São Paulo, terça-feira, 30 de março de 2010

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África negra rejeita técnico local

Na Copa, com exceção da árabe Argélia, países do continente entregam prancheta a um estrangeiro

Decisão de cartolas causa polêmica entre africanos e vai na contramão da diminuição de treinadores forasteiros de outras nações

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Juntos, África do Sul, Camarões, Costa do Marfim, Gana e Nigéria, os representantes da África negra na Copa do Mundo de 2010, têm 262 milhões de habitantes, sendo que mais de 250 milhões são negros.
Mas nenhum deles serve para comandar a seleção desses países no primeiro Mundial disputado em solo africano.
A África vai na contramão do resto do mundo, em que o número de estrangeiros no comando dos times nacionais despencou em relação ao Mundial de 2006, na Alemanha.
Naquela edição, das 27 seleções não africanas, 12, ou 44% do total, tinham forasteiros como treinador. Agora, dos 26 times de outros continentes, só sete, ou 27%, importaram um profissional para chefiar suas comissões técnicas.
Países que nas últimas Copas apostaram em estrangeiros, como Coreia do Sul, Japão e México, optaram por locais para o Mundial da África do Sul.
Enquanto isso, dos seis representantes africanos na Copa de 2010, só a árabe Argélia terá um treinador local. Há quatro anos, no Mundial da Alemanha, um dos países da África negra optou por uma solução caseira -Angola apostou em Luís de Oliveira Gonçalves.
Para o próximo Mundial, os africanos contrataram um brasileiro, Carlos Alberto Parreira, e quatro treinadores europeus. Os cinco são brancos.
E a cor da pele dos técnicos causa debates acalorados. Nos sites de discussão na internet no continente, pululam críticas aos cartolas pela preferência por estrangeiros brancos.
Polêmica que ficou ainda maior depois que um empresário nigeriano, que representava os interesses de um treinador inglês, disse que um técnico de "pele branca" teria mais chances de conseguir o respeito dos jogadores da seleção local.
A Nigéria demitiu no começo do ano o local Shaibu Amodu, justamente com a justificativa de que ele não tinha pulso firme com o grupo. Seus resultados, no entanto, eram bons. Além de classificar o time para o Mundial, ele fez uma boa campanha na Copa da África, em janeiro, quando os nigerianos ficaram em terceiro lugar.
A falta de paciência e planejamento, aliás, é um fato comum a praticamente todas as seleções da África negra.
Só Gana tem o mesmo treinador há mais de um ano. Costa do Marfim só anunciou anteontem o sueco Sven-Goran Eriksson no comando do time para o Mundial, quando encarará o Brasil na primeira fase.
Os dirigentes africanos preferem treinadores com vasta experiência em Copas.
Eriksson, por exemplo, vai para o seu terceiro Mundial -nos outros dois, ambos com seleção inglesa, não conseguiu passar das quartas de final.
Parreira, da anfitriã África do Sul, vai para a sua sexta Copa como treinador. O também sueco Lars Lagerback, que comandará a Nigéria, parte para o seu terceiro Mundial -nos outros dois, ele esteve à frente do país em que nasceu e colheu resultados modestos.


Com agências internacionais

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