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Para destroçar recordes, Phelps voa sob a água
Americano melhora desempenho submerso e já soma quatro ouros no Mundial
Nadador quebra a marca
dos 200 m medley e, de acordo com especialistas, é
um dos melhores do mundo no "quinto estilo" da natação
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Michael Phelps na água, medalha de ouro, recorde. O norte-americano repetiu pela terceira vez o roteiro no Mundial
ao vencer os 200 m medley em
1min54s98 e se tornar o primeiro homem na história a nadar a prova abaixo do 1min55s.
Phelps, que soma quatro ouros no torneio (um foi no revezamento 4x 100 m livre), já havia declarado que chegaria à
Austrália mais rápido do que
nunca. A grande diferença em
seu desempenho, porém, desta
vez está também sob a água.
Nos últimos tempos, o técnico Bob Bowman investiu em
aprimorar seu nado submerso.
O resultado salta aos olhos na
Rod Laver Arena. Phelps, 21,
tem aproveitado como nenhum outro os metros que pode cumprir sem dar braçadas.
Antes dos 200 m livre, em
que estraçalhou o recorde do
aposentado Ian Thorpe, ele deu
a dica: "Creio que a chave será o
trabalho feito embaixo d'água".
Na prova, Pieter van den
Hoogenband, o segundo colocado, até conseguia segui-lo durante as braçadas, mas era deixado para trás a cada virada.
"Phelps foi capaz de economizar uma energia enorme para os últimos 50 metros, quando destruiu Hoogenband e quebrou o recorde", afirmou Alexandre Pussieldi, treinador
brasileiro radicado nos EUA.
Pelas regras internacionais, o
atleta pode percorrer até 15
metros embaixo d'água na hora
da saída e após as viradas.
O nadador permanece na posição de "streamline", com os
braços completamente estendidos sobre a cabeça, pés e
mãos juntos e executa movimentos de ondulação.
"Em uma prova de 200 m, o
nadador pode fazer 60 metros
em "streamline". Phelps talvez
seja hoje o melhor do mundo
nessa técnica e tira vantagem
disso. Para ele, esse trabalho
submerso funciona melhor do
que para outras pessoas", disse
o treinador Alberto Klar.
Segundo ele, para desenvolver um bom "streamline", o
atleta depende de treinamento
específico e genética. Alguns
competidores têm mais potência nos membros inferiores do
que outros e respondem melhor a esse tipo de técnica.
O investimento no nado embaixo d'água ganhou projeção
internacional na última década. Nos EUA, é chamado por
vários técnicos de "quinto estilo" -os quatro da natação são
livre, costas, peito e borboleta.
Conseguir atingir um alto nível, porém, não é simples. Além
de fazer treinos específicos, o
nadador precisa ter muita resistência física e aptidão.
"A musculatura das pernas é
a maior do corpo, a que requer
mais oxigênio. Portanto, um
trabalho submerso tem demanda e custo energético muito grandes. Assim, um atleta
precisa estar extremamente
bem preparado para enfrentar
esse tipo de treino e competir
como Phelps", falou Pussieldi.
Para o ex-nadador Ricardo
Prado, o bom nado submerso
do americano não é novidade. A
diferença neste Mundial é que
o atleta está mais veloz e resistente. "O que [Phelps] tem feito
é explorar mais isso nas provas
de nado livre e em momentos
da disputa em que os outros já
não têm tanta energia. Ele pode
fazer algo que os outros não
conseguem mais", afirmou.
Responsável pela evolução
do pupilo, Bowman não revela
sua tática para aprimorar a performance de Phelps. Quando
questionado em Melbourne sobre o segredo, saiu-se com essa:
"Eu o mantenho o máximo embaixo d'água. O máximo que ele
agüentar. Assim, eu não preciso
escutá-lo, nem ele precisa me
escutar. E tem dado certo".
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