São Paulo, segunda-feira, 30 de abril de 2001

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F-1

Prestes a vencer, o finlandês Mika Hakkinen tem problemas na última volta e dá vitória de bandeja para seu maior rival

Schumacher herda GP a 0,5 km do final

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA

Drama como esse não acontecia desde 1991: um piloto prestes a vencer na F-1 enfrenta problemas com o carro na última volta, abandona a corrida e dá a vitória de bandeja para seu maior rival.
Naquela ocasião, no Canadá, os personagens foram Nigel Mansell e Nelson Piquet. Ontem, em Barcelona, na Espanha, Mika Hakkinen foi o prejudicado, e Michael Schumacher ganhou seu 47º GP ao superar o adversário a apenas três curvas da linha de chegada.
"Sei que foi uma pena para ele, mas são coisas de corrida. Aconteceu comigo antes, hoje (ontem) foi a vez do Mika", disse o alemão, que está agora a quatro vitórias do recorde histórico da F-1 -51 triunfos, de Alain Prost.
Hakkinen não precisava dizer nada. Sua imagem de braços abertos, ainda de capacete, ao lado do carro, já expressava sua desolação. "É difícil descrever o que estou sentindo. Vai demorar algum tempo para eu assimilar isso", afirmou o finlandês, que tentava ontem se recuperar de um péssimo início de Mundial.
O desfecho do GP da Espanha, que marcou a volta da eletrônica à F-1, foi um dos pouquíssimos momentos de emoção da corrida.
O primeiro aconteceu na largada, quando o colombiano Juan Pablo Montoya, da Williams, ultrapassou cinco concorrentes e saltou do 11º para o sexto lugar.
Com Schumacher, Hakkinen e Rubens Barrichello nos três primeiros lugares, distantes uns dos outros, o primeiro pelotão só protagonizou uma troca de posições -e, mesmo assim, nos boxes.
Líder, o alemão fez seu segundo pit stop na 43ª volta, retornando à prova atrás do finlandês. Hakkinen preferiu ficar sete voltas a mais na pista, acelerando ao máximo, para abrir uma boa folga.
A estratégia deu certo. Com 26 segundos de vantagem sobre o alemão, Hakkinen parou na 50ª volta e retornou na liderança.
Sem conseguir se aproximar do rival, Schumacher se conformou com o segundo posto e aliviou o ritmo de sua Ferrari.
A uma volta da bandeirada, o piloto finlandês tinha confortáveis 42s568 e dez retardatários o separando do alemão.
Ele só não esperava as chamas que saíram do fundo de seu carro a menos de 500 metros da chegada. Foi o terceiro -e melhor- lance de emoção da prova.
De forma desesperada, Hakkinen procurou levar o McLaren até o fim. O local da quebra, uma subida, tornou inútil a tentativa.
Com o carro inerte, o finlandês observou os retardatários, um a um, o ultrapassarem. Convencido de que não tinha chances, foi para a grama e abandonou. Já estava fora do cockpit quando Schumacher passou, a caminho de mais uma vitória, isolando-se na liderança do campeonato.
"Era isso que eu queria dizer quando falei, na Malásia, que gostaria de um pouco da sorte do Schumacher", disse Barrichello, companheiro do alemão, que abandonou a 15 voltas do fim, com problemas de suspensão.
Montoya, que ganhou duas posições nos boxes e outras duas com os abandonos, ficou em segundo. Foi a primeira vez que um colombiano foi ao pódio na F-1.
Jacques Villeneuve, da BAR, ficou em terceiro, melhor colocação da história da sua equipe.



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