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Copa acirra rivalidade na Amazônia e no Pantanal
Ministro diz que Fifa quer regiões no Mundial-14, e disputa entre cidades cresce
Belém, Manaus, Rio Branco, Campo Grande e Cuiabá veem crescerem as chances e agora lutam diretamente com o vizinho mais próximo
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
Às vésperas da definição das
sedes para a Copa de 2014, o clima é de final entre as "capitais"
do Pantanal (Cuiabá e Campo
Grande) e da Amazônia (Manaus e Belém -Rio Branco, no
Acre, também concorre).
As cidades viram crescer suas
chances após a Fifa anunciar
que o torneio terá 12 sedes. A
guerra é maior nas capitais de
Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul, divididos na década de 70.
A decisão da Fifa foi relatada
ontem pelo presidente da entidade, Joseph Blatter, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"A escolha levou em conta o
critério de ter uma cidade do
Pantanal e outra da Amazônia
porque são destinos turísticos
importantes do Brasil", disse o
ministro do Esporte, Orlando
Silva Jr., após o encontro.
A Fifa só anunciará as sedes
escolhidas em 20 de março,
mas a disputa entre as candidatas começou bem antes.
O folder da candidatura de
Campo Grande, capital de MS,
cita o Estado vizinho como líder de queimadas e "derrubador de florestas". "Johanesburgo, que é considerada uma cidade violenta, mas será o epicentro da Copa de 2010, teve em
2006 média de 39,8 assassinatos por 100 mil habitantes. A
média de Cuiabá é maior: 45,2
em 2007", informa. O marqueteiro do comitê é Chico Santa
Rita, que fez a campanha de
Fernando Collor à Presidência.
O governador de MS, André
Puccinelli (PMDB), diz que não
vai haver briga entre irmãos,
"só umas caneladas". "Mas não
pode ter fratura exposta. Não
estamos ofendendo, até mesmo
os cuiabanos sabem que a nossa
capital é mais bonita."
"Estou desconhecendo meu
amigo André Puccinelli. Mantemos o bom nível, mas ele, em
vez de exaltar belezas do irmão
mais velho, fica machucando
Cuiabá", afirma o prefeito da
capital de MT, Wilson Santos.
Mato Grosso já gastou mais
de R$ 1 milhão só na contratação de serviços de consultoria e
arquitetura e declara ter aeroporto e rodoviária melhores
que as de MS. "Eles até querem
nos copiar", cutuca Santos.
Já os sul-mato-grossenses se
gabam por não terem feito gastos em projetos e por Campo
Grande ser um município mais
novo e mais bem planejado. Dizem ainda ter 70% do Pantanal
e que estão mais próximos de
países como Paraguai e Bolívia.
No fim, segundo relato do
ministro do Esporte, só uma
das cidades sairá vitoriosa. "Até
pensamos em fazer uma candidatura conjunta, mas o Ricardo
Teixeira [presidente da CBF]
me disse que a ideia não prosperaria", afirma Santos.
No Norte do país, o comitê de
Belém tenta fazer de sua localização um ponto a favor na disputa com Manaus, já que provavelmente só uma será escolhida. "Aqui podemos chegar
via terrestre, via aérea e de barco. Manaus não teria essa condição", diz o secretário de Esporte de Belém, Carlos Cunha.
Em Manaus, a ordem é não
mexer com Belém. "Há rivalidade, como Rio e São Paulo,
mas não é febre. Não é proveitoso mostrar imagem ruim. Há
espaço para as duas", diz o secretário de Planejamento, Denis Minev. Rio Branco é a outra
concorrente da região.
Colaboraram FELIPE BÄCHTOLD , da
Agência Folha, e SIMONE IGLESIAS e
ALAN MARQUES , da Sucursal de Brasília
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