São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 2006

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RÉGIS ANDAKU

Deixa o homem trabalhar


"Herança maldita" ainda intimida patrocínio para a CBT, mas presidente segue em sua luta por dias melhores


ALGUMAS COISAS mudam: hoje, as portas da Confederação Brasileira de Tênis, por exemplo, estão seguras. A presidência não chama o chaveiro semanalmente para trocar as fechaduras, como chegou a fazer uma época para evitar que a oposição tomasse posse da sede, com mandados jurídicos e a polícia.
Outras não mudam: o quadro que enfeita a recepção da casa na avenida Arnolfo de Azevedo, em São Paulo, traz a reprodução da capa de uma revista da própria CBT com Gustavo Kuerten em ação e nela um adesivo branco cobre o nome de um personagem entrevistado naquela edição: o ex-presidente Nelson Nastás.
Jorge Lacerda da Rosa, que tirou Nastás da sede da CBT quando ela ainda ficava na avenida Paulista, segue firme e forte, no segundo andar. E fecha mais um ano convivendo com vacas magras e limitações. Mesmo os pequenos luxos de sua sala, afirma, não vêm das receitas da entidade: o ar-condicionado e o frigobar, explica, vieram de um depósito no Rio em que móveis velhos da CBT estavam quase perdidos.
Atrás de sua mesa de madeira ("Meio quebrada, também trouxe da outra sede"), Jorge dispara ligações em busca de dinheiro para a entidade. A CBT poderia fechar a temporada no azul, garante, mas um dinheiro a receber que ficou pelo caminho ("Quase R$ 1 milhão") desmoronou o planejamento financeiro do ano.
Assim o dirigente justifica a saia justa de ser flagrado levando dinheiro de inscrições de torneios a uma conta em nome de outra entidade. "A Justiça sufoca uma entidade que já está em dificuldade para obrigá-la a pagar uma dívida", esbraveja o presidente da CBT. "Foi uma forma de continuar trabalhando. Senão fecha isto e vamos embora."
Sem grana, sem recursos para investir, sem um Gustavo Kuerten ("Todo mundo se acostumou com Guga, agora ninguém mais quer saber") e com um caminhão de processos trabalhistas a resolver, o bravo Jorge não perdeu, por enquanto, a esperança.
Neste ano, viu avanços. "Fizemos 24 futures", orgulha-se. "Desburocratizamos a organização desses torneios e trabalhamos com os organizadores que sempre estiveram envolvidos com o tênis." Fala com orgulho da aproximação com os clubes. "São os donos das quadras por todo o país, e, se estamos pensando em levar mais gente para o tênis, os clubes são de muito importância", afirma.
Para 2007, ele mostra mais otimismo ainda, de um novo, outro ano: "A CBT está perto de fechar um patrocínio. Regularizamos a situação caótica que encontramos aqui, e com isso os patrocinadores voltam. Saindo [o patrocínio], teremos folga. O que a gente quer é trabalhar." Hoje, até as federações, que estavam divididas à época da eleição, e a oposição parecem concordar. Pelo menos por enquanto, estão deixando o homem trabalhar.

COPA DAVIS
Em confronto de alta combustão, a Rússia recebe a Argentina na final em Moscou. "Ganharemos por 3 a 2", provoca Marat Safin. "Mas eles [argentinos] podem ficar tranqüilos. Aqui não é [inseguro] como lá [em Buenos Aires]."

COPA PETROBRAS
O Masters, com os melhores das cinco etapas, será disputado nesta semana no Rio. Vai até sábado.

FUTURE DE CRICIÚMA
O gaúcho Lucas Engel ficou com o título ao derrotar o também gaúcho Franco Ferreiro. Nesta semana, Engel é o favorito no Future de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.

CIRCUITO UNIMED
Os melhores de todas as etapas do circuito jogam nesta semana, no Pinheiros, em São Paulo.

reandaku@uol.com.br


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