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Tenista recorda 1º torneio com vitória em duplas e hoje estréia em simples
Guga volta como criança
Marcelo Ruschel/Poa Press
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Gustavo Kuerten comemora ponto com André Sá, seu parceiro no jogo de duplas ontem, no Torneio de Mallorca, que marcou sua volta às quadras |
ENVIADO ESPECIAL A PALMA DE MALLORCA
Tudo ocorreu como em um início de carreira. O jogo foi disputado sob calor forte, na pior quadra
do clube. Do lado de fora, menos
de 50 pessoas assistindo. No saibro, um tenista que buscava ganhar confiança, mas que às vezes
titubeava. E que, no final, admitiu:
"Eu parecia uma criança".
Assim foi a volta de Gustavo
Kuerten, 25, ao tênis profissional.
Ao lado do parceiro André Sá, o
segundo colocado no ranking de
entradas bateu ontem o sul-africano Chris Haggard e o belga
Tom Vanhoudt pela primeira rodada da chave de duplas do Torneio de Mallorca (Espanha).
Foi seu primeiro jogo desde 19
de fevereiro, quando, sofrendo
antigas dores no quadril, perdeu
para Agustin Calleri, em Buenos
Aires. Aquela derrota disparou o
alarme. E, uma semana depois, o
tenista se submeteu a uma artroscopia em Nashville, nos EUA.
Nesses 61 dias desde a data da
cirurgia, Guga se preparou para a
volta, que aconteceu às 18h34
(13h34 de Brasília) de ontem,
quando ele sacou uma bola sem
devolução dos adversários. Esboçou um sorriso. E foi para o jogo.
Inicialmente marcada para o
palco central do Club Nova Sport,
a partida foi transferida para a terceira e última quadra do torneio
devido a um atraso na programação. O cenário beirava o amadorismo, com funcionários correndo para arranjar um placar e os
poucos espectadores procurando
cadeiras pelo clube. A dez metros
dali, garotos com a camisa do Barcelona jogavam futebol e gritavam "gol" a todo instante.
Foi nesse ambiente de challenger -torneios de menor prestígio
na escala da ATP- que os brasileiros impuseram 6 a 3 e fecharam
o primeiro set em 28 minutos.
No segundo set, porém, os adversários apertaram o ritmo. O
primeiro grito de raiva de Guga
veio no quinto game, após dois
erros de devolução. O tricampeão
de Roland Garros, então, soltou
um palavrão e reagiu: salvou quatro quebras de serviço e fechou
com um ace (saque indefensável).
Haggard e Vanhoudt, porém,
fecharam o segundo set em 6 a 4.
Não bastasse o fato de estar voltando às quadras, Guga enfrentou
então uma situação inédita em
sua carreira, o match tie-break,
novo sistema de desempate que
vem sendo testado pela ATP.
Em vez de disputar mais um set,
o que desgastaria jogadores como
Sá e Kuerten, também inscritos
no torneio de simples, as duplas
jogam em esquema de tie-break
até os dez pontos. Após 1h33min
na quadra, os brasileiros fizeram
10 a 8 e comemoraram.
Um pouco ofegante, Guga disse
que passou perto de se sentir como na estréia profissional -um
torneio em Campinas, em 1993.
"Fiquei quase tão nervoso como
naquele primeiro jogo. No final, o
André [85º no ranking de entradas] é que segurou. Minhas bolas
não estavam afiadas, mas isso vem com o tempo", disse. "Não tive nenhum grilo de sentir dor."
Hoje, por volta das 10h (de Brasília), Guga enfrenta mais um desafio: sua primeira partida de simples após a cirurgia, contra o russo Nikolay Davydenko. O brasileiro prometeu encarar o jogo como uma final. "Nessa fase, eu
quero ganhar tudo. Tênis, futebol,
bolinha de gude... Só assim minha
confiança vai aumentar."
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