|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cansado e sem propostas, Romário diz que vai parar
Enfastiado com o futebol e desdenhado por clubes, herói da Copa de 94 promete, aos 38 anos, encerrar carreira marcada por rixas e belos gols
DA SUCURSAL DO RIO
Sem proposta para a próxima
temporada, o atacante Romário
decidiu encerrar a carreira.
A pouco mais de um mês de
completar 39 anos, o jogador declarou, ao jornal "O Globo", que
não vai jogar em 2005. "Parei. Não
dá mais. Não tenho mais vontade", afirmou o atacante, que passa
férias em Santa Catarina.
Amigos do centroavante ouvidos ontem pela Folha declararam
ter ouvido de Romário neste mês
que ele pretende mesmo pendurar as chuteiras.
O atacante alegou a esses amigos que não agüenta mais a rotina
puxada de treinos e viagens de
uma equipe profissional.
Contundido várias vezes em
2004, um dos motivos que levaram o Fluminense a rescindir o
seu contrato antes do final do Brasileiro, Romário termina o ano
sem receber sondagens de clubes
para continuar no futebol. "Já tive
várias ofertas para ele, mas nenhuma tem relação com jogar. Ele
nunca falou comigo em parar,
mas não acho improvável isso
acontecer", afirmou Luiz Moraes,
procurador do jogador.
De acordo com Moraes, as propostas de contrato são para o jogador fazer comerciais e/ou para
trabalhar em clubes do exterior
-como dirigente ou até como
professor de escolinhas.
O procurador disse que não
conversou nem com o presidente
do Vasco, Eurico Miranda. Antes
do final do Brasileiro, o cartola carioca declarou que pretendia contar com Romário no próximo Estadual do Rio. De acordo com a
assessoria de imprensa do clube,
o Vasco respeita a atitude do jogador, mas deixa claro que pode
voltar a negociar com ele, caso
mude de idéia. Uma eventual
contratação, porém, dependeria
da ajuda de um patrocinador para
bancar os altos salários do craque
-nunca abaixo dos R$ 100 mil.
Além do Vasco, apenas o Lagartos, de Tabasco, time da segunda
divisão do México, havia anunciado o interesse em contar com o jogador em 2005.
Despedida
No mês passado, Romário já começava a planejar o seu futuro
longe dos gramados.
Ele aproveitou a viagem aos
EUA, onde fez a sua "despedida
internacional" em um amistoso
contra veteranos da seleção mexicana, para negociar com agentes
do futebol norte-americano. Foi
sondado para comandar programas de treinamentos com crianças a partir do próximo ano.
Após aquele jogo, ele já dava sinais de que o anúncio do fim da
sua carreira estava próximo.
"É muito difícil dizer que não
pensei nisso várias vezes durante
o jogo, mas preciso de mais alguns dias para chegar a uma conclusão", disse o atacante, após
chorar várias vezes durante a partida, que também marcou a despedida do goleiro Jorge Campos.
Profissional desde 1985, quando
estreou no Vasco, o atacante ganhou fama no futebol mundial
pela sua rapidez no início da carreira e pela precisão dentro da
área. Nestes 19 anos, defendeu sete clubes: Vasco, PSV Eindhoven
(Holanda), Barcelona (Espanha),
Flamengo, Valencia (Espanha),
Fluminense e Al-Saad (Qatar).
Pela seleção brasileira, Romário
disputou duas Copas do Mundo
-1990 e 1994. Nesta última, foi o
destaque do torneio e o artilheiro
da seleção (cinco gols) na conquista do tetracampeonato.
Apesar do título em gramados
americanos, teve uma série de
frustrações em Copas. Em 1990,
ficou na reserva a maior parte do
tempo. Em 1998, na França, foi
cortado pouco antes do início da
competição. Por fim, em 2002, foi
desprezado por Luiz Felipe Scolari mesmo após uma campanha
nacional por sua convocação.
De volta ao Rio hoje, Romário
vai começar a preparar a sua despedida oficial.
Ele planeja jogar no Maracanã
vestindo as camisas do Vasco e do
Flamengo, clubes com os quais
diz ter mais identificação. Antes,
fará uma grande festa de Réveillon na sua cobertura em um luxuoso condomínio da Barra da
Tijuca, zona oeste do Rio.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: O que ele disse Índice
|