São Paulo, sábado, 30 de janeiro de 2010

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MOTOR

Fome Zero


No pseudolançamento do carro da Mercedes, olhar de Schumacher transparecia a vontade de voltar a pilotar


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

O OLHAR de Schumacher não brilha. O olhar de Schumacher observa, excelso. Mira, cuidadoso, cada um dos presentes. Escaneia o ambiente, cada canto. Saboreia, voraz, o momento: as câmeras, os holofotes, os microfones. Mas não se satisfaz, longe disso. Porque, acima de tudo, o olhar de Schumacher revela fome. Muita fome. Sensação que já se insinuava quando ele apareceu pela primeira vez num circuito na condição de piloto aposentado. Foi há pouco mais de três anos, em janeiro de 2007, acompanhando um teste em Fiorano. Que se tornou cada vez mais flagrante nos meses seguintes, quando, sem função definida pela Ferrari, ficou zanzando de um lado para o outro pelos autódromos até perceber- -se deslocado e desaparecer de cena. Viveria, enfim, o sossego preconizado na sua biografia oficial: "Simplesmente curtir um dia após o outro, esperar para ver o que o dia vai trazer. (...) Quero sentir o prazer de apenas ver a coisas acontecerem".
Mas Schumacher, o que tudo calcula, o que tudo observa e escaneia, calculou errado. Sentiu fome. Ao ponto insuportável de quebrar uma promessa feita à mulher, de dobrar seu orgulho, de rasgar o discurso. E o olhar que exibia na última segunda, em Stuttgart, era o de um famélico na fila do arroz com feijão. Carro? Que carro? No tal evento no museu da Mercedes, o que havia era o modelo da Brawn com as cores novas. Um carro velho, quase um "showcar", daqueles de fibra de vidro, exibidos em postos de gasolina.
Para que carro, afinal? Para ficar em segundo plano, ofuscado? Mais: numa semana, ganha-se espaço com a primeira aparição de Schumacher de macacão branco para, na seguinte, capitalizar de novo com o primeiro teste do carro, em Valencia. A presença de Schumacher tem força para gerar o inimaginável: fazer uma equipe prescindir do carro no lançamento do carro e todo mundo achar normal. É esse o sujeito que começa a testar depois de amanhã. Como se não bastasse, ainda terá toda aquela fome. E, certamente, já exibirá algum brilho nos olhos. É, ele voltou.

ACADEMIA
Massa conseguiu um prêmio dos sonhos para os participantes da sua F-Future Fiat, categoria-escola que dará a largada em abril, em Interlagos. O campeão ganhará vaga na Ferrari Drivers Academy, o programa de formação de jovens pilotos da escuderia, administrado por Baldisserri. Com a redução da idade mínima de 16 para 15 anos, mais da metade do grid, de 20 carros, já está preenchida. Um golaço.

BILHETERIA
Os ingressos para a etapa brasileira da Indy, dia 14 de março, em São Paulo, começam a ser vendidos na segunda-feira pelo site da prova: www.saopauloindy300.com.br.

fabioseixas.folha@uol.com.br


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