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FUTEBOL
Despedida de um craque
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Logo após a Copa de 1994,
nos Estados Unidos, assisti a
vários jogos da seleção francesa
pela TV, e os narradores e comentaristas só falavam no Djorkaeff,
o craque do time.
Ao lado de Djorkaeff estava o
jovem Zidane, ainda com cabelos.
Jogava com elegância, sem olhar
para a bola. Raramente errava
um passe ou perdia o domínio da
bola. Uma maravilha! Mas os
narradores insistiam com o esforçado Djorkaeff. Devia ser pelo hábito e pelo seu nome bonito de se
pronunciar.
Zidane se tornou um dos maiores jogadores da história do futebol. Djorkaeff não foi bom nem
ruim. Foi o Djorkaeff, de nome
bonito.
Zidane é um dos raros e brilhantes meias-armadores. É preciso diferenciar o meia-armador,
como Zidane, Deco, Ricardinho e
poucos outros, que atuam de uma
intermediária a outra, que participam da marcação e iniciam as
jogadas ofensivas no seu campo,
do grande número de excelentes
meias ofensivos, como Kaká,
Alex, Roger e outros, que atuam
livre, do meio para a frente e mais
próximo dos dois atacantes.
Essa diferença existe porque
houve uma divisão no meio-campo entre os armadores defensivos
(volantes), que quase só marcam,
e os ofensivos (meias-atacantes),
que quase só jogam do meio para
a frente. Quase que desapareceram os típicos meias-armadores.
A maioria dos técnicos não dá
importância a essa diferença.
Para suprir a falta do meia-armador, alguns volantes têm tentado fazer a dupla função, de
marcar e organizar as jogadas.
Mas são poucos os que fazem isso
bem, mesmo os que atuam em seleções e nos times mais ricos do
mundo.
A minha referência são os pouquíssimos volantes de grande talento, capazes de brilhar em uma
grande seleção, como as do Brasil
e Argentina, e não apenas os bons
jogadores dessa posição espalhados pelo Brasil e pelo mundo.
Pelo que mostrou no River Plate
e na seleção Argentina, Mascherano é um desses poucos brilhantes volantes. Ele apenas inicia a
sua carreira no Corinthians e ainda não encontrou o seu jeito de
atuar.
Volto ao Zidane. Ele anunciou
a sua despedida após a Copa com
a dignidade que sempre teve. Se
quisesse, ainda ganharia muito
dinheiro por uns cinco anos. Mas
ele sabe que não dá mais para
brilhar com regularidade como
nos seus melhores momentos.
Antes disso, Zidane vai fazer
um grande esforço para jogar
bem na Copa da Alemanha e ajudar a seleção francesa, como fez
nas eliminatórias européias.
Segredos de Xerém
O Fluminense tem três ótimas
promessas. Além de boas atuações, Lenny fez um golaço contra
o Cruzeiro. A sua análise consciente após o jogo, ao explicar os
treinos que fez para não cair no
momento do contato físico com o
adversário, fez com que eu acreditasse ainda mais no seu sucesso.
Se o lateral Marcelo jogar no
Fluminense o que jogou na recente seleção sub-17, será um dos
candidatos à vaga do Roberto
Carlos para a Copa de 2010, que
será na África do Sul.
Arouca já é uma realidade para
o Flu. Não está ainda entre os melhores volantes brasileiros, porém
é o mais promissor em relação à
seleção, para depois da Copa.
Arouca marca bem, tem um bom
passe e avança como um meia.
Muitos vão dizer: "Você vai estragar os garotos com esses elogios". Não é por aí. Todos os grandes craques foram muito elogiados na infância e no início de suas
carreiras e não deixaram de ser
craques. Os que ficaram no meio
do caminho não se tornariam
craques, com ou sem elogios.
Qual é o segredo de Xerém? O
bom trabalho feito nas categorias
de base do Fluminense não é apenas técnico e físico. Há também
ajuda psicológica e uma preocupação com a formação humana
dos garotos.
Péssimo jogo
Palmeiras e São Paulo fizeram
na quarta-feira um péssimo jogo,
com 60 faltas. Os dois times chutavam a bola para a frente e corriam atrás. Não havia troca de
passes. E muitas pessoas ainda
gostaram e disseram que Libertadores é assim mesmo. Confundem
futebol com trombadas.
Diferentemente do São Paulo,
que tem feito belos e eficientes jogos nos últimos tempos, esse tem
sido o futebol do Palmeiras, mesmo nas vitórias com Leão. O time
só vai melhorar quando fizer bem
o básico, que é trocar passes. Há
jogadores para isso.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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