São Paulo, segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

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FUTEBOL

Fla-Flu que salva

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

De nacional mesmo, no domingo do futebol pelo Brasil, só o clássico no Maracanã.
E havia apenas uma dúvida: de quanto seria a vitória tricolor? -apesar de a sabedoria de Nelson Rodrigues já ter ensinado que "o Fla-Flu nasceu 40 minutos antes do nada".
Eis que 45 minutos depois de iniciado, o Fla-Flu mostrava que é mesmo um jogo diferente.
Debaixo de uma chuva torrencial e diante de 40 mil torcedores, o Flamengo começou muito melhor, e Diego Souza mandou dois torpedos ensopados bem aparados pelo goleiro tricolor, também Diego (como o do rubro-negro, outro Diego).
Mas foi o talento de Petkovic que prevaleceu, só ele é capaz de dar o drible seco que deu em Renato Goiano no gramado encharcado. O zagueiro do Mengo ficou orfão de pai, mãe e parteiro, e o pé esquerdo do sérvio fez 1 a 0.
O placar moral (invenção do jornalista e chargista Otelo Caçador, que morreu na semana passada) não era esse, mas o manto sagrado (outra de Otelo), deu o ar de sua graça pelos pés de Jônatas, depois de preciosa jogada de Leonardo Moura, para empatar o primeiro tempo.
No segundo, Tuta recebeu de Pet e fez 2 a 1, mas Diego soltou um chute de Leonardo Moura para o paraguaio Ramirez empatar.
O tricolor Nelson Rodrigues, experiente lá em cima, sorriu, porque o placar foi bom para o seu Flu. E Otelo Caçador, a caminho, também sorriu, porque ninguém ganha do seu Mengo na véspera.
Placar moral? 3 a 2, Mengo.
 
Já o Campeonato Paulista, enfim, terá um clássico no domingo que vem, entre o líder Palmeiras e o ainda desarrumado São Paulo.
Palmeiras que até começou a jogar bem na goleada diante da Portuguesa Santista e teve na atuação de Edmundo um alento em meio ao deserto de grandes atacantes que assola a maioria de nossos clubes.
O senso de colocação e o conhecimento dos atalhos do campo, a experiência, enfim, têm tudo para fazer de Edmundo, sem os privilégios, o Romário do Palmeiras.
O Morumbi será palco de uma partida que deve significar muito para o São Paulo e que embute um risco para o líder, certamente desgastado com a viagem à Venezuela para o jogo de volta contra o Deportivo Táchira.
Verdade que Leão conseguiu fazer a poupança que planejou diante dos pequenos e poderá começar a gastar a gordurinha acumulada com, por exemplo, um empate no domingo.
De freio de mão ainda puxado, mas valendo-se dos talentos que tem no meio de campo e na frente, o Corinthians passeou em Americana, com decisiva atuação de Rosinei, estranhamente substituído por Carlos Alberto.
A boa nova foi a excelente atuação do jovem goleiro Marcelo, e Ricardinho reestreou discretamente, embora tenha dado o terceiro gol para Nilmar.
Digam o que disserem, os corintianos só pensam numa coisa: na Libertadores da América.

Cartolão
Que Lula não saiba que o São Paulo e o Santos também têm seus museus como o que foi inaugurado pelo Corinthians, deve-se creditar a tantas outras coisas que ele não sabe, não soube ou fingiu não saber. Que ele tenha dito que o futebol brasileiro é tetracampeão, fica por conta de um simples lapso, pois torcedor que é não ignora o pentacampeonato. Mas é indefensável que o presidente tenha aliviado os cartolas ao dizer que só quem não quer fazer nada os acusa de "passar a mão no dinheiro dos times". Se é assim, por que ele assinou, como sua primeira lei, a chamada Lei da Moralização do Esporte? Parece que, depois de tanto recurso não contabilizado, mensalão, delúbios, valérios e mentores, Lula ficou mais compreensivo. E cúmplice.

@ - blogdojuca@uol.com.br


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