São Paulo, sexta-feira, 29 de outubro de 2010

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Choque térmico

Atletas repatriados no meio do ano fracassam em readaptação e colecionam lesões no Nacional

LUCAS REIS
DE SÃO PAULO

Repatriar estrelas pode não ser um negócio tão vantajoso assim para os clubes nacionais. Pelo menos é o que se vê neste Brasileiro.
O campeonato nacional, que chega em sua reta final, coleciona histórias de insucessos de jogadores que chegaram do exterior na janela do meio deste ano.
Valdivia sofre com uma fibrose e não consegue se firmar no Palmeiras; Keirrison, no Santos, Rafael Sobis, no Inter, e Belletti, no Fluminense, também penam com problemas musculares. Todos eles, e outros, chegaram no meio do ano do exterior.
Não é coincidência. Jogar no Brasil após longos períodos fora do país requer um tempo de readaptação e preparo, afirmam especialistas ouvidos pela Folha.
O problema é o calendário.
Quem chega ao Brasil no meio da temporada estava em férias no exterior. Ou seja, fora de forma e de ritmo.
Enquanto isso, o Campeonato Brasileiro pega fogo. E aí entra o imediatismo: pressão para que as estrelas recém-contratadas estreiem.
"A volta no meio da temporada dá um choque de transição muito grande", diz o fisiologista Turíbio Leite de Barros Neto, ex-São Paulo.
"O jogador que vem do exterior normalmente chega para ser a solução do clube. Então o tempo de recuperação e readaptação é mais curto, facilitando lesões e contusões", declarou o médico.
Valdivia, o exemplo mais recente, entrou no intervalo contra o Corinthians e saiu meia hora depois, com dores. Anteontem, contra o Atlético-MG, começou jogando, e saiu após 19 minutos. Entre os jogos, foram menos de três dias de recuperação.
"Nosso calendário exige mais da parte física do atleta. Aqui, joga-se muito em relação ao exterior", disse Luís Fernando de Barros, fisiologista do Santos. "Normalmente um jogador que chega ao Brasil requer um tempo maior de preparação. Então, se você forçá-lo a se preparar mais rápido, corre riscos."
Calendário apertado não é o único problema. No Brasil, tudo é diferente. Os gramados são piores, o que facilita contusões. O clima também pode contribuir. Quem chega do inverno rigoroso pode sofrer com o calor brasileiro.
"Fiquei dois meses nos Emirados Árabes, e o ritmo de um jogo lá é brincadeira perto de um jogo daqui", disse Barros Neto, referindo-se, justamente, ao país onde Valdivia atuava antes de voltar. Agora ele não tem data certa pra voltar a jogar.


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