São Paulo, quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

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Cansado e sem propostas, Romário diz que vai parar

Enfastiado com o futebol e desdenhado por clubes, herói da Copa de 94 promete, aos 38 anos, encerrar carreira marcada por rixas e belos gols

DA SUCURSAL DO RIO

Sem proposta para a próxima temporada, o atacante Romário decidiu encerrar a carreira.
A pouco mais de um mês de completar 39 anos, o jogador declarou, ao jornal "O Globo", que não vai jogar em 2005. "Parei. Não dá mais. Não tenho mais vontade", afirmou o atacante, que passa férias em Santa Catarina.
Amigos do centroavante ouvidos ontem pela Folha declararam ter ouvido de Romário neste mês que ele pretende mesmo pendurar as chuteiras.
O atacante alegou a esses amigos que não agüenta mais a rotina puxada de treinos e viagens de uma equipe profissional.
Contundido várias vezes em 2004, um dos motivos que levaram o Fluminense a rescindir o seu contrato antes do final do Brasileiro, Romário termina o ano sem receber sondagens de clubes para continuar no futebol. "Já tive várias ofertas para ele, mas nenhuma tem relação com jogar. Ele nunca falou comigo em parar, mas não acho improvável isso acontecer", afirmou Luiz Moraes, procurador do jogador.
De acordo com Moraes, as propostas de contrato são para o jogador fazer comerciais e/ou para trabalhar em clubes do exterior -como dirigente ou até como professor de escolinhas.
O procurador disse que não conversou nem com o presidente do Vasco, Eurico Miranda. Antes do final do Brasileiro, o cartola carioca declarou que pretendia contar com Romário no próximo Estadual do Rio. De acordo com a assessoria de imprensa do clube, o Vasco respeita a atitude do jogador, mas deixa claro que pode voltar a negociar com ele, caso mude de idéia. Uma eventual contratação, porém, dependeria da ajuda de um patrocinador para bancar os altos salários do craque -nunca abaixo dos R$ 100 mil.
Além do Vasco, apenas o Lagartos, de Tabasco, time da segunda divisão do México, havia anunciado o interesse em contar com o jogador em 2005.

Despedida
No mês passado, Romário já começava a planejar o seu futuro longe dos gramados.
Ele aproveitou a viagem aos EUA, onde fez a sua "despedida internacional" em um amistoso contra veteranos da seleção mexicana, para negociar com agentes do futebol norte-americano. Foi sondado para comandar programas de treinamentos com crianças a partir do próximo ano.
Após aquele jogo, ele já dava sinais de que o anúncio do fim da sua carreira estava próximo.
"É muito difícil dizer que não pensei nisso várias vezes durante o jogo, mas preciso de mais alguns dias para chegar a uma conclusão", disse o atacante, após chorar várias vezes durante a partida, que também marcou a despedida do goleiro Jorge Campos.
Profissional desde 1985, quando estreou no Vasco, o atacante ganhou fama no futebol mundial pela sua rapidez no início da carreira e pela precisão dentro da área. Nestes 19 anos, defendeu sete clubes: Vasco, PSV Eindhoven (Holanda), Barcelona (Espanha), Flamengo, Valencia (Espanha), Fluminense e Al-Saad (Qatar).
Pela seleção brasileira, Romário disputou duas Copas do Mundo -1990 e 1994. Nesta última, foi o destaque do torneio e o artilheiro da seleção (cinco gols) na conquista do tetracampeonato.
Apesar do título em gramados americanos, teve uma série de frustrações em Copas. Em 1990, ficou na reserva a maior parte do tempo. Em 1998, na França, foi cortado pouco antes do início da competição. Por fim, em 2002, foi desprezado por Luiz Felipe Scolari mesmo após uma campanha nacional por sua convocação.
De volta ao Rio hoje, Romário vai começar a preparar a sua despedida oficial.
Ele planeja jogar no Maracanã vestindo as camisas do Vasco e do Flamengo, clubes com os quais diz ter mais identificação. Antes, fará uma grande festa de Réveillon na sua cobertura em um luxuoso condomínio da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.


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