São Paulo, domingo, 30 de março de 2008

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Estádio infla preço de terreno

Local cobiçado pelo Corinthians custou R$ 6,7 mi a atuais donos, que pedem mais de R$ 100 mi

Especialistas em avaliação imobiliária consideram que preço do imóvel localizado na marginal Tietê é de, no máximo, R$ 65 milhões

Eduardo Viana/Lancepress
Treino do Corinthians no Parque São Jorge, atua estádio do clube que cobiça terreno que está com valor superior ao de mercado

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Três terrenos às margens do rio Tietê há anos parados sem utilização nas mãos de seus proprietários, de repente, tornaram-se um espantoso caso de valorização imobiliária.
O valor de venda estipulado ao consócio Egesa/Seebla, proponente do projeto para a arena corintiana, já superou os R$ 100 milhões. O preço está sobrevalorizado na opinião de especialistas em avaliação imobiliária ouvidos pela Folha. E já causa entraves no andamento do projeto de construção.
Na última vez que as áreas que compõem o local desejado para a construção do sonhado estádio do Corinthians mudaram de mãos, o valor registrado dos negócios, somados, foi de R$ 6,7 milhões. É o que indicam suas matrículas, às quais a Folha teve acesso, registradas no 17º Oficial de Registros de Imóveis da cidade.
A área total do terreno, por sua localização -marginal Tietê, sentido Penha-Lapa, próximo à ponte do Tatuapé- e tamanho (93.750 m2), vale no máximo R$ 65 milhões, de acordo com avaliadores do mercado imobiliário. Isso já levados em conta a inflação e a valorização de mercado no período desde a última troca de proprietários (cinco anos no caso de um dos terrenos e oito anos no outro) até hoje.
"Não tenha dúvida de que é uma valorização muitíssimo maior que a inflação. Astronômica", avalia Celso Amaral, um dos donos da Amaral D'Avila Engenharia de Avaliação.
O alto valor pedido pelos donos do terreno (cerca de R$ 1.200 por metro quadrado) tem feito a Egesa procurar outros imóveis como alternativa, apesar da preferência pelo local originalmente escolhido.
Duas alternativas já foram apresentadas. A primeira é um terreno também na Marginal Tietê, que pertence à empresa Nadir Figueiredo. Mas o valor também foi considerado caro (R$ 1.000 por m2).
A terceira opção seria um imóvel na avenida Assis Ribeiro, próximo à USP Leste. O preço está dentro do que o consórcio acha razoável pagar (R$ 200 por m2), mas é considerado muito afastado do centro e de difícil acesso.
Os três terrenos que compõem a área pretendida para a construção do estádio corintiano estão divididos entre dois proprietários.
O advogado Jorge Yunes é dono de dois deles. Adquiriu-os em 2000, pagando R$ 770 mil em um e R$ 2,23 milhões no outro, da massa falida de uma empresa de transportes, a Dom Vital Ultra Rápido Ltda, que ainda detém o terceiro imóvel, mas só porque não conseguiu vendê-lo apesar de ter tentado em 2003, por R$ 3,7 milhões.
O negócio foi desfeito por problemas de documentação apontados como "óbices registrários", conforme descrito em sua matrícula de registro.
A demora em efetuar a compra do terreno para o estádio parece não preocupar o clube. "Não é o Corinthians que vai comprar o terreno. A única coisa que eu exijo é que, em 24 horas ou no máximo em 48 horas, ele seja passado para o nome do clube", disse o presidente corintiano, Andres Sanchez.


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