EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Roy Jones Jr. dos pesos mais leves, o mexicano Ricardo "Finito" Lopez, anunciou sua aposentadoria nesta semana.
Por que a comparação com o campeão dos meio-pesados?
É que, assim como Jones Jr., Lopez dominou sem dificuldade as categorias nas quais lutou, a dos palhas (a mais leve categoria do boxe) e a dos moscas-ligeiros.
A maior evidência disto? Lopez, 36, está pendurando as luvas invicto, com 51 vitórias e 1 empate.
Assim como acontece com Jones Jr., foi a falta de oposição de qualidade que afetou a carreira de Lopez. Afinal, o legado dos pugilistas é definido por seus rivais.
Na lista de vítimas de Lopez havia lutadores que teriam sido ou se mantido como campeões se não tivesse sido por Lopez, porém nenhum era um fora-de-série.
Sabedor disso, Lopez buscou combates com o compatriota Humberto Gonzalez e o americano Michael Carbajal. Quando subiu de categoria, porém, Gonzalez e Carbajal haviam se aposentado ou ascendido de peso.
Um fato vergonhoso é que Christy Martin ganhava bolsas até superiores às de Lopez, apesar de seu talento representar um décimo, ou menos, daquele de Lopez. É que Martin, a mais famosa lutadora do mundo e que tem estilo semelhante ao de um bêbado brigando em um bar, era considerada "atração" superior a Lopez.
(Para a luta mais importante de sua carreira, a revanche com o nicaraguense Rosendo Alvarez, a bolsa de Lopez foi de US$ 50 mil.)
Mas Lopez sempre foi subestimado. Por exemplo, "Finito" tem o maior número de defesas de cinturão em uma categoria de peso, a dos palhas, 21. É só superado pelo peso-pesado Joe Louis (25).
Um detalhe curioso é o fato de Lopez não se encaixar no estereótipo do lutador mexicano, brigador, que sempre vai para a frente.
"Finito" tinha técnica refinada, embora mantivesse pegada até os momentos finais de suas lutas.
Quem viu seu combate com Andy Tabanas, em 1995, o viu acabar com o rival no 12º e último assalto. Foi uma cena impressionante, seu golpe fez com que Tabanas ficasse sem equilíbrio, parado no lugar, parecendo que brincava com um bambolê invisível, forçando o árbitro a intervir.
Lopez é um futuro membro do Hall da Fama. Mas, e entre seus compatriotas, qual sua posição?
Júlio César Chávez é, indubitavelmente, de longe, muito longe, aliás, o maior lutador mexicano da história. Por seu cartel (104 vitórias, 5 derrotas e 2 empates), pela qualidade de oposição (seu cartel é como um quem é quem do boxe, sem falar em sua coleção de cinturões) e (relativo) carisma.
A seguir, viria o pena Salvador Sanchez, morto prematuramente, que se transformou em mito entre seus compatriotas, mais por causa de seu potencial do que pelas realizações, embora tenha batido o invicto campeão supergalo Wilfredo Gomez, Juan LaPorte e um jovem Azumah Nelson.
Ruben Olivares, este, sim, um típico brigador mexicano, beneficiou-se de rivalidades com Chucho Castillo e Bobby Chacon.
Miguel Canto era um mestre da defesa. Quando Oscar de la Hoya pensou em melhorar a defesa, convocou o ex-técnico de Canto.
"Finito" viria logo a seguir na lista dos melhores mexicanos, com Vicente Saldivar (bicampeão que amargou só uma derrota durante primeiro reinado) e o pegador Carlos Zarate (nocauteou 46 dos primeiros 47 oponentes).

Brasil 1
A última edição da "Boxing Digest" inclui Popó na lista dos dez melhores pugilistas do mundo, independentemente da categoria de peso. O brasileiro é o décimo, logo atrás do campeão dos pesados, o inglês Lennox Lewis. O mais bem colocado na listagem é o campeão unificado dos meio-pesados Roy Jones Jr., seguido pelo campeão dos médios, o americano Bernard Hopkins (segundo), e pelo campeão dos médios-ligeiros, o americano Oscar de la Hoya.

Brasil 2
Os campeões do Brasileiro amador, vencido pelo Pará: Pedro Otas (superpesado), Rafael Lima (pesado), Marcelo Cruz (meio-pesado), Joilson Santos (médio), Cleiton Conceição (médio-ligeiro), Marcos Costa (meio-médio), Claudionei Lacerda (meio-médio-ligeiro), Alessandro Matos (leve), Carlos Sousa (pena), Cleber Santos (galo), James Dean Pereira (mosca) e Julião Neto (mosca-ligeiro). A BandSports exibe VT das finais hoje, a partir das 20h.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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