São Paulo, quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

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TOSTÃO

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O Barça não tem um centroavante. Os três da frente se movimentam, dão passes e fazem gols


APÓS O BRASILEIRÃO, o assunto mais comentado na parte técnica foi o fato de os três melhores meias ofensivos ou de ligação serem argentinos: Conca, Montillo e D'Alessandro.
Um dos motivos é que os argentinos valorizam mais, nas categorias de base, o meia habilidoso e criativo, enquanto no Brasil a preocupação maior é formar bons jogadores, altos, fortes e em série, para exportação.
Treinadores das categorias de base sofrem também pressão de agentes de jogadores, que, algumas vezes, são conselheiros e dirigentes dos clubes.
Não se deve confundir habilidade com talento. Para ser um ótimo meia, é necessário, além de habilidade, ter criatividade e técnica, ou seja, antever o lance, ter um bom passe, finalizar com eficiência, além de possuir várias qualidades físicas e emocionais. O talento é a síntese de tudo isso.
O futebol brasileiro precisa mais de volantes do que de meias. O excepcional Ganso estará de volta em 2011. Apesar de ter características de atacante, o meia Kaká poderá voltar a brilhar no próximo ano. Há outros, como Alex, do Fenerbahce, que vai ficar na história como um dos craques que não foram à Copa do Mundo.
Todas as equipes do Brasil sonham com dois volantes, um típico centroavante, para fazer gols, e um meia de ligação habilidoso, para atuar livre entre o meio-campo e o ataque.
O Barcelona, a melhor equipe do mundo, não tem um centroavante -os três da frente se movimentam, dão passes e fazem gols. O time joga apenas com um volante fixo (Busquets). Xavi e Iniesta não são meias, são armadores que marcam como volantes e avançam como meias.
O Barcelona, sem centroavante, tem feito muitos gols com os velozes Pedro e Villa, que jogam pelos lados, entrando em diagonal nas costas dos dois zagueiros, para receber o passe de Iniesta, Xavi e Messi. Contra o Real Madrid, saíram dois gols desse jeito e quase mais dois, sob os olhares do "genial" técnico Mourinho.
Essa jogada do Barcelona me lembra a do Bangu, campeão carioca no anos 1960. O centroavante Biachini recuava, atraía os zagueiros, enquanto os pontas Paulo Borges e Mateus entravam em diagonal pelo centro, para receber o lançamento do meia Parada.
O Bangu deu várias goleadas jogando dessa forma até os técnicos perceberem o óbvio, que, para anular essa jogada, bastava colocar os defensores mais recuados.
Os treinadores brasileiros precisam sair da mesmice.


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