São Paulo, segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

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FUTEBOL

Às portas da eleição, presidente corintiano não mostrou a conselho documento que lista irregularidades em contratos

Dualib omite laudo que reprova contas

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Às vésperas de tentar se reeleger presidente do Corinthians, Alberto Dualib omitiu dos conselheiros parecer do Conselho Fiscal que reprova suas contas em 2005.
A Folha obteve cópia do documento em que o Conselho Fiscal não aprova o balanço de 2005.
Nele, o órgão pediu para que o papel fosse apresentado ao Cori (Conselho de Orientação) e ao Conselho Deliberativo.
Isso não foi feito e os dois órgãos aprovaram o balanço sem ler a decisão dos conselheiros fiscais, que, por isso, pretendem entrar na Justiça e anular a reunião da última terça-feira, em que as contas foram aprovadas. A eleição presidencial ocorre na próxima quinta.
O presidente corintiano afirmou que um parecer favorável às contas, assinado por apenas um dos membros do Conselho Fiscal, Eduardo Perez Ceccato, foi lido por um dos conselheiros do clube.
Ceccato, que não foi localizado pela Folha, voltou atrás depois e emitiu, ao lado dos outros dois membros do órgão, um documento contrário às contas.
"O parecer contrário do Conselho Fiscal não foi apresentado, a não ser que eu esteja louco. Tem 300 testemunhas disso", disse o conselheiro Rubens Aprobatto Machado, de oposição.
O relato dos conselheiros fiscais sobre o episódio tem lances que lembram um roteiro de filme sobre mafiosos, com direito até a ameaça de morte.
Cláudio Marcelo Vélez, presidente do Conselho Fiscal, disse ter sido ameaçado por Marcos Fernandes, que faz o controle das contas corintianas.
"Ele disse que eu tenho de ser inteligente, que em ano de eleição os ânimos ficam acirrados no clube e que tenho duas filhas", afirmou Vélez. Fernandes não foi encontrado para comentar o fato.
Horas antes da última reunião do Conselho Deliberativo, os fiscais levaram o parecer para Alberto Dualib e dizem ter sido pressionados a assinar outro documento. Houve bate-boca e pessoas que estavam do lado de fora ouviram os berros de Dualib.
"O Marcos disse que tinha uma arma automática e estava louco para descarregá-la. Falou que nada aconteceria com ele porque a arma tem a sua numeração raspada", contou Fausto Di Toti Garcia, outro dos três integrantes do Conselho Fiscal -os três fiscais dizem que o balanço não confere com os dados financeiros. Avaliam que o déficit deveria ser maior. Reclamam também que não foram sanadas irregularidades encontradas por eles nos balanços de 2003 e 2004, que aprovaram com ressalvas.


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