São Paulo, quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

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Veterano na São Silvestre, João Rosário, 83, dá conselhos sobre o percurso da prova paulistana

Rodolfo Lucena/Folhapress
João Rosário, 83, que estreou em 1953 na São Silvestre

RODOLFO LUCENA
EDITOR DE TEC E DO BLOG +CORRIDA

O momento mais perigoso da São Silvestre é a descida da Consolação, ensina João Rosário, do alto de sua experiência como coordenador do Vovocop's, grupo que reúne corredores veteranos, calejados em corridas de rua.
Ex-engraxate, ex-tintureiro, ex-barbeiro, advogado formado e aposentado como funcionário de cartório, Rosário, 83, lembra momentos dramáticos da descida.
"O corredor fica empolgado, quer dar tudo o que tem. Já vi muito corredor cair ali, ficar vomitando na rua. Outros tropeçam, caem..."
Mas aponta a solução: "Tem de ir moderadamente, deixar para correr depois da Consolação. Daí ele dá o ritmo dele, que deve conservar até a subida da Brigadeiro".
Na primeira vez em que o líder do Vovocop's correu a São Silvestre, as coisas eram diferentes. Foi em 1953, mesmo ano em que participou da prova o tcheco Emil Zatopek, único corredor da história a conquistar o ouro nas provas de 5.000 metros, 10 mil metros e maratona da mesma Olimpíada (Helsinque-1952).
Mas, para Garça (a 404 km de São Paulo), a figura mais importante foi o doutor Rosarinho, como é conhecido o corredor, o primeiro filho da cidade na São Silvestre. Na volta, recebeu homenagens na Câmara Municipal e virou notícia no jornal local.
Lembra que a prova, então com 7,5 km, era um acontecimento social. Quem daria o tiro da largada seria o governador da época, Adhemar de Barros. "Mas alguém soltou um foguete, e quem diz que conseguiram segurar os corredores? Saiu todo mundo correndo, até o Zatopek."
O futuro vovocop atuou bem. "Correram 4.500 atletas, e fui o 356º colocado. Consegui minha medalha. Na época, só ganhava medalha até o 400º colocado."
Foi também a última corrida da juventude de João Rosário. As exigências da sobrevivência, do trabalho e da família fizeram com que ele deixasse de lado o hobby, esquecido por mais de 40 anos.
Em 1995, por sugestão da mulher, Elza, voltou a participar de uma corridinha. Já vinha treinando havia alguns anos, mas nem pensava em enfrentar uma prova.
Foi uma corrida de 5 km, em Osasco, onde mora. Aos 67 anos, na prova em homenagem a Nossa Senhora dos Remédios, ficou em segundo lugar entre os maiores de 40.
Voltou à São Silvestre naquele mesmo ano. "Terminei em 1h41min e fui o 11º colocado na minha categoria." Não parou mais. Além da série de participações na São Silvestre, correu 35 maratonas, uma ultramaratona (50 km) e dezenas de provas menores.
E dá dicas para quem pretende estrear na São Silvestre: "Procure correr com um atleta de mais experiência, para seguir o ritmo dele. Não queira acompanhar alguém muito rápido, mas sim um que corra moderadamente".
Além dos cuidados com o ritmo e com a hidratação (deve-se beber água em todos os postos, pelo menos alguns goles), o vovocop diz que é preciso correr com a cabeça.
"O retão da Rio Branco é um momento crítico. Se quiser correr demais, não pode. Exagerou, extravasou, quebrou. Tem de ter perseverança, coragem, ânimo", diz ele.


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