o imediatismo: pressão para que as estrelas recém-contratadas estreiem.
"A volta no meio da temporada dá um choque de
transição muito grande", diz
o fisiologista Turíbio Leite de
Barros Neto, ex-São Paulo.
"O jogador que vem do exterior normalmente chega
para ser a solução do clube.
Então o tempo de recuperação e readaptação é mais curto, facilitando lesões e contusões", declarou o médico.
Valdivia, o exemplo mais
recente, entrou no intervalo
contra o Corinthians e saiu
meia hora depois, com dores.
Anteontem, contra o Atlético-MG, começou jogando, e
saiu após 19 minutos. Entre
os jogos, foram menos de três
dias de recuperação.
"Nosso calendário exige
mais da parte física do atleta.
Aqui, joga-se muito em relação ao exterior", disse Luís
Fernando de Barros, fisiologista do Santos. "Normalmente um jogador que chega
ao Brasil requer um tempo
maior de preparação. Então,
se você forçá-lo a se preparar
mais rápido, corre riscos."
Calendário apertado não é
o único problema. No Brasil,
tudo é diferente. Os gramados são piores, o que facilita
contusões. O clima também
pode contribuir. Quem chega
do inverno rigoroso pode sofrer com o calor brasileiro.
"Fiquei dois meses nos
Emirados Árabes, e o ritmo
de um jogo lá é brincadeira
perto de um jogo daqui", disse Barros Neto, referindo-se,
justamente, ao país onde
Valdivia atuava antes de voltar. Agora ele não tem data
certa pra voltar a jogar.
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