UOL


São Paulo, domingo, 30 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Freddy Adu: o orgulho americano

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Chegou a vez do outro lado.
Domingo passado, espaço foi dado ao futebol iraquiano, mais do que nunca heróico. Agora, o orgulho americano, leia-se Freddy Adu, pede passagem.
O que o futebol dos EUA significou para o mundo até este começo de milênio? Quase nada. O que pode significar neste século? Quase tudo, segundo os americanos.
Um garoto de 13 (?) anos, que não nasceu na América, explica a euforia dos conterrâneos de Bush.
Talvez você já tenha ouvido falar de Adu. O menino ganhou notoriedade por ter sido chamado para a seleção juvenil norte-americana com só 13 anos, o que seria um recorde mundial. Joga (e muito) com caras de até 17 anos.
Em questão de poucos dias (pouco antes do conflito), tomou páginas dos jornais "The New York Times" e "The Washington Post". Mais: especial na revista "Sports Ilustrated". Adu virou sinônimo de futebol nos EUA.
Natural de Gana, foi naturalizado americano por se tratar de um fenômeno esportivo (também de marketing). Como humilhava jogadores profissionais com 12 (?) anos, despertou o interesse até da Inter de Milão (os clubes da MLS travam intensa luta pelo garoto).
Dúvidas surgiram sobre a real idade de Adu. Seu talento precoce e sua origem africana são indícios. Mas todas as investigações feitas e todos os documentos encontrados atestam que ele tem hoje 13 anos. O jovem craque espera ainda pelo resultado de exame ósseo que pode pôr fim às suspeitas de sua condição de "gato".
Enquanto isso, Adu reina. Nas eliminatórias para o Mundial sub-17, recentemente, roubou a cena. Fez gols, e pelo menos um deles saiu bem ao seu estilo: arrancada do tipo Ronaldo, série de dribles e finalização potente.
"Eu gosto de pegar a bola e partir em velocidade para cima dos defensores, um a um", diz Adu.
Adidas, empresários, jornalistas... A vida do menino, agora em Bradenton, na Flórida, local do centro de treinamento da seleção juvenil de seu novo país, se transformou em céu e inferno. Como se fosse um grande astro da mídia (talvez não devesse usar esse fosse), ele tem sido "poupado".
Neste ano, Adu aparecerá no Mundial sub-17 (classificou o time), deverá figurar no próximo Mundial sub-20 (neste ano, se a guerra e a Fifa deixarem) e poderá jogar no ano que vem na Olimpíada de Atenas (torneio sub-23), quando alcançará seus 15 anos.
"Seus dribles são incríveis. O único jogador no mundo hoje com mais talento no drible que ele é Zidane", diz Arnold Trazy, um dos primeiros técnicos que trabalharam com Adu nos EUA.
"Ele tem uma inabalável confiança com a bola. Dribles rápidos. Se você der qualquer espaço, ele destruirá a sua defesa", disse Dave Sarachan, técnico do Chicago Fire, uma das franquias da MLS, após sua equipe ser batida por 2 a 1, com dois gols de Adu, em uma partida de exibição.
Exagero? Muita aposta em uma simples promessa? Nos EUA, há uma certeza: em 2006, a seleção do país irá à Copa e será Adu e mais dez em campo. Como Pelé, ele brilhará no Mundial aos 17.
Eis a palavra dos americanos.

Freddy
"Toda vez que você pensa que ele fez alguma coisa impossível ele faz alguma outra coisa impossível", afirma Michael Bradley, companheiro na seleção sub-17 dos EUA. ""Um homem cego galopando em um cavalo pode ver seu talento. É um pequeno ovo Fabergé", diz Ray Hudson, técnico do Washington United. "Quando ele está em ação, não tem 13 anos", conta John Ellinger, técnico da seleção sub-17 dos EUA. "Sem dúvida nenhuma é o garoto mais talentoso que já vi nessa idade", afirma Bruce Arena, técnico da seleção principal dos EUA. "O escolhido: aos 13 anos, o prodígio do futebol da América tem o mundo aos seus pés", estampa a revista "Sports Ilustrated".

Adu
"Ele é só um jovem menino", diz Emeli Adu, mãe de Freddy.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


Texto Anterior: Evangélico, técnico é assunto no culto
Próximo Texto: Automobilismo: Na corrida pelo dinheiro, F-1 fala japonês
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.