São Paulo, terça-feira, 30 de março de 2004

Texto Anterior | Índice

FUTEBOL

Solta a franga, Parreira!

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Amanhã é dia de seleção. O jogo contra o Paraguai será estratégico para a gestão Parreira. Uma derrota irá fatalmente abrir a temporada de caça ao técnico do escrete. Um empate poderá até ser engolido, mas a depender das circunstâncias. O que todos esperam mesmo é a vitória.
O Brasil tem time para isso. Por mais que se queira valorizar o futebol paraguaio -que é mesmo enjoado de encarar-, a seleção brasileira é formada por alguns dos melhores jogadores do mundo, craques que brilham nas principais equipes européias, como o Real Madrid e o Milan.
Isso, no entanto, não basta. Nome ajuda, mas não ganha jogo. É preciso que as nossas estrelas mostrem vontade de jogar futebol. Caso contrário, vão ressurgir velhas questões: será melhor chamar supercraques que não têm muita motivação ou jovens talentos com fome de bola?
O ideal é que a seleção brasileira possa contar com os melhores jogadores nas melhores condições de ânimo. Se isso ocorrer, o Brasil é praticamente imbatível.
Porém, além da motivação, parece haver outros elementos a travar o jogo brasileiro. Por mais que Parreira escale um time com jogadores fortes no ataque, como são Kaká, Ronaldinho e Ronaldo, além dos laterais, tem-se a impressão de que falta uma mensagem de liberdade para os comandados. Para isso, Parreira demonstra certa dificuldade. Ele parece aquele sujeito que entra no samba, mas não rebola. O tipo que fuma, mas não traga. Tem cintura dura, não relaxa o corpo ocidental. Com todo o respeito, minha mensagem para o treinador é: "Solta a franga, Parreira!".
Do ponto de vista tático, restam ainda algumas dúvidas sobre como vai ser a armação das jogadas. Creio que Renato terá uma bela chance de se fixar como titular, especialmente se sair mais para o jogo. E Zé Roberto, que começou bem, mas depois caiu, terá a oportunidade de mostrar o que faz, afinal, nessa função de "facilitador". Mas é melhor ele não facilitar muito, porque senão as pressões para tirá-lo do time vão ser fortes. Robinho escalado em sua posição, como Tostão sugeriu, é uma alternativa que vai se tornando cada dia mais tentadora.
 
Recebi cerca de 60 e-mails sobre a coluna passada, na qual tratei do nosso Rogério Ceni, o presepeiro do Morumbi. Para minha surpresa, a grande maioria vibrou. Adorou. Creio que havia uma bronca travada na garganta de muita gente com esse jeito de ser do goleiro são-paulino. Agradeço a todos que enviaram mensagens.
Obviamente, houve também quem não gostasse, caso do meu amigo Nando Reis, ex-baixista do Titãs, agora em bela carreira solo. Nando acha que peguei pesado e fui "reducionista". Diz que, "como admirador de futebol e torcedor são-paulino, quero Rogério no meu time fazendo lançamentos da intermediária, gols de falta e principalmente defendendo a nossa meta"!! É isso aí. Futebol também é dissonância e polêmica, senão não tem graça...

Tudo indefinido
O Paulista, como adoram dizer os cronistas, permanece "em aberto". Pode dar qualquer coisa. Pelo peso da camisa, a aposta mais segura é numa final Palmeiras x Santos. Creio, porém, que o São Caetano está com aquela pinta de campeão que muitas vezes surge antes da final. Jogou muito bem contra o São Paulo e por pouco não jantou o Peixe na Vila Belmiro. É um time que não tem medo de jogar, mostra técnica e raça. O tempo passa, e o Azulão continua beliscando. Uma hora vai vestir a faixa.

Flamengo na espera
No Rio, nosso Mais Querido Mengão está de camarote, esperando a patuléia decidir. Vasco ou Flu? Será uma final daquelas de me fazer sair de Sampa e ir ao Maraca assistir.

E-mail mag@folhasp.com.br


Texto Anterior: Basquete - Melchiades Filho: Hormônios
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.