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Por parceiro, CBF agora abre mão de ter o Brasileiro
Entidade muda discurso de dez anos atrás e aceita criação de liga de clubes, mas exige Kléber Leite à frente do C13
Ricardo Teixeira esteve em
São Paulo, na sede da FPF,
para pedir o apoio de times
paulistas a flamenguista na
eleição contra Fábio Koff
EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
Ricardo Teixeira, o homem
mais poderoso do futebol brasileiro atualmente, esteve em
São Paulo ontem como cabo
eleitoral de Kléber Leite para a
presidência do Clube dos 13.
O presidente da CBF, em
reunião com dirigentes de clubes de SP na sede da Federação
Paulista de Futebol, mandou
recado: abre mão de organizar
o Brasileiro e apoia os clubes na
formação de uma liga, desde
que seja conduzida por Leite.
A posição da CBF agora contrasta com tudo o que a entidade lutou contra dez anos atrás,
quando os clubes tentaram formar uma liga própria.
Segundo a reportagem apurou, a CBF não quer mais ter
dor de cabeça com o Nacional,
principalmente no que se refere a organização e arbitragem.
"É uma sacanagem o que estão dizendo, que a CBF quer tomar o controle do futebol brasileiro. Muito pelo contrário.
Ela quer dar abertura aos clubes, fortalecê-los institucionalmente", declarou Kléber Leite,
"apresentado" oficialmente na
FPF por Teixeira.
Leite diz que no projeto discutido com a CBF os clubes terão maior presença na Conmebol para discutir, por exemplo,
as cotas da Libertadores. "É
inadmissível que um clube como o Corinthians, por exemplo, receba US$ 15 mil por partida [com placas de publicidade]", disse o cartola.
"O C13 precisa ser mais
atuante nisso, não pode ser só
um agenciador do contrato
com a televisão", afirma.
O atual presidente do C13,
Fábio Koff, por meio de sua assessoria, diz ser "totalmente favorável à criação de uma liga",
mas que ficou "surpreso com a
nova posição da CBF".
Aliados dizem que o gaúcho
aponta Teixeira como o principal responsável pela não criação da liga no início da década.
Em 2001, a entidade disse
que não aceitaria a organização
do Brasileiro pela Liga Nacional de Clubes e chegou até a
preparar uma RDI (Resolução
de Diretoria) que tirava os poderes dos clubes para comandar o torneio. Quem não cumprisse essa determinação não
poderia participar, por exemplo, da Libertadores e do Mundial de Clubes da Fifa.
À época, Teixeira chegou a
chamar o senador Geraldo Alt-
hoff, relator da CPI do Senado
que investigou o futebol brasileiro, de "cara de pau".
"Ele diz com a maior cara de
pau que a solução é a liga. Então, temos de estar preparados
e atacar primeiro esse foro", falou o cartola a presidentes de
federações naquele momento.
Com Leite agora, Teixeira
mudou sua posição em relação
à formação da liga de clubes. O
ex-presidente do Flamengo é
parceiro de negócios da CBF. A
agência de marketing esportivo
dele, a Klefer, presta serviços à
entidade dirigida por Teixeira.
Segundo cartolas ouvidos pela reportagem, a exigência de
ter Kléber Leite à frente do C13
é da TV Globo, detentora dos
direitos de transmissão do Brasileiro. Oficialmente, entretanto, a emissora nega que esteja
apoiando o candidato.
"O Marcelo [Campos Pinto,
executivo da Globo Esportes] é
meu amigo pessoal, mas não
tem nenhum envolvimento
nesse processo", diz Leite.
Campos Pinto, porém, é apontado por cartolas como candidato natural à sucessão de Teixeira na presidência da CBF.
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