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"Se depender de mim,
Portugal é campeão"
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Folha - O que espera de sua primeira Copa do Mundo? Em sua carreira consagrada, o que significa?
Luis Figo - É importante para
qualquer jogador disputar um
Mundial ou, de preferência, vários, porque isso significa que alcançou o topo da modalidade, o
que é significativo e recompensador. Espero chegar à Coréia, onde
jogaremos a primeira fase, nas
melhores condições físicas.
Folha - Isso tendo de encarar uma
maratona de jogos no Real Madrid.
Figo - É muito difícil com um
campeonato tão competitivo como o Espanhol. A carga de jogos é
tremenda. A juntar a isso há também a enorme responsabilidade
que temos na Copa dos Campeões. Portanto o único verdadeiro desejo é chegar à Coréia do Sul
fisicamente apto. Depois, como
diz a canção, o caminho faz-se caminhando...
Folha - O que espera da sua seleção? Concorda com aqueles que dizem que Portugal é uma das seleções favoritas ao título e tem chances iguais ou maiores que o Brasil?
Figo - É um grupo de grandes
valores, já nos conhecemos há
muito tempo, já sabemos a maneira de cada um de nós jogar. É
um grupo de trabalho que tem tido muita estabilidade. A nossa
presença no Mundial não é um
acaso. É fruto do planejamento
dos responsáveis pelo futebol
português que já dura muitos
anos. Estamos tranquilos e, se dependesse da minha vontade, podia-lhe garantir já que Portugal
seria campeão mundial, mas as
coisas, como sabe, não são assim
tão simples. Aliás, sinceramente,
não creio que, à partida, Portugal
seja favorito. Esta é apenas a nossa
terceira presença num Mundial e
há seleções tão fortes como a nossa e com outra experiência competitiva, como é o caso da seleção
brasileira. Vamos pensar
jogo a jogo e tentar ir tão
longe quanto nos for possível.
Folha - Quais são os jogadores que o melhor jogador do
mundo em 2001 admira?
Figo - São demasiados para os
enumerar a todos. Admiro alguns
pelas características técnicas, outros pela postura em campo, outros pela maneira como conseguem jogar sem ter a bola nos pés.
Há jogadores absolutamente fora
de série, os que dão magia ao futebol, os que enchem os estádios.
No Brasil, por exemplo, há grandes talentos, alguns deles nem sequer são falados na Europa e, no
entanto, se tivessem uma chance
seguramente que já não regressariam ao futebol brasileiro.
Folha - Você fez sucesso no Barcelona e agora no Real Madrid. Como
é ter conseguido sucesso nos dois
principais clubes da Espanha?
Figo - Não vale a pena reavivar
aquela que foi, reconheço, uma
passagem polêmica da minha carreira. Mas vale a pena dizer que
estou no Real Madrid como estive
no Barcelona empenhado em fazer o meu melhor, em dar tudo o
que tenho dentro daquelas quatro
linhas. Estou habituado a trabalhar com seriedade, foi assim que
estive no Barcelona, e é assim no
Real Madrid. Deixei amigos na
Catalunha, ganhei outros em Madrid. O futebol de hoje é assim.
Folha - Zidane disse que o melhor
time que ele jogou foi o Real Madrid atual. Você concorda?
Figo - Concordo. Devo dizer-lhe
até que não é nada fácil ganhar lugar naquele 11. São muitos talentos por metro quadrado. O ambiente é excelente e é um raro privilégio poder trabalhar todos os
dias com jogadores daqueles.
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