São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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"Se depender de mim, Portugal é campeão"

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Folha - O que espera de sua primeira Copa do Mundo? Em sua carreira consagrada, o que significa?
Luis Figo -
É importante para qualquer jogador disputar um Mundial ou, de preferência, vários, porque isso significa que alcançou o topo da modalidade, o que é significativo e recompensador. Espero chegar à Coréia, onde jogaremos a primeira fase, nas melhores condições físicas.

Folha - Isso tendo de encarar uma maratona de jogos no Real Madrid.
Figo -
É muito difícil com um campeonato tão competitivo como o Espanhol. A carga de jogos é tremenda. A juntar a isso há também a enorme responsabilidade que temos na Copa dos Campeões. Portanto o único verdadeiro desejo é chegar à Coréia do Sul fisicamente apto. Depois, como diz a canção, o caminho faz-se caminhando...

Folha - O que espera da sua seleção? Concorda com aqueles que dizem que Portugal é uma das seleções favoritas ao título e tem chances iguais ou maiores que o Brasil?
Figo -
É um grupo de grandes valores, já nos conhecemos há muito tempo, já sabemos a maneira de cada um de nós jogar. É um grupo de trabalho que tem tido muita estabilidade. A nossa presença no Mundial não é um acaso. É fruto do planejamento dos responsáveis pelo futebol português que já dura muitos anos. Estamos tranquilos e, se dependesse da minha vontade, podia-lhe garantir já que Portugal seria campeão mundial, mas as coisas, como sabe, não são assim tão simples. Aliás, sinceramente, não creio que, à partida, Portugal seja favorito. Esta é apenas a nossa terceira presença num Mundial e há seleções tão fortes como a nossa e com outra experiência competitiva, como é o caso da seleção brasileira. Vamos pensar jogo a jogo e tentar ir tão longe quanto nos for possível.

Folha - Quais são os jogadores que o melhor jogador do mundo em 2001 admira?
Figo -
São demasiados para os enumerar a todos. Admiro alguns pelas características técnicas, outros pela postura em campo, outros pela maneira como conseguem jogar sem ter a bola nos pés. Há jogadores absolutamente fora de série, os que dão magia ao futebol, os que enchem os estádios. No Brasil, por exemplo, há grandes talentos, alguns deles nem sequer são falados na Europa e, no entanto, se tivessem uma chance seguramente que já não regressariam ao futebol brasileiro.

Folha - Você fez sucesso no Barcelona e agora no Real Madrid. Como é ter conseguido sucesso nos dois principais clubes da Espanha?
Figo -
Não vale a pena reavivar aquela que foi, reconheço, uma passagem polêmica da minha carreira. Mas vale a pena dizer que estou no Real Madrid como estive no Barcelona empenhado em fazer o meu melhor, em dar tudo o que tenho dentro daquelas quatro linhas. Estou habituado a trabalhar com seriedade, foi assim que estive no Barcelona, e é assim no Real Madrid. Deixei amigos na Catalunha, ganhei outros em Madrid. O futebol de hoje é assim.

Folha - Zidane disse que o melhor time que ele jogou foi o Real Madrid atual. Você concorda?
Figo -
Concordo. Devo dizer-lhe até que não é nada fácil ganhar lugar naquele 11. São muitos talentos por metro quadrado. O ambiente é excelente e é um raro privilégio poder trabalhar todos os dias com jogadores daqueles.


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