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África negra rejeita técnico local
Na Copa, com exceção da árabe Argélia, países do continente entregam prancheta a um estrangeiro
Decisão de cartolas causa
polêmica entre africanos
e vai na contramão da
diminuição de treinadores
forasteiros de outras nações
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Juntos, África do Sul, Camarões, Costa do Marfim, Gana e
Nigéria, os representantes da
África negra na Copa do Mundo
de 2010, têm 262 milhões de
habitantes, sendo que mais de
250 milhões são negros.
Mas nenhum deles serve para comandar a seleção desses
países no primeiro Mundial
disputado em solo africano.
A África vai na contramão do
resto do mundo, em que o número de estrangeiros no comando dos times nacionais
despencou em relação ao Mundial de 2006, na Alemanha.
Naquela edição, das 27 seleções não africanas, 12, ou 44%
do total, tinham forasteiros como treinador. Agora, dos 26 times de outros continentes, só
sete, ou 27%, importaram um
profissional para chefiar suas
comissões técnicas.
Países que nas últimas Copas
apostaram em estrangeiros, como Coreia do Sul, Japão e México, optaram por locais para o
Mundial da África do Sul.
Enquanto isso, dos seis representantes africanos na Copa
de 2010, só a árabe Argélia terá
um treinador local. Há quatro
anos, no Mundial da Alemanha,
um dos países da África negra
optou por uma solução caseira
-Angola apostou em Luís de
Oliveira Gonçalves.
Para o próximo Mundial, os
africanos contrataram um brasileiro, Carlos Alberto Parreira,
e quatro treinadores europeus.
Os cinco são brancos.
E a cor da pele dos técnicos
causa debates acalorados. Nos
sites de discussão na internet
no continente, pululam críticas
aos cartolas pela preferência
por estrangeiros brancos.
Polêmica que ficou ainda
maior depois que um empresário nigeriano, que representava
os interesses de um treinador
inglês, disse que um técnico de
"pele branca" teria mais chances de conseguir o respeito dos
jogadores da seleção local.
A Nigéria demitiu no começo
do ano o local Shaibu Amodu,
justamente com a justificativa
de que ele não tinha pulso firme com o grupo. Seus resultados, no entanto, eram bons.
Além de classificar o time para
o Mundial, ele fez uma boa
campanha na Copa da África,
em janeiro, quando os nigerianos ficaram em terceiro lugar.
A falta de paciência e planejamento, aliás, é um fato comum
a praticamente todas as seleções da África negra.
Só Gana tem o mesmo treinador há mais de um ano. Costa
do Marfim só anunciou anteontem o sueco Sven-Goran
Eriksson no comando do time
para o Mundial, quando encarará o Brasil na primeira fase.
Os dirigentes africanos preferem treinadores com vasta
experiência em Copas.
Eriksson, por exemplo, vai
para o seu terceiro Mundial
-nos outros dois, ambos com
seleção inglesa, não conseguiu
passar das quartas de final.
Parreira, da anfitriã África do
Sul, vai para a sua sexta Copa
como treinador. O também
sueco Lars Lagerback, que comandará a Nigéria, parte para o
seu terceiro Mundial -nos outros dois, ele esteve à frente do
país em que nasceu e colheu resultados modestos.
Com agências internacionais
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