São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

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Copa acirra rivalidade na Amazônia e no Pantanal

Ministro diz que Fifa quer regiões no Mundial-14, e disputa entre cidades cresce

Belém, Manaus, Rio Branco, Campo Grande e Cuiabá veem crescerem as chances e agora lutam diretamente com o vizinho mais próximo


RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

Às vésperas da definição das sedes para a Copa de 2014, o clima é de final entre as "capitais" do Pantanal (Cuiabá e Campo Grande) e da Amazônia (Manaus e Belém -Rio Branco, no Acre, também concorre).
As cidades viram crescer suas chances após a Fifa anunciar que o torneio terá 12 sedes. A guerra é maior nas capitais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, divididos na década de 70.
A decisão da Fifa foi relatada ontem pelo presidente da entidade, Joseph Blatter, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A escolha levou em conta o critério de ter uma cidade do Pantanal e outra da Amazônia porque são destinos turísticos importantes do Brasil", disse o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., após o encontro.
A Fifa só anunciará as sedes escolhidas em 20 de março, mas a disputa entre as candidatas começou bem antes.
O folder da candidatura de Campo Grande, capital de MS, cita o Estado vizinho como líder de queimadas e "derrubador de florestas". "Johanesburgo, que é considerada uma cidade violenta, mas será o epicentro da Copa de 2010, teve em 2006 média de 39,8 assassinatos por 100 mil habitantes. A média de Cuiabá é maior: 45,2 em 2007", informa. O marqueteiro do comitê é Chico Santa Rita, que fez a campanha de Fernando Collor à Presidência.
O governador de MS, André Puccinelli (PMDB), diz que não vai haver briga entre irmãos, "só umas caneladas". "Mas não pode ter fratura exposta. Não estamos ofendendo, até mesmo os cuiabanos sabem que a nossa capital é mais bonita."
"Estou desconhecendo meu amigo André Puccinelli. Mantemos o bom nível, mas ele, em vez de exaltar belezas do irmão mais velho, fica machucando Cuiabá", afirma o prefeito da capital de MT, Wilson Santos.
Mato Grosso já gastou mais de R$ 1 milhão só na contratação de serviços de consultoria e arquitetura e declara ter aeroporto e rodoviária melhores que as de MS. "Eles até querem nos copiar", cutuca Santos.
Já os sul-mato-grossenses se gabam por não terem feito gastos em projetos e por Campo Grande ser um município mais novo e mais bem planejado. Dizem ainda ter 70% do Pantanal e que estão mais próximos de países como Paraguai e Bolívia.
No fim, segundo relato do ministro do Esporte, só uma das cidades sairá vitoriosa. "Até pensamos em fazer uma candidatura conjunta, mas o Ricardo Teixeira [presidente da CBF] me disse que a ideia não prosperaria", afirma Santos.
No Norte do país, o comitê de Belém tenta fazer de sua localização um ponto a favor na disputa com Manaus, já que provavelmente só uma será escolhida. "Aqui podemos chegar via terrestre, via aérea e de barco. Manaus não teria essa condição", diz o secretário de Esporte de Belém, Carlos Cunha.
Em Manaus, a ordem é não mexer com Belém. "Há rivalidade, como Rio e São Paulo, mas não é febre. Não é proveitoso mostrar imagem ruim. Há espaço para as duas", diz o secretário de Planejamento, Denis Minev. Rio Branco é a outra concorrente da região.


Colaboraram FELIPE BÄCHTOLD , da Agência Folha, e SIMONE IGLESIAS e ALAN MARQUES , da Sucursal de Brasília


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