São Paulo, segunda-feira, 30 de abril de 2001

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INDY

Cart não realizou prova ontem para garantir segurança dos competidores

Tontura dos pilotos cancela terceira corrida no Texas

DA REDAÇÃO

A Texas-600, terceira etapa da temporada 2001 da Indy, foi cancelada ontem por motivos de segurança. Durante os treinos de anteontem para a corrida, os pilotos que chegaram acima da velocidade média da pista, de 220 milhas (cerca de 354 km/h), sentiram tonturas e enjôos e temeram correr no superoval.
"Detectamos um problema inédito e não tínhamos como corrigi-lo a tempo", disse Joseph Heitzler, presidente da Cart (entidade que dirige a Indy).
Desde anteontem, pilotos, chefes de equipe e organizadores estavam discutindo formas de diminuir a velocidade dos carros para realizar a corrida. O circuito texano tem as curvas mais inclinadas da temporada -chegam a 24- e a maior média de velocidade.
A idéia da Cart era solicitar que as equipes diminuíssem em três polegadas (de 39 para 36) a pressão do turbo do motor e alterar a asa traseira dos carros, para que eles tivessem mais aderência. A mudança seria testada no warm-up da manhã, que nem chegou a acontecer. Em consenso, pilotos e organizadores decidiram não realizar a corrida.
Segundo o presidente da Cart, a Texas-600 foi apenas adiada e pode vir a acontecer ainda este ano.
Um dos defensores do cancelamento da prova foi o médico oficial da categoria, Steve Olvey. Segundo Olvey, a velocidade alta e a inclinação da pista provocam uma aceleração lateral do carro muito intensa, que pode não ser suportada pelos pilotos.
"O corpo humano só suporta continuamente uma aceleração lateral de 4,5g, e aqui correriam 600 quilômetros a 4,33g. O sangue se concentra num lado do cérebro e os pilotos podem perder noção do espaço, enxergando tudo cinza. Eles sequer têm condições de andar nos cinco primeiros minutos depois que descem dos carros", disse Olvey.
O caso foi diagnosticado na tarde de anteontem, depois que dois pilotos reclamaram de dor de cabeça. Na reunião com os pilotos, Olvey perguntou quem sentiu as mesmas dores. Quase todos responderam de maneira afirmativa. "Os pilotos estavam com medo de correr sentindo aquilo", disse o médico, que precisou de 18 horas e da ajuda de médicos da Nasa para encontrar a explicação para o que estava acontecendo.
O brasileiro Tony Kanaan (Mo Nunn), sexto colocado no campeonato, ficou impressionado com a tontura que sentiu durante os treinos.
"Nunca havia sentido tontura ao correr em um oval. Senti aqui e percebi meu corpo muito estranho", contou Kanaan.
Nos treinos de anteontem, dois acidentes assustaram os pilotos e alertaram para o perigo da realização da corrida.
O líder do campeonato, Cristiano da Matta, da Newman-Hass, e Maurício Gugelmin, da Pac-West, bateram. O acidente fez Gugelmin, presidente da Associação doa Pilotos, desistir de correr.
Segundo Olvey, os acidentes no super-oval podem acontecer sem que os pilotos errem ou os carros apresentem problemas.
"Os deslocamentos de ar num circuito rápido como esse pode ter feito com que perdessem o controle", explicou.
Os pilotos que correriam na Texas-600 chegaram a solicitar reformas no autódromo.
A Associação dos Pilotos queria a construção de um muro para separar a pista do pit lane.
Segundo Tony Kanaan, a Cart fez as reformas solicitadas, mas não foram suficientes para evitar o cancelamento da prova.
"Todas as alterações para aumentar a segurança foram feitas. Só não imaginávamos que as velocidades seriam tão altas e que nossos corpos reagissem dessa forma", disse o piloto.


Com agências internacionais



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