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FUTEBOL
Fla-Flu que salva
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
De nacional mesmo, no domingo do futebol pelo Brasil,
só o clássico no Maracanã.
E havia apenas uma dúvida: de
quanto seria a vitória tricolor?
-apesar de a sabedoria de Nelson Rodrigues já ter ensinado que
"o Fla-Flu nasceu 40 minutos antes do nada".
Eis que 45 minutos depois de
iniciado, o Fla-Flu mostrava que
é mesmo um jogo diferente.
Debaixo de uma chuva torrencial e diante de 40 mil torcedores,
o Flamengo começou muito melhor, e Diego Souza mandou dois
torpedos ensopados bem aparados pelo goleiro tricolor, também
Diego (como o do rubro-negro,
outro Diego).
Mas foi o talento de Petkovic
que prevaleceu, só ele é capaz de
dar o drible seco que deu em Renato Goiano no gramado encharcado. O zagueiro do Mengo ficou
orfão de pai, mãe e parteiro, e o pé
esquerdo do sérvio fez 1 a 0.
O placar moral (invenção do
jornalista e chargista Otelo Caçador, que morreu na semana passada) não era esse, mas o manto
sagrado (outra de Otelo), deu o ar
de sua graça pelos pés de Jônatas,
depois de preciosa jogada de Leonardo Moura, para empatar o
primeiro tempo.
No segundo, Tuta recebeu de
Pet e fez 2 a 1, mas Diego soltou
um chute de Leonardo Moura para o paraguaio Ramirez empatar.
O tricolor Nelson Rodrigues, experiente lá em cima, sorriu, porque o placar foi bom para o seu
Flu. E Otelo Caçador, a caminho,
também sorriu, porque ninguém
ganha do seu Mengo na véspera.
Placar moral? 3 a 2, Mengo.
Já o Campeonato Paulista, enfim, terá um clássico no domingo
que vem, entre o líder Palmeiras e
o ainda desarrumado São Paulo.
Palmeiras que até começou a
jogar bem na goleada diante da
Portuguesa Santista e teve na
atuação de Edmundo um alento
em meio ao deserto de grandes
atacantes que assola a maioria de
nossos clubes.
O senso de colocação e o conhecimento dos atalhos do campo, a
experiência, enfim, têm tudo para
fazer de Edmundo, sem os privilégios, o Romário do Palmeiras.
O Morumbi será palco de uma
partida que deve significar muito
para o São Paulo e que embute
um risco para o líder, certamente
desgastado com a viagem à Venezuela para o jogo de volta contra
o Deportivo Táchira.
Verdade que Leão conseguiu fazer a poupança que planejou
diante dos pequenos e poderá começar a gastar a gordurinha acumulada com, por exemplo, um
empate no domingo.
De freio de mão ainda puxado,
mas valendo-se dos talentos que
tem no meio de campo e na frente, o Corinthians passeou em
Americana, com decisiva atuação
de Rosinei, estranhamente substituído por Carlos Alberto.
A boa nova foi a excelente atuação do jovem goleiro Marcelo, e
Ricardinho reestreou discretamente, embora tenha dado o terceiro gol para Nilmar.
Digam o que disserem, os corintianos só pensam numa coisa: na
Libertadores da América.
Cartolão
Que Lula não saiba que o São
Paulo e o Santos também têm
seus museus como o que foi
inaugurado pelo Corinthians,
deve-se creditar a tantas outras
coisas que ele não sabe, não
soube ou fingiu não saber. Que
ele tenha dito que o futebol brasileiro é tetracampeão, fica por
conta de um simples lapso, pois
torcedor que é não ignora o
pentacampeonato. Mas é indefensável que o presidente tenha
aliviado os cartolas ao dizer que
só quem não quer fazer nada os
acusa de "passar a mão no dinheiro dos times". Se é assim,
por que ele assinou, como sua
primeira lei, a chamada Lei da
Moralização do Esporte? Parece que, depois de tanto recurso
não contabilizado, mensalão,
delúbios, valérios e mentores,
Lula ficou mais compreensivo.
E cúmplice.
@ - blogdojuca@uol.com.br
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