UOL


São Paulo, domingo, 30 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aos 25 anos, o expatriado Deco se consagra ao marcar o gol da vitória de Portugal sobre a seleção brasileira, e de Scolari sobre o sucessor, Parreira

Foi do Brasil!

João Abreu Miranda/France Presse
O brasileiro naturalizado português Deco protege a bola marcado por Rivaldo, em sua estréia pela seleção portuguesa, ontem


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO PORTO

Se o Brasil não conhecia ou não se importava com Deco, passou a saber bem desde ontem quem é o mais novo craque de Portugal.
Se o Brasil já conhecia bem e admirava o técnico Luiz Felipe Scolari, passou desde ontem a respeitá-lo também como rival.
O meia-atacante brasileiro, maior ídolo do Porto hoje, justificou o esforço do treinador que levou o Brasil ao pentacampeonato mundial e da federação portuguesa e, em sua estréia pela seleção lusitana, marcou o gol da vitória de 2 a 1 de Portugal sobre o time do técnico Carlos Alberto Parreira. "Isto não é um conta de fadas, é a realidade", disse Deco.
Foi o primeiro triunfo da seleção portuguesa sobre o Brasil desde 1966, quando um 3 x 1 eliminou os brasileiros da Copa. Detalhe: o técnico de Portugal era o brasileiro Otto Glória.
Deco, 25, conseguiu neste mês seu passaporte português -o processo de expedição do documento foi acelerado para que ele pudesse enfrentar o Brasil.
Sua convocação gerou polêmica. Alguns portugueses, inclusive jogadores de destaque, como Figo e Rui Costa, teriam ficado descontentes com a predileção de Scolari pelo compatriota, que ontem começou o jogo na reserva.
Figo, maior ídolo da seleção, não ficou nem no banco, contundido. Deco entrou aos 16min do segundo tempo. De cara, criou jogadas de perigo. Em uma, dominou no peito e bateu cruzado, quase vencendo o goleiro Marcos.
Quando o jogo parecia caminhar para o empate, o meia-atacante avançou e foi derrubado por Rivaldo na entrada da área.
Na cobrança, surpreendeu Marcos e também as câmeras de TV -ela só foi mostrada em replay, pois as atenções ainda estavam mais voltadas para o lateral-esquerdo Roberto Carlos, que, por reclamação, fora expulso.
Quando a transmissão direta foi retomada, Deco já estava abraçado aos companheiros (incluindo o goleiro Ricardo), numa atitude que alguns não esperavam.
Com o lance, o "expatriado" coroa uma trajetória que começou em 1998. Descartado pelo Corinthians, equipe que o profissionalizou, cruzou o Atlântico e passou por Benfica, Alverca e Salgueiros antes de se consagrar no Porto.
Na saída do campo, Scolari rasgou elogios. "É o melhor jogador em Portugal." E, para espanto geral, revelou que cogitou levá-lo à Copa-2002. "Acabamos preferindo outra opção. Tínhamos uma dívida com o Juninho Paulista."
O treinador, reconhecidamente um motivador, contou que recebeu uma fita do cantor português Roberto Leal. O refrão "É uma casa portuguesa, com certeza", em ritmo de samba, embalou o time no trajeto ao estádio das Antas.
Quando Scolari dirigia o Brasil, a "trilha sonora" destacava Zeca Pagodinho e Ivete Sangalo.
"Essa música mostra que não há nada que não se possa modificar na vida", disse Scolari, insinuando que pode transformar Portugal em uma time vencedor - foi sua primeira vitória com o time.
Já Carlos Alberto Parreira, o técnico do tetra, ainda espera um resultado positivo após sua volta ao comando da seleção brasileira. Tem um empate, com a China, e uma derrota, para Portugal. Sua próxima chance de vencer acontece dia 30, contra o México.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Scolari leva a melhor na bola parada
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.