São Paulo, sábado, 29 de dezembro de 2007

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o eldorado é aqui

Brasil abre as portas para estrangeiros e repatriados

Exportação de atletas, com o real forte, cresce 27%, contra 57% de "importados"

Principais clubes do país trouxeram só em dezembro mais de 25 jogadores que estavam atuando em equipes do exterior

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil segue um grande exportador de jogadores de futebol, mas o caminho inverso ganhou muita força em 2007.
Com o real cada vez mais forte em relação ao dólar americano (a moeda que ainda predomina no futebol em termos globais), o fluxo de estrangeiros contratados para os clubes nacionais e a repatriação de atletas brasileiros estão em alta. Segundo dados da CBF, computando os registros feitos até meados de novembro, o número de "retornos", que engloba a volta de jogadores brasileiros e a vinda de estrangeiros, cresceu 57% em relação a todo ano de 2006 (passou de 311 a 489).
O crescimento no número de transferências daqui para agremiações do exterior foi bem menor (27%, de 851 para 1.085).
Numa escala maior, essa movimentação segue a balança comercial brasileira, em que as exportações, graças ao real forte, sobem menos (19%) do que as importações (35%).
E pelo que aconteceu em dezembro a balança no futebol vai ficar ainda mais inclinada para a "importação". Os clubes da primeira divisão junto com o Corinthians, da Série B, já acertaram com mais de 25 jogadores estrangeiros ou brasileiros que atuavam no exterior.
O caminho contrário não foi tão comum assim -o zagueiro são-paulino Breno e o lateral corintiano Coelho foram algumas das exceções.
Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai e Uruguai têm hoje atletas contratados por times da primeira divisão nacional.
"Um pedaço dessa movimentação é responsabilidade do enfraquecimento do dólar, mas há a valorização do futebol brasileiro. Os jogadores estrangeiros perceberam essa valorização.
Os clubes começam a se modernizar e acompanhar os passos da seleção brasileira, principalmente em termos de marketing", diz Kléber Leite, vice de futebol do Flamengo, sobre a tendência atual do mercado da bola nacional, em opinião que não é compartilhada ao todo por Wagner Ribeiro, um dos principais empresários do país.
"O principal motivo é que o futebol brasileiro está carente de jogadores de alto nível. Antigamente, o campeonato nacional tinha uns cinco ou seis destaques. Este ano só teve o Rogério", afirma Ribeiro. "Quem veio de fora, como o Valdivia, foi bem. Não é por acaso que meu telefone não para de tocar com gente oferecendo jogadores do Uruguai, Paraguai. Pode ter certeza que vão chegar mais jogadores de fora", completa.
Alguns clubes, como o Corinthians, já atingiram o limite de três estrangeiros -o time alvinegro acertou com o argentino Herrera, o chileno Suárez e o uruguaio Acosta.
O último, um dos dois estrangeiros eleitos para a seleção ideal do último Nacional (o chileno Valdivia foi o outro) já estava no Brasil, mas os outros trocaram clubes de seus países, onde os salários raramente ultrapassam os US$ 20 mil, que pelo câmbio atual equivalem a R$ 35 mil, um salário normal atualmente para os grandes times nacionais. "A queda do dólar ajudou.
Com ele a R$ 2,80, um jogador só podia ganhar US$ 100 mil por mês fora do país. Hoje, um bom jogador ganha US$ 100 mil no Brasil", diz Ribeiro.
A lista de repatriados também é grande, e tem nomes de peso. A começar pelo atacante Adriano, que vai ganhar no São Paulo bem menos do que na Inter de Milão, mas a diferença seria muito maior se um euro valesse mais de R$ 4, como em 2003, e não pouco mais de R$ 2,50, como agora.
Plano ainda mais ambicioso tem o Flamengo, cuja diretoria promete fazer o máximo para contratar Ronaldo, que está fora do Brasil desde o distante ano de 1994.
Atletas que estavam em alta em países com bons salários também voltaram ao Brasil. Um caso notório é o do atacante Washington, que era ídolo no Urawa Red Diamonds, o clube japonês campeão asiático de 2007, e que acaba de acertar com o Fluminense.


Colaborou RICARDO PERRONE, do Painel FC

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