São Paulo, terça-feira, 30 de março de 2010

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Por parceiro, CBF agora abre mão de ter o Brasileiro

Entidade muda discurso de dez anos atrás e aceita criação de liga de clubes, mas exige Kléber Leite à frente do C13

Ricardo Teixeira esteve em São Paulo, na sede da FPF, para pedir o apoio de times paulistas a flamenguista na eleição contra Fábio Koff

EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC

Ricardo Teixeira, o homem mais poderoso do futebol brasileiro atualmente, esteve em São Paulo ontem como cabo eleitoral de Kléber Leite para a presidência do Clube dos 13.
O presidente da CBF, em reunião com dirigentes de clubes de SP na sede da Federação Paulista de Futebol, mandou recado: abre mão de organizar o Brasileiro e apoia os clubes na formação de uma liga, desde que seja conduzida por Leite.
A posição da CBF agora contrasta com tudo o que a entidade lutou contra dez anos atrás, quando os clubes tentaram formar uma liga própria.
Segundo a reportagem apurou, a CBF não quer mais ter dor de cabeça com o Nacional, principalmente no que se refere a organização e arbitragem.
"É uma sacanagem o que estão dizendo, que a CBF quer tomar o controle do futebol brasileiro. Muito pelo contrário. Ela quer dar abertura aos clubes, fortalecê-los institucionalmente", declarou Kléber Leite, "apresentado" oficialmente na FPF por Teixeira.
Leite diz que no projeto discutido com a CBF os clubes terão maior presença na Conmebol para discutir, por exemplo, as cotas da Libertadores. "É inadmissível que um clube como o Corinthians, por exemplo, receba US$ 15 mil por partida [com placas de publicidade]", disse o cartola.
"O C13 precisa ser mais atuante nisso, não pode ser só um agenciador do contrato com a televisão", afirma.
O atual presidente do C13, Fábio Koff, por meio de sua assessoria, diz ser "totalmente favorável à criação de uma liga", mas que ficou "surpreso com a nova posição da CBF".
Aliados dizem que o gaúcho aponta Teixeira como o principal responsável pela não criação da liga no início da década.
Em 2001, a entidade disse que não aceitaria a organização do Brasileiro pela Liga Nacional de Clubes e chegou até a preparar uma RDI (Resolução de Diretoria) que tirava os poderes dos clubes para comandar o torneio. Quem não cumprisse essa determinação não poderia participar, por exemplo, da Libertadores e do Mundial de Clubes da Fifa.
À época, Teixeira chegou a chamar o senador Geraldo Alt- hoff, relator da CPI do Senado que investigou o futebol brasileiro, de "cara de pau".
"Ele diz com a maior cara de pau que a solução é a liga. Então, temos de estar preparados e atacar primeiro esse foro", falou o cartola a presidentes de federações naquele momento.
Com Leite agora, Teixeira mudou sua posição em relação à formação da liga de clubes. O ex-presidente do Flamengo é parceiro de negócios da CBF. A agência de marketing esportivo dele, a Klefer, presta serviços à entidade dirigida por Teixeira.
Segundo cartolas ouvidos pela reportagem, a exigência de ter Kléber Leite à frente do C13 é da TV Globo, detentora dos direitos de transmissão do Brasileiro. Oficialmente, entretanto, a emissora nega que esteja apoiando o candidato.
"O Marcelo [Campos Pinto, executivo da Globo Esportes] é meu amigo pessoal, mas não tem nenhum envolvimento nesse processo", diz Leite. Campos Pinto, porém, é apontado por cartolas como candidato natural à sucessão de Teixeira na presidência da CBF.


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